cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
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semelhanças ao melodrama e no folhetim, contan<strong>do</strong> com uma estrutura dramática próxima aos<br />
mitos e outras formas de literatura oral. Para Arbex (1995), a telenovela faz sua comunicação<br />
com o especta<strong>do</strong>r pela identificação deste com a trama. Já Marcondes Filho (1988) faz uma<br />
análise <strong>do</strong> poder das telenovelas diante de seu público:<br />
A telenovela faz parte, <strong>do</strong>mina, preenche o cotidiano das pessoas, e, na maioria <strong>do</strong>s<br />
casos, de forma mais rica, mais densa e emocionante que a própria vida. A<br />
imediaticidade deve-se ao fato de ela estar assim ‘colada’ ao cotidiano de cada um e<br />
substituir um convívio social que por uma série de fatores não se dá mais, mas<br />
principalmente, por entrar para esse convívio através de um componente de<br />
familiaridade. (MARCONDES FILHO, 1988, p.45, apud GOMES, 2007, p.49)<br />
Para Gomes (1998), um <strong>do</strong>s motivos da atração <strong>do</strong> público pelas novelas é que as<br />
tramas têm como objetivo resolver situações de conflito e eliminar a ambigüidade. Segun<strong>do</strong> a<br />
autora, por trás de to<strong>do</strong>s os gêneros narrativos e dramáticos se encontram os dramas sociais e<br />
a telenovela tem a função de colocar o telespecta<strong>do</strong>r na dimensão cotidiana, levan<strong>do</strong>-o a rever<br />
seus próprios papéis sociais. Questionan<strong>do</strong> como um grupo de indivíduos elege um gênero<br />
narrativo para com ele se identificar, Gomes afirma que<br />
<strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>s seus efeitos catárticos, a telenovela realiza aquilo que<br />
chamamos de alocação de responsabilidades, colocan<strong>do</strong>-nos diante <strong>do</strong>s<br />
procedimentos, inclusive lingüísticos, de resolução de conflitos existentes em<br />
nossa sociedade. (GOMES, 1998, p.25-26)<br />
Gomes (1998) explica que as narrativas das telenovelas revelam as experiências que se<br />
identificam com os dramas sociais <strong>do</strong> seu público-alvo. A autora afirma que o espaço que a<br />
telenovela tem na vida social brasileira se deve ao fato de relatar experiências de indivíduos<br />
com <strong>identidade</strong> dividida, que está diante de duas formas de tradição opostas : uma a moderna,<br />
que se apresenta como inevitável e que a telenovela relata apresentan<strong>do</strong> as mudanças sociais;<br />
a outra é a puramente tradicional, que corresponde aos valores que seriam inquestionáveis e<br />
eternos. A autora lembra que estes <strong>do</strong>is sistemas de valores sempre estão presentes nas<br />
telenovelas, a exemplo das tragédias gregas, e que as tramas oferecem soluções como a<br />
vingança ou a relativização <strong>do</strong>s fatos. A autora ressalta que na telenovela, diferente <strong>do</strong> que<br />
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