ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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al., 2002). Através desta estratégia se poderá priorizar áreas para o investimento dos<br />
escassos recursos disponíveis para a <strong>conservação</strong>.<br />
Considerando a distribuição atual <strong>da</strong>s <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s no Cerrado e<br />
Pantanal, é necessário que um modelo eco-regional de manejo e <strong>conservação</strong> para essas<br />
espécies sejam implementados o quanto antes possível. Vários corredores naturais entre<br />
UC’s ain<strong>da</strong> estão em relativo bom estado de preservação. Mantê-los protegidos para<br />
preservar as populações será muito menos dispendioso do que restaurá-los no futuro (Smith,<br />
1999).<br />
Preservar grandes pre<strong>da</strong>dores, como as <strong>onça</strong>s, fora de áreas protegi<strong>da</strong>s não implica<br />
apenas em manter hábitats e presas naturais, mas também resolver conflitos entre esses<br />
pre<strong>da</strong>dores e pecuaristas. Woodroffe (2000) encontrou uma relação positiva entre declínio<br />
de populações de grandes pre<strong>da</strong>dores e densi<strong>da</strong>de humana no mundo, prevendo um futuro<br />
pessimista para muitas espécies. No entanto, Linnell et al. (2001) reavalia a situação com<br />
<strong>da</strong>dos mais atualizados para a América do Norte e Europa e observa que onde houve a<br />
execução efetiva de programas de manejo e <strong>conservação</strong> para os pre<strong>da</strong>dores as suas<br />
populações se recuperaram.<br />
Portanto, considerando que 98% <strong>da</strong>s áreas de distribuição <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> e <strong>onça</strong>par<strong>da</strong><br />
no Cerrado e Pantanal estão em terras priva<strong>da</strong>s, é necessário que as estratégias de<br />
<strong>conservação</strong> e manejo para estas espécies sejam desenvolvi<strong>da</strong>s em conjunto e em comum<br />
acordo com proprietários rurais. Seja através de compensações tributárias por não converter<br />
ambientes estratégicos paras as espécies (como corredores naturais), de compensação por<br />
per<strong>da</strong>s de rebanhos domésticos provenientes <strong>da</strong> pre<strong>da</strong>ção, ou mesmo de incentivos fiscais e<br />
de financiamentos a juros subsidiados para aqueles que se dispõem a manejar suas<br />
proprie<strong>da</strong>des de forma sustentável e ecologicamente correta. Por mais que essas ações<br />
pareçam “obrigações”, aos olhos de quem não é proprietário de terras, elas não as são<br />
necessariamente pois o direito de proprie<strong>da</strong>de e de seu usufruto não obrigatoriamente<br />
contemplam as necessi<strong>da</strong>des de <strong>conservação</strong>, na escala espacial necessária para pre<strong>da</strong>dores<br />
do porte de uma <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> ou uma <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>. Portanto, se esses pre<strong>da</strong>dores dependem<br />
<strong>da</strong>s terras priva<strong>da</strong>s para manter populações geneticamente viáveis sem a interferência de<br />
manejo humano, é necessário que estratégias de <strong>conservação</strong> do sistema de Uni<strong>da</strong>des de<br />
Conservação do governo brasileiro também envolvam o entorno e as conexões naturais entre<br />
as UC’s, extrapolando suas atuações para uma escala regional ou ecossistêmica.