Novais. A visão bipolar do pódio: olímpicos versus paraolímpicos na mídia on-line do Brasil e de Portugal.Tomando por base os pressupostos acima enunciados, e socorrendo-se deum exercício comparativo do tratamento noticioso na web portuguesa e brasileiradas recentes Olimpíadas e as Paraolimpíadas de Pequim, a investigaçãopretende apreciar e validar as seguintes hipóteses:H1) O número de artigos relacionados aos atletas olímpicos será maior emambos os países.H2) Os temas recorrentes nos artigos relacionados aos atletas olímpicos tenderãoa magnificar o feito.H3) Os temas referentes aos atletas paraolímpicos irão banalizar a vitória.H4) Os atletas olímpicos serão enquadrados de forma a transformá-los emmitos nacionais.H5) Os paratletas serão retratados como coitadinhos e super-heróis (super-crip).Material e métodosPara consecução deste estudo, foi realizada uma análise de conteúdoquantitativa e qualitativa dos textos jornalísticos de quatro destacados sites noticiosos,a saber: os brasileiros Globo.com e Universo Online; e os portuguesesDiário Digital e Expresso Online. A escolha se baseou na popularidade dosreferidos meios nos respectivos países. Da mesma forma foram selecionadosum atleta olímpico e um atleta paraolímpico, medalhados, de cada país, tendoa nossa escolha recaído sobre os brasileiros Maurren Maggi (salto em comprimento)e Daniel Dias (natação), e os portugueses Nelson Évora (salto triplo) eJoão Paulo Fernandes (boccia), devido as significativas conquistas destes atletasnos Jogos de Pequim/08.Os períodos selecionados visavam abranger a conquista da medalha (oumedalhas no caso Paraolímpico) e repercussões imediatas. Assim sendo, foramanalisados os sites brasileiros de 22 a 26 de Agosto de 2008 (Maurren Maggi),de 7 a 12 de Setembro (Daniel Dias). No que concerne os sites portugueses, osperíodos comprenderam 21 a 26 de Agosto relativos a Nelson Évora e de 9 a18 de Setembro referentes a João Paulo Fernandes.Enquanto a análise quantitativa permitiu aferir a frequência e intensidadeda cobertura de cada um dos episódios e dessa forma validar a primeiradas hipóteses formuladas, já a análise de teor qualitativo realizada de modoa verificar os temas recorrentes na cobertura dos medalhados; e também aforma como cada atleta foi enquadrado pela media com particular ênfase naterminologia utilizada pela mídia, possibilitou evidência empírica de suportepara as restantes hipóteses de investigação. A opção por tal método qualitativoteve por base o pressuposto de que abordagem e a terminologia utilizadapelos meios de comunicação reflectem na interpretação da sociedade sobre osprincipais temas de interesse colectivo. Se a informação não é cuidada, acabareforçando estigmas e posturas preconceituosas transmitidas culturalmente,que podem significar, no mínimo, um empecilho à evolução e ao desenvolvimentosocial.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201081
Novais. A visão bipolar do pódio: olímpicos versus paraolímpicos na mídia on-line do Brasil e de Portugal.Mais concretamente, na análise temática foi levado em conta o tópico ouassunto central conforme o conteúdo constante no título, e com as informaçõespresentes no lide. Tal escolha residiu no fato de que as notícias produzidasno âmbito do ciberjornalismo tendem, muitas vezes, a remeter a produçõesanteriores do próprio site, através de intertítulos. Apesar de ser uma plataformajornalística diferente e das especificidades propostas para o ciberjornalismo, naverdade muito do conteúdo online ainda se baseia na estrutura tradicional dapirâmide invertida, a saber os fatos mais importantes encontram-se no lide, eo título por norma enuncia a sequência.De uma análise preliminar do material em estudo, emergiram as categoriastemáticas encontradas que se circunscreveram à enunciação dos resultados,a comemoração, os bastidores da vitória, e a relação dos atletas com familiares,técnico, amigos etc. a que chamaremos de ‘relação com circundantes’.Concomitantemente pudemos localizar e categorizar todas as terminologiasutilizadas para se referir aos atletas dividindo-as posteriormente em clustersou sub-grupos, a saber: ‘Genéricas’, que incluem nome do(a) atleta, esporte noqual compete, nacionalidade; ‘Relacionadas à vitória’, onde se inserem termoscomo medalhados/medalhistas e campeões; ‘Relacionadas às características doatleta’, relacionados às características físicas ou psicológicas.Por fim, e ainda no âmbito da terminologia, foram igualmente identificadase analisadas todas as palavras, expressões e frases que se mostraremrelevantes para o estudo de estereótipos, tais como “lapidar diamante”, “herói”,“maior/grande atleta”, “não acreditou”, “dependente de terceiros/outros”, “dificuldades”.Essas unidades de análise serão, a seguir, agrupadas em categoriasde sentido a saber, estereótipos que reforçam baixas expectativas, onde esperamosencontrar o coitadinho e super-herói, no caso dos paraolímpicos, já nocaso dos olímpicos tentaremos verificar a não existência desses estigmas, umavez que ao atingirem a vitória são considerados quase-deuses; e estereótipos quereforçam altas expectativas, como favoritismo, esperança de medalha, e ênfaseda vitória.ResultadosOs quatro sites examinados publicaram um total de 113 notícias, referentestanto aos atletas olímpicos quanto aos paraolímpicos de Brasil e Portugal,no período analisado. (Ver Quadro 1). Do total, cerca de 73% referiam-se aosatletas olímpicos e os restantes 27% aos paraolímpicos.BrasilPortugalGlobo.com UOL Diário Digital Expresso OnlineAtletas Olímpicos 38 12 16 16Atletas Paraolímpicos 11 9 3 8Quadro 1: Número total de matériasAnalisando separadamente cada país, percebemos que, no Brasil, 71%LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201082
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