Novais. A visão bipolar do pódio: olímpicos versus paraolímpicos na mídia on-line do Brasil e de Portugal.das matérias relacionavam-se a Maurren Maggi, enquanto 29% referiam-se aoatleta paraolímpico Daniel Dias. Em Portugal a situação é semelhante, 74%das notícias analisadas neste país, referiam-se ao olímpico Nelson Évora, eapenas 26% noticiam João Paulo Fernandes. O que ressalta desde logo desteprimeiro parâmetro analítico é o maior tempo de antena concedido em ambosos países aos atletas olímpicos em detrimento aos paraolímpicos. É importanteainda ressaltar, que tal atenção mediática não é proporcional às consecucçõesdos atletas, dado que enquanto tanto Nelson Évora quanto Maurren Maggiconquistaram apenas 1 medalha, no caso dos paraolímpicos Daniel Dias terminouo evento com oito, e João Paulo Fernandes com duas.É de se notar também o fato de que apesar de em ambos os países o númerode artigos referentes aos Jogo Paraolímpicos ser muito inferior, quandoanalisados isoladamente os sites noticiosos brasileiros foram responsáveis pelamaioria (65%) das matérias relativas a este evento. O maior incentivo dadoao desporto adaptado neste país, inclusive com a existência, já há 14 anos, deum sólido Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), pode constituir um factorexplicativo da preponderância da imprensa brasileira. Para ilustrar, lembramosque em Atenas/04, com a finalidade de que o movimento paraolímpico tivesseampla divulgação e maior valorização, o CPB, contratou a produtora de vídeoÍntegra Produções para captar, editar e transmitir gratuitamente imagens dosjogos de Atenas, para as emissoras brasileiras interessadas. Além disso, oitoemissoras 1 foram convidadas pelo Comitê para cobrirem a competição; outrosdoze veículos 2 também foram convidados. Já em Portugal a mesma instituiçãofoi recentemente fundada em setembro de 2008 e, por conseguinte, com umaestratégia de implantação ainda menos consolidada.Contudo, apesar de quantitativamente os sites brasileiros darem maiorvisibilidade aos paraolímpicos (comparativamente aos portugueses), os lusosapresentam maior diversidade de temas. A totalidade da temática noticiosabrasileira referente a Daniel Dias (atleta paraolímpico) cingiu-se aos resultados.Já os sites portugueses, embora também privilegiando o foco temático dosresultados (64%) , não descuraram a relação do atleta com técnico, família eamigos (18%) bem como outros temas relacionados com a comemoração davitória (18%).Curiosamente, verifica-se precisamente o inverso em termos da diversidadetemática dos atletas olímpicos (ver Gráficos 1 e 2): maior diversidade (oitotemáticas) nos sites brasileiros do que nos sites portugueses (cinco). Sendo dignode destaque neste capítulo, a forte presença de matérias sobre os bastidoresda vitória (37% no Brasil e 47% em Portugal), reforçando a ideia de Ferreirae Costa (2002) de que os feitos dos atletas permanecem na mídia, a fim dese valorizar suas habilidades, transmitidas como ideais a serem seguidos. Issoporque “(…) a dramatização de um fato é, frequentemente, mais importantedo que o fato em si na compreensão dos princípios que norteiam o imagináriocoletivo” (HELAL, 2001, 149).LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201083
Novais. A visão bipolar do pódio: olímpicos versus paraolímpicos na mídia on-line do Brasil e de Portugal.Gráfico 1: Temáticas presentes nos sites brasileiros referentes a atleta olímpica MaurrenMaggiGráfico 2: Temáticas presentes nos sites portugueses referentes ao atleta olímpicoNelson ÉvoraDe acordo com Helal (2001), um fenómeno de massa não pode se sustentarsem a presença de ídolos e heróis. É por este motivo, que a conquista dosatletas olímpicos é magnificada, e porque não dizer “heroificada” pela mídia.Já as informações acerca dos atletas paraolímpicos, em ambos os países, ficamrestritas ao resultado, banalizando a vitória.No que concerne os enquadramentos terminológicos, os resultados evidenciaramque nos dois países, e em ambos os eventos analisados, os termosGenéricos são massivamente utilizados em detrimentos dos outros dois géneros:95% nas Paraolimpíadas, e 89% nas Olimpíadas; 91% no Brasil, e 88%em Portugal. Os termos Relacionados à vitória, contudo, foram mais presentesnos artigos referentes aos atletas olímpicos em ambos os países (3% JogosParaolímpicos, e 11% nos Olímpicos). Cabe ainda ressaltar um dado interessanterelativamente aos termos Relacionados às características do atleta, umavez que apenas uma unidade de análise foi coletada neste género. O site lusoDiário Digital publicou o termo “atleta com deficiência” ao se referir a JoãoPaulo Fernandes, e em nenhum outro momento surgiram termos correlatos,tais como olímpico ou paraolímpico.Dessa forma observamos que a maior presença de termos genéricos e aquase ausência de termos relacionados à deficiência, pode ser revelador da exigênciajornalística da neutralidade ou, em alternativa, pode indiciar a existênciade uma conscientização por parte de jornais e jornalistas de que a terminologiautilizada, relativamente às pessoas com deficiência, pode reflectir e influenciaras atitudes em torno das mesmas, criando e/ou perpetuando estereótipos.(Novais e Hilgemberg, 2009; Auslander e Gold, 1999). Mesmo assim a fracautilização de termos relativos à vitória mostra a baixa expectativa da sociedade,e dos jornalistas, em relação aos atletas com deficiência.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201084
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