estresse ocupacional, estratégia de enfrentamento e ... - Ppga.com.br

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67<br />Atitudes negativas de insensibilidade e de despreocupação com respeito às outras<br />pessoas caracterizam a fase da despersonalização.<br />Para proteger-se de um sentimento negativo, o indivíduo isola-se dos<br />outros, desenvolvendo uma atitude fria e distanciada e, assim,<br />diminuindo a intensidade das relações com as demais pessoas. Ele<br />utiliza esses recursos como um primeiro esforço para adaptar-se à<br />situação e aliviar a tensão que experimenta, com o intuito de<br />controlar a situação (LAUTERT, 1997, p.85)<br />Diminuição da realização pessoal ou sentimento de incompetência: como<br />conseqüência da impossibilidade de se atingir os objetivos a que se propõe, o<br />indivíduo sente uma sensação de impotência, de incapacidade pessoal para realizar<br />algo que tanto sonhou (CODO, 1999, p.242). A pessoa passa a avaliar a si própria<br />negativamente. Ocorre a deterioração da auto-competência e a falta de satisfação com<br />as próprias realizações e sucessos no trabalho. O enfrentamento defensivo ocorre<br />nessa terceira fase, na qual o indivíduo produz uma modificação em suas atitudes e<br />condutas, com o propósito de defender-se ativamente das tensões experienciadas<br />(LAUTERT 1997, p.85).<br />Os sinais defensivos surgem da necessidade que o indivíduo com<br />burnout tem para aceitar os sentimentos que estão emergindo.<br />Logo, a negação de suas emoções é o mecanismo com que ele trata<br />de defender-se contra uma necessidade que lhe é extremamente<br />desgastante. A supressão de informações, o descaso frente a<br />determinadas situações ou coisas, a atenção seletiva e a<br />intelectualização, são formas de evitar a experiência negativa<br />(LAUTERT, 1997, p.87).<br />Para Tamayo (1997, p.6) a definição mais aceita sobre a síndrome do burnout é a de<br />Maslach e colaboradores (1981-1994) que afirmam ser "uma reação à tensão<br />emocional crônica por tratar excessivamente com outros seres humanos,<br />particularmente quando eles estão preocupados ou com problemas" (MASLACH et al.,<br />1994 apud TAMAYO, 1997, p.6) Essa definição complementa-se com a abordagem<br />interpessoal, primeira teoria representada por Maslach, “principal referência atual nos<br />estudos sobre o tema” (SOBOLL, 2001, p.1) pois além de conceituar com clareza os<br />fatores envolvidos no burnout identifica a ordem em que eles se apresentam.
68<br />A Figura 6 expressa a representação esquemática da instalação da síndrome do<br />burnout com as suas três fases.<br />Para Tamayo. (1997, p.9-11) e França, (1987, p.197), os sintomas da síndrome do<br />burnout e as suas conseqüências podem ser classificadas em categorias:<br />a) Físicas: Sensação de exaustão com distúrbio do sono, perda do apetite, dores no<br />pescoço, nos ombros e nas costas e suor intenso. Dores de cabeça freqüente,<br />enxaqueca, pressão no peito, problemas sexuais e falta de ar; palpitação, enjôo e<br />distúrbios gastrointestinais. Predomina o cansaço intenso (fadiga crônica), podendo<br />haver o embranquecimento rápido dos cabelos.<br />b) Psíquicas ou cognitivas: dificuldade de se concentrar, perda da memória e<br />diminuição da capacidade de tomar decisões. Pode ocorrer ideação fantasiosa “vou<br />largar tudo, vender tudo e comprar um pedaço de terra para viver como pequeno<br />sitiante” (FRANÇA, 1987, p.197). O pensamento fica lento e o indivíduo tem<br />dificuldade de aprendizado. Tiques nervosos, agitação, inabilidade para relaxar são<br />características desta categoria.<br />c) Emocionais: Perda de entusiasmo, da alegria e depressão situacional: aparece ou<br />piora no ambiente estressor, em geral o trabalho. O indivíduo torna-se impaciente,<br />pessimista e irritado. Sentimento de culpa e depreciação é comum.<br />d) Comportamentais: Hiper atividade, raiva, irritação, frustração, dificuldade para<br />controlar as emoções, sensação de estar sobrecarregado ao enfrentar leves pressões<br />e atitudes paranóicas (sentimento de onipotência e rigidez excessiva). Abuso do fumo,<br />aumento do consumo de café, de bebidas alcoólicas e de drogas também são<br />comuns.<br />Sociais ou atitudinais: desumanização, insensibilidade, distanciamento, indiferença e<br />cinismo com os clientes, colegas, superiores e subordinados. O indivíduo perde o<br />entusiasmo, o interesse pelo trabalho, pelo lazer e não tem iniciativa. Evita os contatos<br />sociais e com os problemas, correndo o risco de se isolar dentro de si próprio. Esses<br />sintomas podem invadir o ambiente familiar resultando em conflitos interpessoais com<br />a esposa e os filhos (MASLACH E JACKSON, 1979 apud TAMAYO, 1997, p.11).
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