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edição 33 completa - Logos - UERJ

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Lovisolo. Mulheres e esporte: processo civilizador ou (des) civilizador.segregação, declinaria a participação das mulheres no esporte competitivo emesmo no amador. Imaginem um jogo entre a seleção masculina e femininade futebol. E que passaria com uma seleção mista?A escola pode nos dar algumas indicações para a última questão. O quedenominamos co-educação ou não segregação domina o panorama escolar fazalgumas décadas. A co-educação nas aulas de educação física significa que aescola opera com autonomia em relação à sociedade, pois, nesta, a segregaçãonos esportes é dominante. Alunos atuais das escolas não sabem que “antigamente”existiam escolas para meninos e escolas para meninas. Alguns ouviramfalar do assunto a seus pais. Contudo, nas pesquisas com alunas de educaçãofísica, a partir dos onze ou doze anos, o argumento mais repetido, que justificaa recusa a participar das aulas juntamente com os homens, é de que eles são“muito violentos”. A violência dos homens nem sempre significa o jogo malintencionadoou duro, faltoso ou desleal, por vezes, apenas aponta para aquiloque os homens denominam raça, entusiasmo, vontade de participação ou simplesmenteentrar no jogo com vontade. O resultado é sempre o da preferênciaquase universal, salvo algumas exceções, para a prática segregada. Existem professoresde educação física que partilham do valor da segregação. A segregaçãobaseada em diferenças parece continuar.Resumirei agora minha narrativa para responder à questão da segregação.Diria que a proteção, a desigualdade em favor das mulheres e a segregaçãomerecem uma explicação única. Retomo a idéia de que acreditamos que o esporteciviliza os homens mediante a substituição mimética regrada do referenteda guerra, do que denominei metaforicamente como a “festa das espadas”. Opoder civilizador do esporte se carregaria com outros significados no caso dasmulheres: se converteria em um criador de oportunidades para a emergênciade níveis de violência superiores àqueles que dominaram durante séculos narepresentação das mulheres. Neste sentido, a segregação se tornaria protetoradiante da ameaça que a prática do esporte, orientada pelas exigências masculinas,implicaria para a civilização das mulheres. A segregação teria por intençãofreiar o processo (des) civilizador que o esporte significaria para as mulheres.Se esta conclusão possui algum grau de verdade ela nos leva a colocaraquilo que está nas entrelinhas ao longo do texto: quais as razões para que asmulheres pareçam estar satisfeitas com a segregação no esporte? Estaríamosdiante de uma aceitação que vai teórica ou ideologicamente contra o construtivismo,o relativismo e o anti-naturalismo, presentes na maioria dos discursosque se identificam como feministas? Enfim, estaríamos diante de uma configuraçãotensa ou contraditória que poderia ser pensada com os elementosrefinados por Norbert Elias?LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201037

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