Mezzaroba e Pires. O agendamento midiático-esportivo: considerações a partir dos Jogos Pan-americanos Rio/2007.de construção/sustentação de ídolos. Foi a utilização dos recursos vinculado àsimagens individuais desses atletas, as “personalidades do Pan”.Segundo Cintra Sobrinho (2004), essa tentativa de mitificação de algunsatletas àquilo que chamamos de “ídolos esportivos” é:outra grande arma da mídia, tanto para vender os espetáculos, como chamar a atençãodas audiências para que assistam determinadas competições. A mídia precisa dos ídolospara tornar o espetáculo mais atraente, assim, atletas que realizam performances acimada média passam a ocupar grandes espaços.Tal opinião é corroborada por Marchi Júnior (2001, 139), ao afirmar queComumente, à mídia é atribuída a função de aproximar os leitores e telespectadores doseventos esportivos aos principais personagens que compõem o espetáculo esportivo, ouseja, os atletas. Esses, por sua vez, transformam-se rapidamente em ídolos e transmissoresde mensagens e estereótipos, dotados de um potencial de consumo enraizado na culturaesportiva de massas.De forma mais geral, não faltaram exemplos desse “agendamento esportivo”relacionado aos JPA-Rio/2007. Podemos citar, por exemplo, o que foi“produzido” e “veiculado” como forma de agendamento relacionado aos Jogos,isto é, os mecanismos que foram sendo criados e implementados, principalmentena mídia televisiva brasileira, inclusive com propagandas em horárionobre (desde 2006, ano anterior aos Jogos, principalmente na Rede Globo) quetiveram como protagonistas grandes ídolos do esporte nacional (Daiane dosSantos, Giovane Gavio, Flávio Canto e Torben Grael, entre outros).Outra estratégia foram os programas especiais que tematizaram o eventofuturo ou competições que se encaixavam na grade televisiva nos finais desemana (atletismo, ginástica artística, basquete, handebol, futsal), sem deixarde mencionar a escolha do nome da mascote dos Jogos: Cauê, escolhido emvotação pela internet e nas ruas das principais cidades do país.Tal acontecimento tornou clara a tentativa de interatividade dos Jogos com apopulação, ou seja, uma estratégia de estabelecer interação entre a tríade mídia/esporte/público,procurando criar uma certa identidade com a população brasileira.Um outro exemplo em relação a este processo de agendamento foi o queaconteceu durante o mês de abril daquele ano: faltando ainda três meses para aabertura dos Jogos, foi dada ênfase quanto ao fato de faltarem “100 dias” parao início do grande evento esportivo, isso nos mais variados meios (tv, mídiaimpressa e portais da internet). Iniciou-se, portanto, a contagem regressiva!A cobertura midiática em torno do percurso e acompanhamento da tochapan-americana apresentou-se, também, como um bom exemplo daquilo que seconfigurou como agendamento esportivo. Desde o dia 5 de junho, quando atocha chegou ao solo brasileiro (Cabrália/BA), até o dia 13 de julho, quando dadata de abertura dos Jogos, no Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro), o que seviu foi uma ampla divulgação de onde se encontrava a chama Pan-americana,passando e chamando a atenção das pessoas das mais diversas cidades.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 20101<strong>33</strong>
Mezzaroba e Pires. O agendamento midiático-esportivo: considerações a partir dos Jogos Pan-americanos Rio/2007.Em cada lugar onde a tocha Pan-americana desembarcava, havia uma festapreparada e com a presença do público (prestigiando) e da imprensa (fazendosua cobertura). Como num ritual, a tocha passava de mão em mão, geralmenteatletas locais mais conhecidos ou famosos, e alusões a aspectos específicosda cultura local. Foram quase 40 dias com muitas informações sobre os fatosque envolviam o percurso da tocha Pan-americana pelo Brasil. E neste discursomidiático-esportivo (imbricado com questões culturais, econômicas, políticas esociais) houve uma estratégia de agendamento em relação aos JPA/2007, não sócom relação ao “chamar a atenção” do público espectador como também daquelepúblico que foi às ruas acompanhar o percurso da tocha.Além disso, essa estratégia do percurso da tocha não se restringia apenas àquestão da propaganda do evento, mas tinha o intuito de também criar uma identidadeda população em geral com o evento que iria acontecer logo em seguida.Para <strong>completa</strong>r quanto às exemplificações de estratégias realizadas pormeio do discurso midiático-esportivo, a fim de ofertar os JPA ao público brasileiro,também poderíamos citar a cobertura midiática em relação às obrasrealizadas para a realização dos Jogos, bem como a atenção/veiculação quantoà preparação e classificação dos atletas.Em relação às obras do Pan, muito se falou sobre os atrasos e as preocupaçõesquanto ao término das obras para que os Jogos transcorressem da melhormaneira possível, conforme havia sido planejado. Realizou-se um acompanhamentoquanto ao desenvolvimento da construção da Vila Pan-americana(para abrigar até 8 mil atleta), do Estádio João Havelange (principal obra dosJogos), e do Complexo Cidade dos Esportes (natação, nado sincronizado esaltos ornamentais); a Arena Multiuso do Rio (ginástica artística e basquete); eo Velódromo da Barra (ciclismo e patinação de velocidade), além das reformasno Complexo do Maracanã (abertura/encerramento dos JPA e futebol); e oginásio do Maracanãzinho (vôlei).Já em relação à cobertura midiática em relação à preparação e classificaçãodos atletas, vimos que, anteriormente à realização dos Jogos, muitasreportagens e notícias apresentavam ao público em geral os atletas que iamconseguindo suas vagas para disputar e representar o Brasil no evento esportivo.Obviamente que isso era mais enfatizado pela mídia quando esta classificaçãoera realizada por algum grande ídolo do esporte nacional. Mostrava-setambém como estava sendo feita a preparação dos atletas das mais diversasmodalidades, inclusive competições anteriores que os atletas nacionais participavame obtinham vitórias e classificações.Um fato interessante que merece ser apresentado foi a preocupação do governobrasileiro por não contar com a presença de alguns dos principais ícones doesporte nacional nos JPA – e da pressão que o governo exerceu sobre tais atletas –em função do alto investimento realizado pelo governo e do retorno que as vitóriasdeles (Leandrinho – basquete, Rodrigo Pessoa – hipismo) dariam à nação brasileirano que se refere ao orgulho de ser brasileiro, função ideológica bastante atribuídaao esporte já há algum tempo, inclusive agora – em época de Copa do Mundo defutebol (junho/julho de 2010), ou seja, uma exaltação do nacionalismo.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010134
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