ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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CAPÍTULO II<br />
ECOLOGIA DE ONÇAS E SUAS PRESAS<br />
INTRODUÇÃO<br />
Pre<strong>da</strong>dores influenciam na distribuição e abundância de suas presas e vice-versa e<br />
esses efeitos são de importância central na <strong>ecologia</strong> (Begon et al., 1996), pois influenciam na<br />
diversi<strong>da</strong>de e comportamento <strong>da</strong>s espécies-presas, podendo alterar, em efeito cascata, to<strong>da</strong> a<br />
estrutura de uma comuni<strong>da</strong>de biológica (Greene, 1988; Terborgh et al., 1999). As evidências<br />
para esse tipo de relação são explora<strong>da</strong>s através <strong>da</strong>s teorias sobre os sentidos dos seus<br />
processos, se “de baixo para cima” ou de “cima para baixo” (Matson & Hunter, 1992). Para<br />
testar experimentalmente o sentido do processo seria necessário retirar a guil<strong>da</strong> de pre<strong>da</strong>dores<br />
de uma área e observar se as populações de presas aumentam significativamente. No caso de<br />
aumentar, estaria revelando que o processo era controlado de cima (pre<strong>da</strong>dor) para baixo<br />
(presa). Ou seja, a produtivi<strong>da</strong>de (alimento para as presas) do ambiente não era o fator que<br />
regulava o tamanho <strong>da</strong>s suas populações. Da mesma forma, se a retira<strong>da</strong> dos pre<strong>da</strong>dores não<br />
resultar em crescimento populacional de espécies presas isso implicaria num processo de<br />
baixo (alimento <strong>da</strong> presa) para cima (pre<strong>da</strong>dor). Terborgh et al. (1999) oferecem uma ampla<br />
discussão com exemplos sobre esses processos.<br />
Miller e Rabinowitz (2002) discutem a importância <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> (Panthera onca),<br />
nos ecossistemas onde ocorre, sugerindo que seja uma espécie-chave para o equilíbrio <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong>des animais e vegetais, desempenhando a função de controlá-las nos processos<br />
ecológicos de “cima para baixo”. Berger e Wehausen (1991) expõem exemplos de<br />
desequilíbrio <strong>da</strong>s relações presa-pre<strong>da</strong>dor onde a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> (Puma concolor) desempenharia<br />
papel chave neste processo.<br />
Há evidências claras de que as relações presa-pre<strong>da</strong>dor alteram não só o tamanho <strong>da</strong>s<br />
populações de presas como também o comportamento e relações intra-específicas dos<br />
pre<strong>da</strong>dores. Por exemplo, a distribuição de presas de leões (Panthera leo) numa região semiári<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Namíbia forçou uma mu<strong>da</strong>nça de comportamento de caça <strong>da</strong> espécie, onde<br />
indivíduos se associavam com maior freqüência para aumentar o sucesso de captura de suas<br />
presas (Stander et al., 1993). Seidensticker e McDougal (1993) observaram que a utilização<br />
de áreas com alta abundância de presas por tigres (Panthera tigris) na Índia alterava as<br />
relações inter-específicas dos indivíduos e suas habili<strong>da</strong>des de localizar as presas. Vários