Dificuldades de comunicação e sinalização - Livros Grátis
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- participar do apoio pedagógico ao aluno na sala comum, na sala <strong>de</strong> apoio ou na sala<br />
<strong>de</strong> recursos;<br />
- <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s que favoreçam a interação surdo-ouvinte e a participação da<br />
criança com sur<strong>de</strong>z em ativida<strong>de</strong>s cívicas ou comemorativas da escola;<br />
- proporcionar ao aluno com sur<strong>de</strong>z o aprendizado da língua portuguesa como segunda<br />
língua, atendo-se a aspectos pragmáticos e funcionais da linguagem.<br />
2.4.1 Consi<strong>de</strong>rações sobre a língua brasileira <strong>de</strong> sinais – LIBRAS<br />
Pesquisas sobre as línguas <strong>de</strong> sinais vêm mostrando que essas línguas são comparáveis<br />
em complexida<strong>de</strong> e expressivida<strong>de</strong> a quaisquer línguas orais. Elas expressam idéias sutis,<br />
complexas e abstratas. Os surdos que utilizam a LIBRAS po<strong>de</strong>m discutir filosofia, literatura<br />
ou política, além <strong>de</strong> esportes, trabalho, moda, e utilizá-la com função estética para fazer<br />
poesias, histórias, teatro e humor.<br />
As línguas <strong>de</strong> sinais apresentam-se numa modalida<strong>de</strong> diferente das línguas oraisauditivas.<br />
São línguas espaço-visuais, ou seja, a realização <strong>de</strong>ssas línguas não é estabelecida<br />
por meio do canal oral-auditivo, mas por meio da visão e da utilização do espaço. A diferença<br />
na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina o uso <strong>de</strong> mecanismos sintáticos específicos, diferentes dos utilizados<br />
nas línguas orais. As línguas <strong>de</strong> sinais, que não são universais, são sistemas lingüísticos<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos sistemas das línguas orais.<br />
Petitto & Marantetti (1991) realizaram um estudo sobre o balbucio em bebês surdos e<br />
bebês ouvintes no mesmo período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento até por volta dos<br />
14 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>). Elas verificaram que o balbucio é um fenômeno que ocorre em todos os<br />
bebês, surdos ou ouvintes. As autoras constataram que esse fenômeno é manifestado não<br />
somente por meio <strong>de</strong> sons, mas também por meio <strong>de</strong> sinais.<br />
Nos bebês surdos foram <strong>de</strong>tectadas duas formas <strong>de</strong> balbucio manual: o balbucio<br />
quirológico e a gesticulação. O balbucio quirológico apresenta combinações que fazem parte<br />
do sistema articulatório das línguas <strong>de</strong> sinais (correspon<strong>de</strong>nte ao fonológico das línguas orais).<br />
Ao contrário, a gesticulação não apresenta organização interna.<br />
Os dados apresentam um <strong>de</strong>senvolvimento paralelo do balbucio oral e do balbucio<br />
manual. Os bebês surdos e os bebês ouvintes apresentam os dois tipos <strong>de</strong> balbucio até um<br />
<strong>de</strong>terminado estágio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>senvolvem o balbucio em uma das modalida<strong>de</strong>. É por isso<br />
que os estudos afirmavam que as crianças surdas balbuciavam oralmente até um <strong>de</strong>terminado<br />
período. As vocalizações são interrompidas nos bebês surdos assim como as produções<br />
manuais são interrompidas nos bebês ouvintes, pois a interação lingüística favorece o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um dos modos <strong>de</strong> balbuciar.<br />
As semelhanças encontradas na sistematização das duas formas <strong>de</strong> balbuciar sugerem<br />
haver no ser humano uma capacida<strong>de</strong> lingüística que sustenta a aquisição da linguagem<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da modalida<strong>de</strong> da língua oral-auditiva ou espaço-visual.<br />
Consi<strong>de</strong>rando que, pela falta da audição, a capacida<strong>de</strong> visual dos surdos é aguçada,<br />
uma língua espaço-visual é adquirida <strong>de</strong> forma mais natural pela criança surda. No entanto,<br />
para que a criança possa adquiri-la, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar exposta a ela. Uma vez que seus<br />
pais ouvintes não têm domínio <strong>de</strong>ssa língua e, salvo raras exceções, apenas os surdos adultos<br />
DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO - SURDEZ 25