ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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possuem uma visão a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> tanto para a vi<strong>da</strong> noturna como diurna (Kitchener, 1991). Essa<br />
flexibili<strong>da</strong>de para forragear em diferentes períodos permite que essas espécies se a<strong>da</strong>ptem<br />
mais facilmente às variações de ativi<strong>da</strong>de de suas principais presas e também <strong>da</strong><br />
movimentação e ativi<strong>da</strong>de humana ao longo de suas áreas de distribuição.<br />
O uso de hábitats por <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s, determinado pelo acúmulo de registros<br />
fotográficos <strong>da</strong> espécie nas quatro regiões amostra<strong>da</strong>s, indicou uma freqüência de ocorrência<br />
pouco espera<strong>da</strong> para a espécie, ou seja, uma forte associação desta espécie com hábitats<br />
florestais. No presente estudo, as formações abertas foram mais utiliza<strong>da</strong>s: campo sujo e<br />
cerrado, seguidos pela floresta. No entanto, quando analisados os índices de preferência de<br />
hábitats, que levam em conta a freqüência de uso em relação à disponibili<strong>da</strong>de do hábitat,<br />
usando <strong>da</strong>dos de radio-telemetria no PNE, foi observa<strong>da</strong> uma alternância de uso dos<br />
ambientes, onde o cerrado e floresta passaram a ser os preferidos, seguidos <strong>da</strong>s formações<br />
mais abertas de campo sujo. Considerando que a maior parte do PNE é composto por campos<br />
sujos, a preferência por cerrado e floresta passa a ser uma indicação clara de que a espécie<br />
realmente mostra uma tem preferência por ambientes mais fechados, conforme detectado em<br />
outros estudos (Crawshaw & Quigley, 1991; Nunez et al., 2002). Desta forma, é possível que<br />
a alta freqüência de ocorrência <strong>da</strong> espécie em habitat de campo sujo, detecta<strong>da</strong> através de<br />
amostragens de armadilhas fotográficas, possa estar apenas refletindo esforços de amostragem<br />
associados à disponibili<strong>da</strong>de de hábitats <strong>da</strong>s diferentes regiões estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Crawshaw e Quigley (1991) observaram que as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s, no Pantanal, tinham<br />
maior preferência por habitat de mata. Mondolfi e Hoogesteijn (1986) fizeram observação<br />
semelhante para a espécie nos Lhanos <strong>da</strong> Venezuela. Ao contrário do que ocorreu com a<br />
<strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>, nas quatro regiões amostra<strong>da</strong>s, a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> apresentou maior freqüência de<br />
registros fotográficos para os hábitats de cerrado, seguido por campo sujo e floresta. Já os<br />
índices de preferência de hábitat obtidos pela rádio-telemetria no PNE indicaram maior uso <strong>da</strong><br />
floresta, segui<strong>da</strong> pelo cerrado, e incluindo as áreas sob forte influência antrópica de pastagens<br />
e agricultura. Da mesma forma que para a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>, esses <strong>da</strong>dos requerem uma<br />
interpretação complementar. A alta freqüência de registros fotográficos de <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s no<br />
habitat de cerrado, seguido de campo sujo, pode estar refletindo os esforços de amostragem<br />
despendidos na região do Corredor Cerrado-Pantanal, onde esses hábitats e a espécie são mais<br />
abun<strong>da</strong>ntes e a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> foi ausente. Os esforços de amostragem nas áreas de campo sujo,<br />
predominante no Parque <strong>da</strong>s Emas, onde a espécie também é abun<strong>da</strong>nte, podem ter<br />
contribuído para essa maior ocorrência nesse hábitat. Porém, quando se analisa os <strong>da</strong>dos de<br />
radio-telemetria para o PNE, se inverte a preferência de hábitats. A preferência pela floresta