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ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros

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todos os grandes pre<strong>da</strong>dores eram caçados indiscrimina<strong>da</strong>mente, seja por esporte ou por<br />

retaliação a prejuízos que causavam sobre rebanhos domésticos. No Pantanal, por exemplo, a<br />

tradição de caçar <strong>onça</strong>s vem desde a sua colonização, onde funcionários eram contratados<br />

exclusivamente para eliminar o pre<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de como justificativa de proteção<br />

preventiva de seus rebanhos. A caça à <strong>onça</strong>, pode ter também uma conotação cultural forte<br />

nesta região, onde o homem que abate um animal de tamanha força é tido como pessoa<br />

máscula e corajosa, embora, eventualmente, caça<strong>da</strong>s a <strong>onça</strong>s fossem utiliza<strong>da</strong>s como forma de<br />

lazer pelos pantaneiros e como esporte por caçadores de fora do Pantanal (Schaller, 1980;<br />

Almei<strong>da</strong>, 1990). Histórias de caça<strong>da</strong> de <strong>onça</strong>s no Pantanal sempre envolvem emocionados<br />

relatos de bravura e riscos (Almei<strong>da</strong>, 1990). Isso colabora para entusiasmar novos caçadores,<br />

ao mesmo tempo em que colabora com um aumento <strong>da</strong> mística sobre a espécie, inclusive a de<br />

que pode ser uma ameaça a humanos, influenciando negativamente os programas de<br />

<strong>conservação</strong> <strong>da</strong> espécie. Por exemplo, Conforti e Azevedo (2003) registraram que 52% dos<br />

moradores do entorno do Parque Nacional do Iguaçu acreditavam que <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s<br />

apresentavam riscos para a vi<strong>da</strong> humana, apesar de, segundo Almei<strong>da</strong> (1990) não haver<br />

relatos de ataques não provocados. Já na região do Cerrado, a caça de <strong>onça</strong>s sempre foi mais<br />

discreta do que no Pantanal, animais são abatidos mais especificamente em retaliação a<br />

pre<strong>da</strong>ção sobre rebanhos domésticos. Considerando que a percepção humana em relação a<br />

presença de <strong>onça</strong>s difere regionalmente, é importante que se conheça, anteriormente, o<br />

histórico <strong>da</strong> relação homem - pre<strong>da</strong>dor em ca<strong>da</strong> região para mol<strong>da</strong>r ações de <strong>conservação</strong><br />

envolvendo a comuni<strong>da</strong>de local.<br />

PREDADORES NO ENTORNO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO<br />

O ataque de grandes pre<strong>da</strong>dores sobre rebanhos domésticos de proprie<strong>da</strong>des no<br />

entorno de Uni<strong>da</strong>des de Conservação é um problema em qualquer lugar do mundo onde estes<br />

ocorrem, como por exemplo: leopardo <strong>da</strong>s neves (Uncia uncia; Mishra, 1997; Jackson &<br />

Wangchuck, 2001), lobo (Canis lupus) na Índia (Mishra, 1997); leopardo (Panthera pardus)<br />

na África (Butler, 2000); <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> no Brasil (Conforti & Azevedo, 2003). Woodroffe e<br />

Ginsberg (1998) investigaram 22 estudos com grande carnívoros em áreas protegi<strong>da</strong>s e<br />

verificaram que 74% de 635 mortes registra<strong>da</strong>s foram causa<strong>da</strong>s por humanos. Esses autores<br />

concluem que o efeito negativo nas populações “protegi<strong>da</strong>s”, causado por abates de<br />

pre<strong>da</strong>dores no entorno de uni<strong>da</strong>des de <strong>conservação</strong>, é mais impactante do que eventos<br />

estocásticos naturais.

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