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Dificuldades de comunicação e sinalização - Livros Grátis

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Às vezes, a dificulda<strong>de</strong> aparece, principalmente, no que se refere à percepção e à<br />

discriminação auditiva, o que traz transtornos à compreensão da língua oral. Outras vezes, a<br />

dificulda<strong>de</strong> é relativa à articulação e à emissão da voz, o que produz transtornos na emissão<br />

da língua oral. Tudo isso po<strong>de</strong> ou não ter relação com a sur<strong>de</strong>z, visto que muitas crianças que<br />

apresentam dificulda<strong>de</strong>s lingüísticas não têm audição prejudicada. Por exemplo, a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> processar rapidamente mensagens lingüísticas – um pré-requisito para o entendimento<br />

da fala – parece <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do lobo temporal esquerdo do cérebro. Danos a essa zona neural<br />

ou seu <strong>de</strong>senvolvimento “anormal” geralmente são suficientes para produzir problemas <strong>de</strong><br />

linguagem.<br />

Segundo Luria (1986), os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do pensamento e da linguagem<br />

incluem o conjunto <strong>de</strong> interações entre a criança e o ambiente, po<strong>de</strong>ndo os fatores externos<br />

afetar esses processos, positiva ou negativamente. Torna-se, pois, necessário <strong>de</strong>senvolver<br />

alternativas que possibilitem às crianças “com necessida<strong>de</strong>s especiais” meios <strong>de</strong> comunicação<br />

que as habilitem a <strong>de</strong>senvolver seu potencial lingüístico. Pessoas surdas po<strong>de</strong>m adquirir<br />

linguagem, comprovando assim seu potencial lingüístico. Já está comprovado cientificamente<br />

que o ser humano possui dois sistemas para a produção e reconhecimento da linguagem: o<br />

sistema sensorial, que faz uso da anatomia visual/auditiva e vocal (línguas orais) e o sistema<br />

motor, que faz uso da anatomia visual e da anatomia da mão e do braço (línguas <strong>de</strong> sinais). Estas<br />

são consi<strong>de</strong>radas as línguas naturais dos surdos, emitidas por meio <strong>de</strong> gestos e com estrutura<br />

sintática própria. Na aquisição da língua, as pessoas surdas utilizam o segundo sistema. Várias<br />

pesquisas já comprovaram que crianças surdas procuram criar e <strong>de</strong>senvolver alguma forma<br />

<strong>de</strong> linguagem, mesmo não sendo expostas a nenhuma língua <strong>de</strong> sinais. Essas crianças<br />

<strong>de</strong>senvolvem espontaneamente um sistema <strong>de</strong> gesticulação manual que tem semelhança com<br />

outros sistemas <strong>de</strong>senvolvidos por outros surdos que nunca tiveram contato entre si e com as<br />

línguas <strong>de</strong> sinais já conhecidas. Existem estudos que <strong>de</strong>monstram as características<br />

morfológicas e lexicais <strong>de</strong>sses sistemas.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação lingüística apresenta-se como um dos principais<br />

responsáveis pelo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da criança surda em toda a sua<br />

potencialida<strong>de</strong>, para que possa <strong>de</strong>sempenhar seu papel social e integrar-se verda<strong>de</strong>iramente<br />

na socieda<strong>de</strong>.<br />

Entre os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios para pesquisadores e professores <strong>de</strong> surdos situa-se o <strong>de</strong><br />

explicar e superar as muitas dificulda<strong>de</strong>s que esses alunos apresentam no aprendizado e uso<br />

<strong>de</strong> línguas orais, como é o caso da língua portuguesa. Sabe-se que quanto mais cedo tenha<br />

sido privado <strong>de</strong> audição e quanto mais profundo for o comprometimento maiores serão as<br />

dificulda<strong>de</strong>s educacionais, caso não receba atendimento a<strong>de</strong>quado. No que se refere à língua<br />

portuguesa, segundo Fernan<strong>de</strong>s (1990), a gran<strong>de</strong> maioria das pessoas surdas já escolarizadas<br />

continua <strong>de</strong>monstrando dificulda<strong>de</strong>s, tanto nos níveis fonológico e morfossintático quanto<br />

nos níveis semântico e pragmático.<br />

É <strong>de</strong> fundamental importância que a influência da língua portuguesa oral sobre a<br />

cognição não seja supervalorizada em relação ao <strong>de</strong>sempenho do aluno com sur<strong>de</strong>z,<br />

dificultando sua aprendizagem e diminuindo suas chances <strong>de</strong> integração plena. Faz-se<br />

necessária, por conseguinte, a utilização <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> comunicação que possam propiciar<br />

um melhor intercâmbio, em todas as áreas, entre surdos e ouvintes. Essas alternativas <strong>de</strong>vem<br />

basear-se na substituição da audição por outros canais, <strong>de</strong>stacando-se a visão, o tato e<br />

movimento, além do aproveitamento dos restos auditivos existentes.<br />

16 DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO - SURDEZ

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