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edição 33 completa - Logos - UERJ

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Maia e Pereira. Apontamentos sobre a relação entre liberdade de imprensa e identidade profissional dos jornalistas.IntroduçãoEsse trabalho se enquadra num projeto de pesquisa mais amplo sobre as mudançasestruturais no jornalismo, através da identificação e da análise das modificaçõesnas identidades, práticas, rotinas profissionais dos jornalistas, nas relaçõescom os públicos e nas implicações da convergência midiática. Em relação à identidadeprofissional, vamos analisar o processo de apropriação da noção de liberdadena produção de um discurso sobre a identidade e as práticas profissionais dos jornalistasno Brasil. Neste artigo discutiremos as relações entre a noção de liberdadede imprensa e a construção da identidade profissional no jornalismo.Parte-se da idéia de que ética e deontologia integram os mecanismos delegitimação profissional no jornalismo. Elas são apropriadas na mediação dastensões entre as dimensões técnicas e intelectuais da prática jornalística paraa construção de uma identidade e um conjunto de práticas profissionais quebuscam a distinção (por vezes imperfeita) entre os jornalistas e outros atoressociais: políticos, escritores, etc. (RUELLAN, 1993). Esses discursos são evocadose retrabalhados no desenvolvimento de uma legitimidade e de uma representatividade,que aparecem como homogêneas e estáveis para a sociedade.Assim, como ponto de partida para este artigo, faremos uma revisãoexaustiva da concepção francesa de liberdade de imprensa formulada inicialmentepelos filósofos do Iluminismo. Analisaremos como esses conceitos fazemparte do discurso de autolegitimação da profissão jornalística e participam daidentidade do grupo profissional dos jornalistas. Assim, buscaremos compreendercomo esse debate foi apropriado na construção de um modus operandino jornalismo, capaz de equilibrar, do ponto de vista da deontologia, a tensãoentre liberdade para informar e os efeitos causados pelo abuso desse direitopelos jornalistas. A seguir, aplicaremos esse debate à questão da identidade profissionale das diferentes formulações sobre o papel do jornalista na sociedade.Jornalismo e identidade: pressupostos teóricosAntes de iniciarmos essas discussões, é preciso definir a perspectiva teóricautilizada. As definições de liberdade apresentadas a seguir possuem obviamenteum caráter normativo, ou seja, não correspondem necessariamente àrealidade tout court. Dificilmente, a noção de liberdade de imprensa defendidapelos iluministas é seguida à risca pelos jornalistas e o seu potencial comoinstrumento de manutenção e aprimoramento da democracia sempre foi limitado.Isso não significa dizer que tal liberdade seja nociva ou que possam existirregimes democráticos sem imprensa. Mas partimos da constatação de que oconceito de liberdade de imprensa não pode ser tratado como uma verdadeinquestionável ou que a incapacidade de aplicá-la seria, na verdade, uma falhano funcionamento do jornalismo. Tal noção liberdade está certamente presenteno cotidiano dos jornalistas, mas no plano simbólico e discursivo. E é nesseâmbito que ela deve ser analisada.Podemos dizer que a liberdade é apenas uma palavra. Mas, mesmo sendouma palavra, ela adquire existência real quando inculcada num determinadouniverso a partir de um trabalho de socialização:LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010192

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