ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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extensão a mesma composição e abundância faunística. Esta interpretação às vezes é<br />
extrapola<strong>da</strong> cientificamente, por exemplo, por Sanderson et al. (2002), que destacam todo o<br />
Pantanal como área de distribuição de <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>. No entanto, conforme relatado por<br />
Silva et al. (1998), há varias fisiografias distintas no Pantanal que certamente influenciam na<br />
distribuição e abundância <strong>da</strong>s espécies (Mourão et al., 2000).<br />
Diferentemente do Cerrado, o Pantanal é possui quase que to<strong>da</strong> sua área ocupa<strong>da</strong> por<br />
pastagens exóticas visando a produção pecuária, que, aparentemente é menos impactante<br />
para as <strong>onça</strong>s do que áreas de lavouras. Pastagens exóticas distribuí<strong>da</strong>s entre reservas,<br />
cordilheiras e várzeas podem alterar menos a paisagem, sua manutenção representa menor<br />
estresse ambiental, pois envolve menos movimentação humana e maquinário do que áreas<br />
de lavouras. Finalmente, grandes extensões alaga<strong>da</strong>s, chama<strong>da</strong>s localmente de brejos, se<br />
tornam refúgios naturais para as espécies em decorrência <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conversão deste<br />
hábitat para fins de produção.<br />
Atualmente, a região nuclear do Pantanal compõe a maior extensão de hábitats<br />
contínuos para mamíferos terrestres de médio/grande porte fora <strong>da</strong> região Amazônica. Por<br />
esta característica, o Pantanal deve desempenhar uma importante função de população<br />
“fonte” para as espécies dos biomas adjacentes: Cerrado, Chaco (no Paraguai) e bor<strong>da</strong> sul <strong>da</strong><br />
Floresta Amazônica. O Pantanal também é uma <strong>da</strong>s principais regiões turísticas do Brasil,<br />
tanto para brasileiros como para estrangeiros que desejam ver de perto a fauna neotropical,<br />
em safáris ecológicos. Entre as principais imagens direcionando o marketing desses safaris<br />
estão as <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>. Dentro <strong>da</strong> área de distribuição <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>, o Pantanal é um<br />
dos poucos refúgios ecológicos de ambiente aberto na América do Sul, onde a espécie pode<br />
ser observa<strong>da</strong> com relativa facili<strong>da</strong>de (Mittermeier et al., 1990). Por exemplo, em junho de<br />
1999, durante cinco dias de inventário de <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> no Rio Cuiabá e Piquirí (MT) a<br />
espécie foi observa<strong>da</strong> quatro vezes (80% <strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s de campo) durante o dia, às margens do<br />
rio (presente estudo). É possível que, devido ao fato desses rios serem altamente<br />
freqüentados por turistas/pescadores na tempora<strong>da</strong> de pesca amadora, as <strong>onça</strong>s que vivem as<br />
suas margens tornem-se mais tolerantes aos ruídos de motores de popa e à movimentação<br />
humana. Esta tolerância permite que vários grupos distintos de pescadores/turistas, em um<br />
curto espaço de tempo, observem muitas vezes o mesmo animal e multipliquem a<br />
informação equivoca<strong>da</strong> de que as <strong>onça</strong>s podem ser vistas com facili<strong>da</strong>de e em grande<br />
quanti<strong>da</strong>de. Desta forma, a ampla divulgação, incentiva<strong>da</strong> por quem explora ativi<strong>da</strong>des<br />
turísticas no Pantanal, pode levar a interpretações erra<strong>da</strong>s de que a população de <strong>onça</strong>s-