ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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CAPÍTULO III<br />
ONÇAS E FAZENDAS DE GADO: A COEXISTÊNCIA É<br />
POSSÍVEL?<br />
INTRODUÇÃO<br />
Em qualquer lugar do mundo, onde grandes pre<strong>da</strong>dores ocorrem próximos a áreas de<br />
produção animal existem conflitos, e praticamente sempre a retaliação aos prejuízos causados<br />
pela pre<strong>da</strong>ção vem na forma de sua eliminação. Esta é uma prática que quase nunca segue<br />
critérios científicos de controle e pode levar à erradicação ou mesmo à extinção de populações<br />
de pre<strong>da</strong>dores. Por exemplo, o leão (Panthera leo), a hiena pinta<strong>da</strong> (Crocuta crocruta), o tigre<br />
(Panthera tigris), o cachorro-selvagem africano (Lycaon pictus), a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> <strong>da</strong> Flori<strong>da</strong><br />
(Puma concolor coryi) e o lobo americano (Canis lupus) foram quase extintos ou tiveram<br />
reduções drásticas de suas áreas de ocorrência históricas, estando hoje confinados a reservas<br />
ou a áreas protegi<strong>da</strong>s (Fergus, 1991; Seidensticker et al., 1999; Smith et al., 1999;<br />
Rasmussen, 1999; Mizutami, 1999).<br />
Em muitos países, programas de controle de animais considerados “problemas” são<br />
executados por órgãos ambientais oficiais na tentativa de minimizar ou eliminar a pre<strong>da</strong>ção.<br />
No entanto, entender a dinâmica <strong>da</strong> pre<strong>da</strong>ção, bem como aplicar e medir a eficiência dos<br />
programas de manejo, ain<strong>da</strong> são desafios difíceis de serem alcançados (Presnall, 1948;<br />
Veeramani et al., 1961; Cozza et al., 1996; Allen & Sparkes, 2001).<br />
O impacto <strong>da</strong> pre<strong>da</strong>ção de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s sobre rebanhos domésticos<br />
vem sendo documentado e quantificado ao longo de suas áreas de distribuição e a retaliação<br />
sobre animais “depre<strong>da</strong>dores” tem sido destaca<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s principais ameaças à<br />
<strong>conservação</strong> dessas espécies (Schaller, 1980; Hoogesteijn et al., 1993; Silveira & Jácomo,<br />
2002; Sanderson et al., 2002; Conforti & Azevedo, 2003). Sabe-se que as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s<br />
concentram seus ataques a bovinos, eqüinos e suínos jovens e adultos enquanto que a <strong>onça</strong>par<strong>da</strong><br />
se limita aos jovens e filhotes bovinos, eqüinos, caprinos e ovinos (Rabinowitz, 1986;<br />
Hoogesteijn et al., 1993; Mazolli et al., 2002; Dalponte, 2002; Scognamillo et al., 2002).<br />
Ain<strong>da</strong>, a utilização de hábitats e distribuição regional <strong>da</strong>s duas espécies variam, estando a<br />
<strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> mais restrita a hábitats florestados e próximos a ambientes ribeirinhos, além de<br />
ser mais sensível à antropização de seu hábitat do que a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> (Crawshaw & Quigley,<br />
1991; Leandro Silveira, <strong>da</strong>dos não publicados). Esta, por sua vez, pode habitar áreas mais