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cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio

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1.4.3 Cultura <strong>do</strong> <strong>consumo</strong>: da tradição ao poder de compra.<br />

Slater (2002) afirma que na sociedade tradicional o <strong>consumo</strong> era regula<strong>do</strong> em relação ao<br />

status <strong>do</strong> indivíduo (e não o oposto, que ocorre na sociedade de <strong>consumo</strong>), que por sua vez<br />

estava liga<strong>do</strong> a sua posição na nobreza e leis suntuárias. Codificadas entre os séculos XIV e<br />

XVI, estas leis regulamentavam a comida (os vea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> rei, por exemplo), roupas (insígnias<br />

das guildas, uniformes e librés) e moradias (casa e mobília), e eram controladas pelo rei e<br />

nobreza, a fim de especificar o que podia ou não ser consumi<strong>do</strong> ou utiliza<strong>do</strong> pelas diversas<br />

classes sociais, manten<strong>do</strong>, assim, status fixos a cada grupo familiar, o que era facilmente<br />

visualiza<strong>do</strong> pela sociedade. (SLATER, 2002, p.72). Segun<strong>do</strong> o autor estas leis foram criadas<br />

para preservar uma sociedade agrária e dificultar a mobilidade social e geográfica e estavam<br />

fundamentadas numa base divina que ditava padrões de status e <strong>consumo</strong>.<br />

“Até o século XIX, era costume as leis serem lidas em púlpitos em todas as igrejas pelo<br />

menos uma vez por ano, tarefa extenuante, pois só as clausulas relativas ao vestuário tinham<br />

mais de cem páginas. (SEKORA, 1977, p.61 apud SLATER, 2002, p.72). Sekora (1977)<br />

afirma que o luxo como peca<strong>do</strong> nessa época era encara<strong>do</strong> não só como <strong>consumo</strong> além <strong>do</strong><br />

necessário, mas como algo que ultrapassa a posição social da pessoa. Slater explica que a<br />

partir <strong>do</strong> século XVII há uma tentativa de ressuscitar a lei em relação ao poder da economia<br />

de merca<strong>do</strong> que já estava permitin<strong>do</strong> as pessoas comprarem bens e até posições sociais. O<br />

fenômeno que se encaixa nesse momento sócio-econômico é o surgimento da burguesia. A<br />

resistência ao crescente poder de compra em detrimento <strong>do</strong> status pela tradição foi tão grande<br />

que gerou na Grã-Bretanha uma discussão acerca da revolução financeira ocorrida entre 1688<br />

e 1756.<br />

A acusação central é de corrupção: ordem social, cargo político, relações sociais,<br />

autoridade, agora são to<strong>do</strong>s regulamenta<strong>do</strong>s pela troca monetária, podem ser<br />

compra<strong>do</strong>s e vendi<strong>do</strong>s e agora não estão enraiza<strong>do</strong>s no solo tradicional, e sim, no<br />

merca<strong>do</strong> impessoal. (SLATER, 2002, p.73).<br />

Slater argumenta que o próprio status torna-se um bem de <strong>consumo</strong> e que a <strong>cultura</strong><br />

passa a ser definida por aquilo que o dinheiro não pode comprar, abrin<strong>do</strong> um debate acerca de<br />

que a <strong>cultura</strong> de <strong>consumo</strong> seria uma forma de não <strong>cultura</strong> ou estaria apartada da alta <strong>cultura</strong>.<br />

Slater (2002) lembra que “<strong>cultura</strong> <strong>do</strong> <strong>consumo</strong>” é um termo contraditório para grande parte <strong>do</strong><br />

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