ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
189<br />
CAPÍTULO IV<br />
CONSERVAÇÃO DA ONÇA-PINTADA E ONÇA-<br />
PARDA NO CERRADO E PANTANAL<br />
INTRODUÇÃO<br />
O Cerrado ocupa 25% do território brasileiro e é o segundo maior bioma em extensão do<br />
país. Ao contrário <strong>da</strong> Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Sistemas Costeiros, o Cerrado não<br />
possui status de Patrimônio Nacional na Constituição Brasileira. Ao contrário, o bioma<br />
acumulou programas de incentivos agropecuários para a conversão de sua área em produção,<br />
o que vêm comprometendo, numa escala galopante, a sua integri<strong>da</strong>de (Mueller, 1995; WWF,<br />
1995), a tal ponto que em 2002 o Cerrado integrou a lista dos 25 ecossistemas mais<br />
ameaçados do mundo, conhecidos como hotspots (Mittermeier et al., 1999).<br />
Estima-se que as ativi<strong>da</strong>des agropecuárias, industriais e de infra-estrutura no Cerrado<br />
já consumiram 65% de sua vegetação nativa (Mantovani & Pereira, 1998), o que reflete<br />
diretamente na redução <strong>da</strong>s populações de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s neste bioma. As<br />
ameaças à sobrevivência destas espécies no Cerrado e Pantanal são ain<strong>da</strong> maiores quando se<br />
verifica que as 112 uni<strong>da</strong>des de <strong>conservação</strong> de uso indireto desses ecossistemas (Parques<br />
Nacionais, Reservas Biológicas, etc.) não ultrapassam 2,7% de sua área total. Além disso, se<br />
isola<strong>da</strong>s, nenhuma dessas uni<strong>da</strong>des é grande o suficiente para garantir a sobrevivência, em<br />
longo prazo, de populações geneticamente viáveis (> 650 indivíduos, Eizirik et al., 2002;<br />
Silveira & Jácomo, 2002). O Pantanal, por sua vez, encontra-se em melhor situação. Seu uso<br />
antrópico de forma intensiva é dificultado, quando não inviável, em decorrência de seu regime<br />
sazonal de cheias. Por isto, hoje, apresenta a maior continui<strong>da</strong>de de hábitats para <strong>onça</strong>spinta<strong>da</strong>s<br />
e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s fora <strong>da</strong> Amazônia. Esta extensão e integri<strong>da</strong>de de hábitats, associa<strong>da</strong>s<br />
a uma baixa densi<strong>da</strong>de humana, o inclui como uma <strong>da</strong>s últimas regiões selvagens do planeta<br />
(Wilderness Areas, Mittermeier et al., 2003).<br />
A fragmentação de hábitats é hoje uma <strong>da</strong>s maiores ameaças à diversi<strong>da</strong>de biológica no<br />
planeta, tanto pela redução dos ambientes naturais, como pela divisão dos hábitats e populações<br />
remanescentes em fragmentos menores e isolados (Meffe & Carroll, 1997; Soulé & Kohm, 1989,<br />
Wilcox & Murphy, 1985). Em paisagens fragmenta<strong>da</strong>s, espécies de hábitos solitários como as