04.06.2013 Views

cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio

cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio

cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Os padrões de comportamento ou as atitudes consideradas legítimas para homens e<br />

mulheres constituem-se nestas construções de gênero da mídia. As novelas<br />

legitimam a figura da mulher batalha<strong>do</strong>ra, associadas às camadas médias e altas <strong>do</strong>s<br />

grandes centros urbanos. Ao la<strong>do</strong> desse aspecto há construção <strong>do</strong> padrão de beleza<br />

e corpo, ideais inatingíveis pela desigualdade social. Na busca <strong>do</strong> corpo ideal, o<br />

<strong>consumo</strong> se generaliza. (ALENCAR, 2004, p. 192)<br />

Para Hollanda (2003), a novela efetua o papel de uma vitrine, que familiariza o<br />

especta<strong>do</strong>r com diversos estilos e modas. Para Cristiane Costa (2000 apud HOLLANDA,<br />

2003), as telenovelas têm algumas características que favorecem a difusão e a a<strong>do</strong>ção de<br />

estilos de vida pelo público, entre eles os temas repeti<strong>do</strong>s e a identificação com narrativas<br />

advindas da literatura, que já foram historicamente sen<strong>do</strong> difundidas há diversas gerações,<br />

fazen<strong>do</strong> parte da tradição oral de algumas sociedades.<br />

Entre as principais características das novelas que facilitam a identificação <strong>do</strong> público<br />

com as personagens estão a dificuldade de realização <strong>do</strong> par romântico heterossexual e uma<br />

revisitação <strong>do</strong> conto de fadas da Cinderela, que na história original é uma menina órfã de pai<br />

que vive como empregada até receber a visita de uma fada madrinha, ten<strong>do</strong> acesso a um baile<br />

no castelo de um príncipe rico graças a um vesti<strong>do</strong> e carruagem de luxo. Esta narrativa<br />

normalmente é atualizada nas novelas comumente através de uma personagem de mulher<br />

batalha<strong>do</strong>ra e pobre que acaba ascenden<strong>do</strong> socialmente pela mudança de <strong>identidade</strong> através da<br />

aparência e da descoberta de uma herança ou formalização de um casamento.<br />

Conjugan<strong>do</strong> as ideias aqui expostas com os conceitos de Williams (1992), que afirma<br />

que as estruturas de sentimento são associadas às formas narrativas, pode-se entender que é<br />

assim que as telenovelas interagem com os telespecta<strong>do</strong>res. Como afirma Hollanda (2003), os<br />

estilos de vida fazem parte <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> através <strong>do</strong> qual os especta<strong>do</strong>res se identificam com os<br />

personagens, enquanto que estes estilos acabam por se incorporar às práticas <strong>cultura</strong>is da<br />

sociedade. É possível concluir, desta forma, que as telenovelas oferecem várias opções de<br />

estilos de vida, basea<strong>do</strong>s comumente na <strong>cultura</strong> <strong>do</strong> <strong>consumo</strong>.<br />

Como as relações sociais nas sociedades urbanas ocidentais na <strong>pós</strong>-<strong>modernidade</strong> estão<br />

basicamente mediadas pelos meios de comunicação, é possível dizer que as telenovelas são<br />

produtos <strong>cultura</strong>is que estão dentro <strong>do</strong> contexto de difusão de padrões de <strong>consumo</strong> pela<br />

midiatização que, segun<strong>do</strong> Sodré (2002), é o processo pelo qual os meios de comunicação,<br />

nas sociedades capitalistas urbanas ocidentais, funcionam como intermediários nas relações<br />

sociais e identitárias e passam a substituir cada vez mais instituições que antes realizavam<br />

esse papel media<strong>do</strong>r, como família, escola e igreja.<br />

61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!