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edição 33 completa - Logos - UERJ

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Novais. A visão bipolar do pódio: olímpicos versus paraolímpicos na mídia on-line do Brasil e de Portugal.Discussão dos resultadosCom este estudo tentamos verificar a existência de diferenças nacionaistanto a nível da quantidade da cobertura como da orientação do tratamentonoticioso na web entre as recentes Olimpíadas e as Paraolimpíadas de Pequim.Acima de tudo, pretendíamos validar a expectativa inicial relativa à continuidadeda propagação dos estereótipos da mídia tradicional nos novos suporteselectrónicos. Nesse sentido enunciamos um conjunto de hipóteses que guiaramnosso trabalho e cuja consideração importa agora retomar.Os dados quantitativos recolhidos foram suficientes para confirmar aprimeira hipótese, O número de artigos relacionados aos atletas olímpicos foi consideravelmentesuperior em ambos os países. Para a coordenadora de comunicaçãodo Comitê Paraolímpico Brasileiro, Gisliene Hesse, a explicação para tal resideno fato de que as Olimpíadas ainda se sobressaem pela tradição e maior desenvolvimento(Brasil Paraolímpico, 2003). A maior importância ainda conferidaaos Jogos Olímpicos em detrimento dos Paraolímpicos é também o argumentoaduzido por Kell, Kell e Price (2008), para quem os Jogos Paraolímpicos sãovistos como um evento paralelo às Olimpíadas, dando àquele um valor de nãomais do que um show deixado de lado. Este paralelismo dá a ideia de que nãoimporta o quanto a performance do atleta paraolímpico seja de alto nível, elesnunca poderão competir nas Olimpíadas. Fica então comprovado que enquantoos Jogos Olímpicos são divulgados à exaustão, os Jogos Paraolímpicos ficamrelegados a uma ínfima cobertura jornalística.Notamos que os temas apresentados enquadravam a vitória de olímpicosde forma a magnificar-lhes o feito, através de uma cobertura que cria imagem dedeuses que atingiram conquistas extraordinárias, desta forma comprovando asegunda e quarta hipóteses. Pierre Bourdieu (1997) constata que os jornalistase os demais profissionais de mídia procuram sempre por atletas capazes desatisfazer o orgulho nacional, transformando eventos como as Olimpíadas emjogos de campeões e apresentando ao público os momentos e imagens quedenotem a bravura, coragem e espírito de luta ou então a vontade de vencerdo mito. Este fenómeno também é consentâneo com a lógica da indústriacultural, dado que um dos elementos importantes na produção da identidadecultural é justamente o do ídolo esportivo.Em claro contraste com a mistificação dos atletas olímpicos o sucessodos atletas paraolímpicos foi banalizado pela mídia conforme antecipado na hipótesetrês. A ênfase quase exclusiva nos resultados, corrobora a conclusão deThomas e Smith (2003), segundo a qual a cobertura midiática de desportoadaptado muitas vezes restringe-se principalmente na performance e sucessodos atletas com deficiência, enfatizando o significado de recordes, medalhase tempos, com muito pouco, ou nenhum, comentário sobre a experiência dosatletas, repercussão da medalha e bastidores. Certamente, tal afirmativa parecesugerir que, de fato, a cobertura midiática dos atletas com deficiência, tende atrivializar suas performances e conquistas, e perpetuar ainda mais o modelomédico, que concebe a deficiência como um produto meramente biológico, e,portanto os problemas que as pessoas com deficiência enfrentam são resultadoLOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201086

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