ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
85<br />
esperar que suas necessi<strong>da</strong>des energéticas sejam refleti<strong>da</strong>s no tamanho de suas áreas<br />
(Mizutani & Jewell, 1998).<br />
As áreas de vi<strong>da</strong> de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s na região do Parque Nacional <strong>da</strong>s<br />
Emas devem estar sendo mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s conforme a oferta de recursos alimentares (distribuição e<br />
abundância de presas), habitats e comportamentos inter-específicos (sociali<strong>da</strong>de). Aliás, em<br />
decorrência do isolamento geográfico em que o Parque <strong>da</strong>s Emas se encontra, é possível que<br />
a falta de ambientes para a dispersão de indivíduos novos acarrete uma dinâmica de áreas de<br />
vi<strong>da</strong> atípica para a espécie.<br />
Pre<strong>da</strong>dores de topo de teia alimentar como as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s devem<br />
adquirir energia suficiente para manterem suas massas corporais, caçar, desenvolver<br />
comportamentos inter-específicos, reproduzir, criar filhotes e patrulhar território, o que os<br />
obrigam a viver em relativas baixas densi<strong>da</strong>des (Sandell, 1989; Logan & Sweanor, 2001).<br />
Se compararmos a densi<strong>da</strong>de de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s, utilizando o menor número de<br />
indivíduos identificados (n=10), com outras locali<strong>da</strong>des, os resultados obtidos no Parque <strong>da</strong>s<br />
Emas estariam bem abaixo dos valores esperados para ambientes abertos como o Pantanal.<br />
No entanto, utilizando o número total de animais “potencialmente” diferentes (n=22) a<br />
densi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> espécie apresentaria valores próximos aos obtidos para o Pantanal (Crawshaw<br />
& Quigley, 1984) e florestas secas do México (Nunez et al., 2002). Já, para a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>, a<br />
densi<strong>da</strong>de geral observa<strong>da</strong>, se aproxima <strong>da</strong> média espera<strong>da</strong> para a espécie, principalmente<br />
considerando que devido ao método utilizado, este representa uma sub-estimativa.<br />
Comparativamente, no Parque <strong>da</strong>s Emas, a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> é três vezes mais abun<strong>da</strong>nte do<br />
que a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>. Essa relação 3/1 se mantém independentemente de se utilizar os <strong>da</strong>dos<br />
mais conservadores (n = 31 <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>s; n = 10 <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s), ou os totais (n = 59 <strong>onça</strong>spar<strong>da</strong>s;<br />
n = 22 <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s). Apenas Nunez et al. (2002), nas florestas secas do Mexico e<br />
Schaller (1976), no Pantanal, oferecem <strong>da</strong>dos comparativos de densi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s duas espécies.<br />
Apesar de esses dois estudos apresentarem resultados opostos, é possível interpretá-los de<br />
acordo com os seus hábitats. Em áreas baixas do Pantanal, onde o hábitat é mais favorável à<br />
<strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>, essa se torna mais abun<strong>da</strong>nte do que <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> (Schaller, 1976; Almei<strong>da</strong>,<br />
1990; Leandro Silveira, <strong>da</strong>dos não publicados). Em áreas de hábitats mais secos, como no<br />
caso do Parque <strong>da</strong>s Emas, onde a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> se a<strong>da</strong>pta bem, essa passa a ser mais abun<strong>da</strong>nte<br />
do que a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> (Nunez et al., 2002; Polisar et al., 2003). A distribuição de hábitats<br />
preferênciais para <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s está limita<strong>da</strong> a aproxima<strong>da</strong>mente um terço do Parque <strong>da</strong>s<br />
Emas, enquanto que para a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>, aparentemente, não há restrições de uso de áreas. Isso