cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
dele ao descobrir um de seus casos amorosos, ele começa a admitir as transações de corrupção<br />
com as quais estava envolvi<strong>do</strong> na empresa e começa a mudar seus valores tanto relaciona<strong>do</strong>s<br />
ao trabalho quanto à família.<br />
A influência da <strong>cultura</strong> de <strong>consumo</strong> na construção das personagens e no contexto da<br />
trama de Paraíso Tropical é tão relevante que foi um <strong>do</strong>s motivos da escolha da telenovela<br />
para este estu<strong>do</strong> de caso. Desde o local escolhi<strong>do</strong> para a filmagem da maioria das cenas da<br />
novela (o bairro de Copacabana) até a área econômica que é fonte de renda da maioria das<br />
personagens – o turismo – e o próprio eixo temático das relações sociais, familiares e até<br />
político-econômicas da trama, confirmam que Paraíso Tropical tem como um <strong>do</strong>s fatores<br />
preponderantes de discussão a <strong>cultura</strong> de <strong>consumo</strong>. O bairro de Copacabana é apresenta<strong>do</strong> na<br />
trama como o cartão postal da cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro, local onde os turistas encontram<br />
to<strong>do</strong>s os tipos de lazer, inclusive o sexual, e que todas as classes sociais podem conviver.<br />
Sen<strong>do</strong> um bairro onde a principal atividade econômica é o turismo, Copacabana é<br />
aborda<strong>do</strong> em Paraíso Tropical como uma vitrine de estilos de vida, pois as <strong>identidade</strong>s <strong>do</strong>s<br />
indivíduos que ali transitam são baseadas na aparência. Os relacionamentos também são<br />
voláteis e efêmeros. Esta imagem que Copacabana é o local para exercer este tipo de<br />
comportamento é totalmente intencional, tanto que a música de abertura da telenovela<br />
“Sába<strong>do</strong> em Copacabana” (em anexo) relata a história de uma pessoa que trabalha a semana<br />
inteira esperan<strong>do</strong> o dia em que possa encontrar um lugar para passear, jantar e namorar e que<br />
voltará na semana seguinte para conseguir um novo amor. A imagem, portanto, de que o<br />
bairro serve para o lazer, turismo e encontros amorosos é nitidamente reforçada na abertura e<br />
na trilha sonora da trama.<br />
O comportamento das personagens de alicerçar suas vidas na <strong>cultura</strong> de <strong>consumo</strong> pode<br />
ser confirmada na análise <strong>do</strong>s núcleos dramáticos e principais estilos de vida nos subitens<br />
posteriores, mas pode-se dizer que o perfil da maioria das personagens é composto de<br />
socialites, executivos de classe alta e média alta, pessoas de classe média alta que almejam<br />
subir para classe alta ou pessoas de classe média baixa que querem o status de riqueza. Há<br />
também as personagens pobres que, através de relacionamentos amorosos e alguns tipos de<br />
golpes, conseguem por uns dias frequentar a alta sociedade. A discussão, portanto, da<br />
telenovela, está toda alicerçada no status obti<strong>do</strong> através <strong>do</strong> poder de compra, de como obtê-lo<br />
e como mantê-lo. Quem nunca teve o poder de compra ou o perdeu, procura manter as<br />
aparências através de bens materiais rotula<strong>do</strong>s como de luxo – imóveis, roupas de grife e<br />
joias.<br />
Ao estudar o impacto da <strong>cultura</strong> <strong>do</strong> <strong>consumo</strong> na <strong>identidade</strong>, Slater (2002) afirma que a<br />
67