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edição 33 completa - Logos - UERJ

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Maia e Pereira. Apontamentos sobre a relação entre liberdade de imprensa e identidade profissional dos jornalistas.fragmentada (porque dá origem a diferentes perfis identitários) e normativa (porquesempre sugere uma identidade e uma prática ideal). Essas constatações parciaissugerem alguns pontos de discussão que vamos detalhar logo a seguir.ConclusãoNo artigo discutimos a construção da concepção de liberdade de imprensa,enquanto mito fundador do jornalismo, bem como suas relações com oprocesso de construção da identidade profissional do jornalista. Nosso percursoteórico nos permitiu escapar da dupla tentação de partir da noção de liberdadepara construir um perfil ideal do jornalista ou ainda de incorrer na emissãode um discurso normativo, travestido de Ciência, que buscasse também alegitimação dessa profissão. Procuramos, sobretudo, analisar processualidadesubjacente aos modos de apropriação de um discurso social (o da liberdade)por um determinado grupo profissional (os jornalistas) na construção da suaidentidade e legitimidade frente à sociedade. Nesse sentido, podemos tecer asseguintes considerações:a) Embora apareça como um conceito neutralizado pelas sociedades ocidentaise pelos próprios jornalistas, a liberdade de imprensa foi resultado deuma formulação prévia, negociada, publicizada, discutida e retrabalhada pordiferentes atores decorrer de séculos. Isso explica, por um lado, o forte teornormativo e funcional que sempre esteve subjacente à liberdade de imprensa, etambém a diversidade de discursos e de modos de apropriação e instrumentalizaçãodesse conceito na sociedade;b) Esse processo também explica sua utilização pelos jornalistas na construçãodos discursos de autolegitimação. Ao falarem em liberdade de imprensaos jornalistas podem justificar sua identidade, vinculando a prática profissionalao próprio funcionamento dos regimes democráticos. Esse tipo de associaçãopermite à categoria resolver antagonismos subjacentes à sua identidade (pela existênciade um mito fundador), responder ao debate sobre a qualidade da práticaprofissional (tachando certas considerações indesejáveis como censura ou cerceamento)e desfrutar de uma posição simbólica extraordinária na sociedade.c) Finalmente, o discurso sobre liberdade está subjacente à tensão entreuma identidade técnica e intelectual no jornalismo. Tal antagonismo é recorrentenas diversas análises sobre a identidade jornalística e nos parece um pontode partida interessante na estruturação de estudos sobre esse objeto.Tais considerações nos permitem situar melhor as investigações sobre aidentidade profissional do jornalista. Elas abrem espaço para desenvolvermosuma análise aprofundada do grupo profissional que busque conciliar a arqueologiados diferentes elementos fundadores dessa atividade (como a liberdade deimprensa) a uma pesquisa de campo junto aos atores envolvidos no cotidianodessa prática sócio-discursiva.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010200

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