ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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<strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s, que dependem de grandes áreas para sobreviver, muitas vezes<br />
estão distribuí<strong>da</strong>s em pequenas sub-populações. Essas, por sua vez, dependeriam de estar<br />
organiza<strong>da</strong>s como metapopulações, onde sua sobrevivência estaria relaciona<strong>da</strong> à eficiência de<br />
movimentação de indivíduos entre as sub-populações (Sweanor et al., 2002). No entanto, na<br />
maioria <strong>da</strong>s vezes, em decorrência <strong>da</strong> falta de conectivi<strong>da</strong>de natural entre as UC’s ou manchas de<br />
hábitats que as espécies possam utilizar como “trampolins ecológicos” (step stones), essas<br />
movimentações em longas distâncias se tornam praticamente impossíveis (Meffe & Carroll,<br />
1997).<br />
Além <strong>da</strong> ameaça pela per<strong>da</strong> crescente de hábitats, os grandes pre<strong>da</strong>dores, de uma<br />
forma geral, ain<strong>da</strong> sofrem uma relação de admiração e repulsa por parte <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des em<br />
todo mundo. Em um momento são adorados e viram símbolos de poder e respeito e, em outro,<br />
são exterminados como competidores ou pestes (Schaller, 1996; Weber & Rabinowitz, 1996;<br />
Redford & Robinson, 2002). A <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> é muitas vezes utiliza<strong>da</strong> em campanhas<br />
publicitárias como animal símbolo de <strong>conservação</strong>, ou atrativo para eco-turismo, porém ain<strong>da</strong><br />
é abati<strong>da</strong> ilegalmente, sem pie<strong>da</strong>de, quando ataca rebanhos domésticos ou simplesmente, por<br />
significar um troféu (Schaller, 1980; Miller & Rabinowitz, 2002; Conforti & Azevedo, 2003).<br />
O homem compete diretamente com a espécie através <strong>da</strong> caça pre<strong>da</strong>tória de suas principais<br />
presas, aumentando ain<strong>da</strong> mais a ameaça à sua persistência (Redford, 1992; Jorgenson &<br />
Redford, 1993). Isto aju<strong>da</strong> a explicar porque as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s vêm sendo<br />
lista<strong>da</strong>s como espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção no Brasil (IBAMA/MMA, 2003).<br />
Por causa de suas exigências ecológicas, como grandes áreas de vi<strong>da</strong> com boa<br />
quali<strong>da</strong>de ambiental, os grandes carnívoros, como as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s, se<br />
encaixam no perfil de espécies “guar<strong>da</strong>-chuva”, ou seja, seus requerimentos ecológicos<br />
contemplam as necessi<strong>da</strong>des do restante <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des que dividem o mesmo espaço<br />
(Terborgh et al., 1988; Terborgh et al., 1999; Carroll et al., 2001; Miller & Rabinowitz,<br />
2002). Sendo assim, servem como referências para diagnosticar a quali<strong>da</strong>de de ecossistemas<br />
em escalas regionais (Clark, 1996; Schoneald-Cox et al., 1991; Carroll et al., 2001). Esses<br />
pre<strong>da</strong>dores regulam diretamente as populações de presas que podem produzir respostas diretas<br />
sobre as espécies <strong>da</strong> fauna e flora associa<strong>da</strong>s. Desta forma, as <strong>onça</strong>s podem influenciar<br />
diretamente algumas espécies presas e, indiretamente, to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de onde ocorrem<br />
(Maehr, 1990; Miller & Rabinowitz, 2002; Redford, 1992). Por exemplo, Emmons (1987)<br />
sugere que a ausência de grandes pre<strong>da</strong>dores resulte em densi<strong>da</strong>des menos homogêneas de<br />
espécies-presas como o queixa<strong>da</strong> e a cutia, que desempenham processos ecológicos chaves na