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edição 33 completa - Logos - UERJ

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Gastaldo. Estudos Sociais do Esporte: vicissitudes e possibilidades de um campo em formação.o termo “estudos sociais do esporte” para definir um amplo espectro de produçãoacadêmica, como dissertações e teses, artigos científicos em periódicos,grupos de pesquisa e grupos de trabalho em congressos que caracteriza-se porabordar o esporte em sua dimensão de fato social, (distinguindo-se portantode abordagens físicas e/ou fisiológicas dos fenômenos esportivos), organizadanos moldes de um “campo intelectual”, como o descrito por Bourdieu (2002),noção já bastante conhecida e sobre a qual não pretendo me deter.Assim, o campo dos estudos sociais do esporte inclui trabalhos científicosdisciplinarmente alocados nas áreas de educação física, comunicação, antropologia,sociologia, história, educação, geografia, psicologia e muitas outras.Neste artigo, por razões que explicitarei mais adiante, vou dedicar maior atençãoàs três primeiras, embora reconheça a existência e a qualidade dos estudossociais do esporte em outros territórios disciplinares.Desde meados dos anos 1970, alguns cientistas sociais começaram adedicar-se à dimensão social do fenômeno esportivo – futebolístico, para sermais preciso. Destacam-se neste período Roberto Da Matta, que desde 1974,em artigos para a imprensa, apontava a dimensão cultural do futebol no Brasil,Sérgio Miceli, sociólogo que publicou artigos sobre a Gaviões da Fiel em periódicoscientíficos entre 1977 e 1979 e Ricardo Benzaquen de Araújo, queem 1980, defendeu dissertação de mestrado no Museu Nacional intitulada“Os Gênios da Pelota: um estudo do futebol como profissão”, orientado porGilberto Velho. Provavelmente, a primeira dissertação de mestrado a trataro esporte em perspectiva social no Brasil foi a de Simoni Lahud Guedes, em1977, “Futebol Brasileiro: instituição zero”, orientada por Luiz de Castro Faria,no Museu Nacional. Pioneira neste campo, Simoni participou, com outrosantropólogos, da obra que tradicionalmente se considera o marco dos estudossociais do esporte no Brasil, a excelente coletânea “Universo do Futebol”, organizadapor Roberto Da Matta em 1982. Nesta coletânea, o futebol é apresentadodentro de uma perspectiva antropológica da cultura, como “drama social”,a partir de estudos etnográficos. Neste primeiro momento, o único esporteabordado foi o futebol, cuja preeminência no universo cultural brasileiro éevidente. Para uma boa revisão histórica sobre o futebol nas ciências sociaisbrasileiras, ver Toledo (2001).Aos poucos, outros livros acadêmicos viriam a compor um quadro teóricode referência nesta área, com as mais diversas fundamentações teóricas.Destaca-se nesse sentido, em uma posição bastante oposta à da antropologia,pelo seu pessimismo de orientação marxista, “Futebol: ideologia do poder”,de Roberto Ramos (1984), que reitera a representação do futebol como “ópiodo povo” no Brasil. Outro livro que ajudou a despertar gerações de jovenspesquisadores para os estudos sociais do esporte entre estudantes de graduaçãoé “O que é Sociologia do Esporte”, de Ronaldo Helal (1990), na coleção“Primeiros Passos” da editora Brasiliense. Helal defendeu seu Doutorado emSociologia na New York University em 1994 com uma tese sobre futebol, “TheBrazilian Soccer Crisis as a Sociological Problem”. No mesmo ano, a dissertaçãode mestrado de Luiz Henrique Toledo, “Torcidas Organizadas de Futebol” foiLOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 20108

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