ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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Para a região do Parque Nacional <strong>da</strong>s Emas existem projeta<strong>da</strong>s sete hidrelétricas para<br />
o Rio Corrente e uma para o rio Araguaia (Couto Magalhães). Se o projeto <strong>da</strong> hidrelétrica de<br />
Itumirim, no Rio Corrente, cujo lago do reservatório ficaria a menos de 60 quilômetros do<br />
PNE, for executado, provocaria <strong>da</strong>nos irreversíveis à fauna do Parque, principalmente<br />
àquelas espécies cujos hábitats são restritos às margens dos rios como o macaco guariba,<br />
cervo-do-pantanal, capivara e <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s. A importância dos corredores de dispersão,<br />
formados anteriormente pelos rios Formoso e Jacuba, e posteriormente unificados formando<br />
o rio Corrente, para a manutenção do fluxo gênico dessas espécies é ain<strong>da</strong> maior quando se<br />
considera que esta é a última conexão natural ao longo de cursos d’água entre o Parque e<br />
áreas adjacentes.<br />
Sana e Crawshaw (1999) avaliaram o impacto <strong>da</strong> Usina Hidrelétrica de Porto<br />
Primavera sobre a população remanescente local de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s. O reservatório formado<br />
desta usina eliminou a última planície de inun<strong>da</strong>ção em estado primitivo do Rio Paraná, nos<br />
limites do Mato Grosso do Sul e São Paulo. Com a per<strong>da</strong> de seus hábitats típicos, em<br />
decorrência <strong>da</strong> inun<strong>da</strong>ção, as <strong>onça</strong>s dessa região se deslocaram para áreas antropiza<strong>da</strong>s e<br />
terminaram abati<strong>da</strong>s, em retaliação à pre<strong>da</strong>ção sobre rebanhos domésticos, ou tiveram que<br />
ser removi<strong>da</strong>s para zoológicos, por não terem hábitats nem presas naturais que permitissem<br />
sua sobrevivência. Portanto, como previu Crawshaw (1995), a população local de <strong>onça</strong>pinta<strong>da</strong><br />
foi localmente extinta, sem possibili<strong>da</strong>des de recolonização devido à per<strong>da</strong><br />
irreversível de seus hábitats naturais. Atualmente, o potencial corredor natural de dispersão<br />
que existia entre a população de <strong>onça</strong>s do Parque Estadual do Morro do Diabo e do Parque<br />
Nacional de Ilha Grande é interrompido pelo reservatório <strong>da</strong> Usina de Porto Primavera,<br />
tornando irreversível a extinção em médio prazo <strong>da</strong> espécie naquela região, caso o manejo<br />
de indivíduos não seja realizado artificialmente.<br />
CONSERVAÇÃO DAS ONÇAS-PINTADAS E ONÇAS-PARDAS<br />
Swank e Teer (1989) estimaram que até 1987 as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s já teriam sido<br />
elimina<strong>da</strong>s em 38% de suas áreas de distribuição geográfica original na América do Sul.<br />
Mais recentemente, Sanderson et al. (2002) compilaram informações mais atualiza<strong>da</strong>s e<br />
diagnosticaram que a espécie já sofreu um decréscimo de 46% em sua área de distribuição<br />
total.<br />
Se considerarmos que o Pantanal e o Cerrado juntos possuem menos de 3% de suas<br />
áreas protegi<strong>da</strong>s em Uni<strong>da</strong>des de Conservação, isso pode significar que, se estratégias em<br />
escalas regionais não forem estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s e aplica<strong>da</strong>s, as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s nestes