Embrapa SuÃnos e Aves
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SIMPÓSIO PRODUÇÃO ANIMAL E RECURSOS HÍDRICOS<br />
8 e 9 de julho de 2010 – Concórdia, SC - Brasil<br />
equívocos quanto à percepção dos consumidores sobre a qualidade da água<br />
utilizada e consumida, confirmando também os achados de Picinin et al. (2001).<br />
Estudos indicam que cerca de 40% das bactérias psicrotróficas<br />
(Pseudomonas, Acinetobacter, Achromobacter, Flavobacterium) encontradas no leite<br />
coincidem com a microbiota predominante na água (Etcheverry, 1997). Luder e<br />
Brenne (1996) concluíram em seus trabalhos que o número de bactérias<br />
heterotróficas presentes na água tem forte influência sobre a contagem bacteriana<br />
total do leite. Sabe-se que a presença de bactérias psicrotróficas, como<br />
Pseudomonas aeruginosa, no leite refrigerado, diminui a qualidade do produto, uma<br />
vez que seu crescimento não é impedido pelo frio e suas enzimas termoestáveis<br />
continuam ativas degradando o leite até mesmo após a pasteurização, diminuindo<br />
assim, o tempo de prateleira (Etcheverry, 1997; Pedraza, 1998). Isto resulta em um<br />
produto de menor qualidade, e conseqüentemente, menor valor comercial. Por fim,<br />
pode haver comprometimento da segurança dos alimentos com riscos potenciais à<br />
saúde pública.<br />
Em diversas pesquisas realizadas no Brasil e no exterior, a água contaminada<br />
foi apontada como uma importante fonte de microrganismos, principalmente, no que<br />
se refere ao grupo dos psicrotróficos. Estes microrganismos são capazes de crescer<br />
em temperatura de refrigeração e são responsáveis por parte da quebra de proteína<br />
e gordura do leite, reduzindo significativamente a qualidade e o valor do produto<br />
(Larsen et al., 1994). Essa “via” de contaminação do leite pode ocorrer por ação<br />
direta da água contaminada no leite ou por meio do enxágüe dos equipamentos de<br />
ordenha utilizando-se água inadequada (não potável) para a atividade.<br />
Equipamentos que não possuem boa drenagem podem acumular resíduos nas<br />
tubulações favorecendo ainda, as chances de contaminação.<br />
Os biofilmes têm uma importância muito grande quando se considera a<br />
qualidade do leite. Toxinas e enzimas produzidas pelas colônias do biofilme são<br />
incorporadas ao leite, não são destruídas pelos processos térmicos de tratamento de<br />
leite e contribuem para a diminuição do tempo de prateleira do produto. Além disto,<br />
estas colônias são, de certa maneira, mais resistentes aos desinfetantes e às<br />
temperaturas convencionais dificultando a sua remoção. Adicionalmente, a atividade<br />
microbiana está associada à corrosão de superfícies metálicas do equipamento<br />
(Etcheverry, 1997).<br />
Cousin (1992) ressaltou que microrganismos psicrotróficos estão comumente<br />
presentes na natureza e que água, solo, poeira, fezes e vegetação são potenciais<br />
fontes de contaminação no leite. Estes microrganismos representam menos de 10%<br />
da microbiota total de leite produzido em boas condições sanitárias. Em<br />
contrapartida, sob condições higiênico-sanitárias deficientes, estes microrganismos<br />
podem corresponder a 75% da microbiota total. Considerando-se estes aspectos e<br />
ainda a estocagem do leite sob refrigeração por 48 horas, verifica-se um risco muito<br />
grande destes microrganismos dominarem a microbiota do leite, causando sérios<br />
problemas tecnológicos às indústrias.<br />
No Brasil, inúmeros autores têm confirmado elevadas contagens de<br />
microrganismos psicrotróficos em amostras de leite cru refrigerado e estocado por<br />
48 horas, em propriedades rurais (Souza et al., 1999; Cerqueira et al., 1999; Silva et<br />
al., 2000).<br />
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