cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
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muito próximo <strong>do</strong> cotidiano, o que consolida os conceitos de Barbero (1997) para as<br />
referências às mediações exercidas pela televisão. A estrutura de produção das novelas é mais<br />
ou menos fixa em cada trama, o que possibilita uma certa fidelidade <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res, que<br />
ficam acostuma<strong>do</strong>s com a fórmula de produção e exibição e passam a criar um hábito de<br />
assisti-las.<br />
3.3 Telenovela e <strong>identidade</strong><br />
Hollanda (2003) estuda a relação entre a telenovela e <strong>identidade</strong> usan<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>s de<br />
Geertz (1989). Para a autora, o gênero tende a promover certa educação sentimental através<br />
de um processo de reconhecimento <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s seus conflitos existenciais nas<br />
experiências das personagens, que se daria através da convivência com as narrativas das<br />
tramas. O resulta<strong>do</strong> desta relação para a <strong>identidade</strong> é que os telespecta<strong>do</strong>res podem rever suas<br />
posições e papéis sociais de acor<strong>do</strong> com os conflitos e dramas vivi<strong>do</strong>s pelas personagens e as<br />
atitudes por elas tomadas. Esta identificação <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res muitas vezes também ocorre<br />
em relação a hábitos de <strong>consumo</strong> e estilos de vida, já que as novelas sugerem soluções de<br />
conflitos de <strong>identidade</strong> muitas vezes através de mudanças ligadas ao poder de compra e status,<br />
como se as alterações na aparência modificassem o esta<strong>do</strong> emocional das personagens.<br />
Hollanda explica que o processo de identificação que ocorre hoje nas telenovelas é<br />
similar ao que acontecia através de contos de fadas e outros tipos de literatura que forneceram<br />
muitas das características narrativas para as tramas, como o paradigma da Cinderela, que será<br />
analisa<strong>do</strong> ainda neste capítulo. Hollanda compara a identificação que a <strong>identidade</strong> sofreria na<br />
exposição à telenovela com a situação vivida na sociedade da alta <strong>modernidade</strong>, ou como<br />
neste trabalho convencionamos intitular, <strong>pós</strong>-<strong>modernidade</strong>.<br />
A novela não é feita por quem a assiste e não é um ritual no qual é preciso atuar. Ela<br />
está inserida no ritmo <strong>do</strong> cotidiano ao mesmo tempo que promete descansar e relaxar<br />
desse mesmo cotidiano, mas trata igualmente de sentimentos.[...].Ademais, a novela<br />
efetua comentários acerca de uma sociedade em processo de<br />
transformação.(HOLLANDA, 2003, p.207)<br />
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