cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
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que temos de nós próprios como sujeitos integra<strong>do</strong>s. (HALL, 2003, p.9)<br />
Hall explica que esse processo de perda de “senti<strong>do</strong> em si” pode ser chama<strong>do</strong> de<br />
deslocamento <strong>do</strong> sujeito. Sobre o mesmo tema, Slater (2002), afirma que as mudanças<br />
ocorridas a<strong>pós</strong> a década de 1970, como o advento <strong>do</strong> <strong>pós</strong>-fordismo e a aceleração <strong>do</strong> fluxo de<br />
informações, foram acompanhadas de uma intensificação na fragmentação da <strong>identidade</strong>, que,<br />
baseada na <strong>cultura</strong> <strong>do</strong> <strong>consumo</strong>, deixou de ter como eixo a tradição para girar em torno <strong>do</strong><br />
poder de compra. O resulta<strong>do</strong> foi o aban<strong>do</strong>no da estabilidade e a a<strong>do</strong>ção de formas transitórias<br />
de <strong>identidade</strong>, chamadas pelo autor de estilos de vida.<br />
Slater (2002) explica que as regras tradicionais, baseadas em leis suntuárias, antes<br />
garantiam à nobreza os cargos políticos, o status social e econômico. Com a chegada <strong>do</strong><br />
capitalismo, o advento da burguesia e a <strong>modernidade</strong>, essas regras começaram a ser<br />
restringidas, sen<strong>do</strong> totalmente abaladas com a flexibilização <strong>do</strong> capital e o surgimento da <strong>pós</strong>-<br />
<strong>modernidade</strong>, que acabou de desvincular o status social <strong>do</strong> título de nobreza, associan<strong>do</strong>-o ao<br />
poder de compra, haven<strong>do</strong> então constantes negociações da <strong>identidade</strong> social e individual. As<br />
relações sociais, assim como a <strong>cultura</strong> influenciada ou produzida por elas, passaram a ser<br />
fluidas e transitórias. Nesse mun<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> moderno, as estruturas sociais que sustentavam as<br />
<strong>identidade</strong>s agora estão em constante transformação e os indivíduos têm a seu dispor inúmeras<br />
opções de personalidade para utilizar, conforme o ambiente social em que estejam inseri<strong>do</strong>s.<br />
(BAUMANN, 2001)<br />
Para Hall, a crise de <strong>identidade</strong> pressupõe um duplo deslocamento, com a descentração<br />
<strong>do</strong>s indivíduos tanto em relação a seu lugar social e <strong>cultura</strong>l quanto a si mesmos. Ele acredita<br />
ser de imensa importância este fenômeno, a ponto de explicar o momento sócio-histórico<br />
atual. “Esses processos de mudança, toma<strong>do</strong>s em conjunto, representam um processo de<br />
transformação tão fundamental e abrangente que somos compeli<strong>do</strong>s a perguntar se não é a<br />
própria <strong>modernidade</strong> que está sen<strong>do</strong> transformada”. (HALL, 2003, p.10)<br />
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