ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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As fêmeas de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s deveriam ser a referência mais correta para se avaliar a<br />
área de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> espécie. Afinal, o tamanho de sua área deve ser o mais próximo <strong>da</strong> área de<br />
vi<strong>da</strong> “metabólica” do indivíduo que, por sua vez, está diretamente relacionado à sua massa<br />
corporal (Sandell, 1989). Mizutani & Jewell (1998) observaram essa relação para fêmeas de<br />
leopardo. Como o leopardo, a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> não é uma espécie cooperativa, portanto o sucesso<br />
reprodutivo <strong>da</strong>s fêmeas está diretamente correlacionado com a quanti<strong>da</strong>de de energia que ela<br />
consegue alocar para a reprodução (Sandell, 1989). Por sua vez, essa quanti<strong>da</strong>de depende <strong>da</strong><br />
disponibili<strong>da</strong>de de recurso alimentar durante o período de criação dos filhotes. Desta forma, o<br />
alimento é o recurso mais importante para as fêmeas, que devem seguir comportamentos que<br />
maximizem suas chances de assegurar recurso alimentar para a sua reprodução e<br />
sobrevivência (Erlinge & Sandell, 1986; Sandell, 1989). Já para os machos, o que<br />
determinaria o tamanho de suas áreas de vi<strong>da</strong> seria, além do recurso alimentar, o recurso<br />
reprodutivo (fêmeas). Sendo assim, a organização espacial de machos estaria diretamente<br />
relaciona<strong>da</strong> à distribuição de fêmeas de uma determina<strong>da</strong> área e suas áreas de vi<strong>da</strong> seriam<br />
maiores do que o esperado com base em suas necessi<strong>da</strong>des energéticas (Sandell, 1989;<br />
Mizutani & Jewell, 1998). Aparentemente, essas hipóteses podem ser confirma<strong>da</strong>s com base<br />
no tamanho <strong>da</strong>s áreas de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s do Parque <strong>da</strong>s Emas, onde ambos os machos<br />
adultos monitorados sobrepuseram suas áreas de vi<strong>da</strong> com a <strong>da</strong> fêmea com os seus filhotes e<br />
mais seis animais adultos, posteriormente detectados através de armadilhas fotográficas.<br />
Apesar de as áreas de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s #221 e #243, um macho e uma fêmea<br />
jovens, terem se estabilizado após 100% <strong>da</strong>s localizações, é importante observar que se trata<br />
de animais jovens que ain<strong>da</strong> estavam acompanhando sua mãe. Desta forma, a estabilização<br />
de suas áreas provavelmente reflete o território bem definido de sua mãe. Já os outros dois<br />
animais monitorados, ambos machos adultos com i<strong>da</strong>des aproxima<strong>da</strong>s de quatro e oito anos,<br />
tiveram maior tempo de monitoramento (> 36 meses), e atingiram uma assíntota em suas<br />
medi<strong>da</strong>s de áreas de vi<strong>da</strong> apesar de instabili<strong>da</strong>des territoriais, provoca<strong>da</strong>s por aspectos<br />
comportamentais ou ecológicos, tais como, situação reprodutiva, distribuição e abundância<br />
de presas.<br />
Como resultados de amostragens com armadilhas fotográficas mais tarde revelaram<br />
que pelo menos outros seis animais sobrepunham suas áreas de vi<strong>da</strong> nesta área do Parque, é<br />
possível que devido à disputa por fêmeas e uma relativa alta densi<strong>da</strong>de de <strong>onça</strong>s na área de<br />
estudo, estes animais poderiam estar respondendo a interações com outros machos e fêmeas,<br />
utilizando de forma irregular as áreas do Parque. Por exemplo, ambos os machos utilizaram,<br />
esporadicamente, áreas ao extremo sul do Parque, a mais de 40 km de sua área de vi<strong>da</strong>