O inciso IV do art. 8º <strong>de</strong>ssa mesma Resolução aponta os diferentes serviços <strong>de</strong> apoio pedagógico especializado que <strong>de</strong>verão ser previstos e providos pelas escolas: a) atuação colaborativa <strong>de</strong> professor especializado em educação especial; b) atuação <strong>de</strong> professores-intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis; c) atuação <strong>de</strong> professores e outros profissionais itinerantes intra e interinstitucionalmente; d) disponibilização <strong>de</strong> outros apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação. Além <strong>de</strong>sses serviços, essa legislação prevê ainda a utilização <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> recursos e, extraordinariamente, classes e escolas especiais como forma <strong>de</strong> cooperar para a inclusão <strong>de</strong> alunos no sistema educacional brasileiro. Inclusão significa responsabilida<strong>de</strong> governamental (secretários <strong>de</strong> educação, diretores <strong>de</strong> escola, professores), bem como significa reestruturação da escola que hoje existe, <strong>de</strong> forma que ela se torne apta a dar respostas às necessida<strong>de</strong>s educacionais especiais <strong>de</strong> todos seus alunos, inclusive dos surdos. Nenhuma escola po<strong>de</strong> excluir um aluno alegando não saber com ele atuar ou não ter professores capacitados. Toda escola (regular ou especial) <strong>de</strong>ve organizar-se para oferecer educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para todos. Assim, ao matricular crianças com sur<strong>de</strong>z, a primeira providência que a direção da creche ou da pré-escola <strong>de</strong>verá tomar será comunicar-se com a secretaria <strong>de</strong> educação e solicitar a capacitação <strong>de</strong> seus professores e <strong>de</strong>mais elementos da comunida<strong>de</strong> escolar. A forma como a escola vai <strong>de</strong>senvolver o currículo com as crianças surdas vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sua proposta pedagógica e do número <strong>de</strong> crianças surdas matriculadas. É importante ter a clareza <strong>de</strong> que o que faz a diferença na educação do surdo não é se a escola é especial ou se é escola comum, mas sim a excelência <strong>de</strong> seu trabalho. Portanto, o mais importante é que a escola tenha um programa pedagógico que atenda às necessida<strong>de</strong>s do aluno com sur<strong>de</strong>z, que ofereça capacitação para a comunida<strong>de</strong> escolar, que busque parcerias e que tenha em seu quadro <strong>de</strong> profissionais todos os elementos necessários para o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho, <strong>de</strong> forma a educar um indivíduo socialmente ajustado, pessoalmente completo, autônomo e competente, ou seja, um cidadão. A construção <strong>de</strong> uma educação inclusiva requer uma mudança <strong>de</strong> paradigma na percepção do que é educação. “O papel fundamental da educação das pessoas e das socieda<strong>de</strong>s amplia-se ainda no <strong>de</strong>spertar do novo milênio e aponta para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se construir uma escola voltada para a formação <strong>de</strong> cidadãos.” (Brasil, 1999) Howard Gardner, na sua teoria <strong>de</strong> inteligências múltiplas, traz uma gran<strong>de</strong> contribuição para a mudança <strong>de</strong> paradigma quando aponta a escola com função social que objetiva transmitir um saber para transformar o homem, educando-o para exercer sua cidadania e para formar valores. A formação <strong>de</strong> novos valores <strong>de</strong>ve partir do respeito às diferenças e do apren<strong>de</strong>r a conviver com o diferente. A igualda<strong>de</strong> não é o “normal”: todos somos diferentes. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ver a pessoa como um todo, respeitar as suas diferenças e utilizálas para a construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>, na qual o somatório das diferenças resulte na construção <strong>de</strong> um todo mais harmonioso e feliz. Assim sendo, todos têm a contribuir uns com os outros para construção <strong>de</strong> um novo homem. 12 DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO - SURDEZ
PARTE II Conhecendo a sur<strong>de</strong>z e suas implicações