cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
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Sodré lembra que o conceito de quarto bios tem si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> em ficções escritas e<br />
cinematográficas, como o filme norte-americano O show de Truman, em que o protagonista<br />
vive numa cidade cenográfica sem saber que todas suas atividades cotidianas estão sen<strong>do</strong><br />
filmadas e transmitidas ao vivo pela televisão. Esta cidade imaginária, afirma o autor, é uma<br />
metáfora para o quarto bios. (SODRÉ, 2002)<br />
Debord constrói conceitos diferentes para estudar a mediação <strong>do</strong>s meios de<br />
comunicação, afirman<strong>do</strong> que a maioria das sociedades urbanas regidas pelo sistema capitalista<br />
de produção vive mediada pelo sistema <strong>do</strong> espetáculo. Segun<strong>do</strong> o autor, os indivíduos não<br />
vivenciam mais relações com pessoas, objetos, ideias e instituições, mas passam por essas<br />
experiências através de representações.<br />
Debord explica que o espetáculo pressupõe uma alienação <strong>do</strong> sujeito em relação à<br />
sociedade e a si mesmo, já que os indivíduos se utilizam de representações deles mesmos para<br />
estabelecerem relacionamentos e, portanto, não há interações sociais diretas entre pessoas,<br />
mas entre as imagens pelas quais estas pessoas querem ser reconhecidas. Essas imagens, em<br />
sua maioria, estão fundamentadas na <strong>cultura</strong> da mídia, em padrões de comportamento ideais<br />
exibi<strong>do</strong>s nos meios de comunicação de sucesso, prestígio e <strong>consumo</strong>: “O espetáculo não é um<br />
conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”<br />
(DEBORD, 1997, p.14).<br />
Para Debord, o espetáculo é a afirmação da aparência como fator mais importante de<br />
toda vida humana e este fato é consequência da <strong>do</strong>minação da economia sobre a vida social,<br />
que faz com que os indivíduos passem a valorizar, numa primeira etapa, mais o “ter” que o<br />
“ser”, para depois viverem <strong>do</strong> “parecer”. (DEBORD, 1997, p.18) De acor<strong>do</strong> com o autor, uma<br />
das principais consequências da exposição <strong>do</strong>s indivíduos ao espetáculo é a formação de<br />
estilos de vida, pela assimilação das imagens e padrões de <strong>consumo</strong> da mídia. Associan<strong>do</strong> o<br />
conceito de espetáculo com o <strong>do</strong>s meios de comunicação de massa, Debord afirma que os<br />
últimos não podem ser confundi<strong>do</strong>s com o primeiro, pois a mídia é uma instrumentação<br />
utilizada pela sociedade <strong>do</strong> espetáculo e não o fenômeno espetacular em si.<br />
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