ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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deve estar refletindo a movimentação dos indivíduos nos fragmentos de florestas do entorno<br />
do PNE. Considerando que o habitat natural de campo sujo fôra convertido em áreas de<br />
lavouras e pastagens na região do entorno do Parque, as <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s são limita<strong>da</strong>s ao uso de<br />
florestas ao longo de cursos d’água ou fragmentos de reserva legal <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des rurais.<br />
Essa paisagem com o desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des agropecuárias altera a disponibili<strong>da</strong>de de<br />
hábitats naturais para a espécie, alterando também os padrões de utilização do hábitat.<br />
Comparativamente, <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s monitora<strong>da</strong>s por rádio-telemetria apresentaram<br />
maiores índices de uso de ambientes fechados, floresta e cerrado do que <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s.<br />
Ain<strong>da</strong> que esses padrões de uso do hábitat possam estar sendo pressionados pelas alterações<br />
promovi<strong>da</strong>s pelas ativi<strong>da</strong>des humanas na região, eles ain<strong>da</strong> refletem uma maior sensibili<strong>da</strong>de<br />
e rejeição <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> a ambientes alterados como os de lavoura e pecuária. A <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong><br />
demonstra um comportamento muito mais plástico, apresentando os mesmos elevados índices<br />
de uso de cerrado e pastagens e, ain<strong>da</strong>, de lavouras. A <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> simplesmente não utilizou<br />
esses dois últimos hábitats.<br />
As <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s são os maiores pre<strong>da</strong>dores terrestres <strong>da</strong> América do<br />
Sul. Geralmente a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> tem o dobro de peso de uma <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> e consegue abater<br />
presas com o dobro do peso de presas de uma <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>. No entanto, ao longo dos biomas<br />
distintos onde ocorrem em simpatria, elas sobrepõem seus hábitos alimentares (Rabinowitz,<br />
1986; Aran<strong>da</strong> & Sánchez-Cordero, 1996; Taber et al., 1997; Tabela 26).<br />
A <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> é uma espécie versátil quanto a presas, consumindo as espécies de<br />
médio-grande porte com maior abundância. Ao longo de sua distribuição <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s se<br />
alimentam de 85 espécies diferentes de presas (Seymour, 1989). Porém, quando ocorrem em<br />
simpatria, como é o caso do PNE, os nichos alimentares tendem a se segregar.