Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma partida de futebol? A relação entre televisão e futebol no cenário midiático contemporâneo.veiculadas. Essas são representativas das relações presentes nos dias de hoje,dentro da economia e da sociedade em que vivemos. De fato, é importanteressaltar que há uma relação de troca entre a sociedade e a mídia. A produçãosimbólica e a influência promovida por esta também é um reflexo dosinteresses presentes na sociedade.A rede de troca entre mídia e esporte exemplifica o duplo sentido dessarelação. O esporte ganha mais atenção do público e mais adeptos quando setorna televisivo, mas, isto só acontece se, o próprio público, em primeiro lugar,já tiver algum tipo de interesse na modalidade. Torna-se necessário, para talinvestimento por parte das empresas de telecomunicação, que o esporte a sertransmitido e divulgado seja capaz de trazer audiência, em números televisivos,o que na prática são os fãs e torcedores do mundo esportivo. Dentre o carátereconômico existente nessa relação, há uma certa ‘pitada de paixão’ que movimentaos negócios.No caso do futebol, por exemplo, em 22 de janeiro de 1927 a partida entreArsenal e Sheffield foi a primeira a ter boletins ao vivo pela rádio inglesa da BBC.Mas antes disse o esporte já era muito popular e enchia os estádios, como no casoda partida entre Tottenham Spurs e Sheffield United que reuniu 114.815 torcedoresnas arquibancadas. Um recorde que aconteceu em 1901, mais de vinte anosantes da primeira transmissão para a massa. (CARMONA e POLI, 2006, 254)Futebol: paixão e mercadoriaEm 1863, no centro de Londres, onze escolas inglesas reunidas definiramas regras do futebol moderno. Até então, a modalidade era praticada de formadistinta por cada instituição (CARMONA e POLI, 2006). Muitas regras aindaforam alteradas, muitas decisões foram revistas, mas nota-se a importância quefoi dada ao consenso naquela época, objetivando a unificação do esporte.Não é possível identificar uma única característica que tenha sido responsávelpor transformar o futebol no esporte mais praticado e visto do planeta,mas a padronização parece ter sido um momento chave. O órgão máximoresponsável pelo futebol, a FIFA, foi criado em 1904 com sete países na época(CARMONA e POLI, 2006). Atualmente, a FIFA conta com 208 11 integrantes,número superior ao de países filiados a ONU.O primeiro jogo no Brasil aconteceu no dia 14 de abril de 1895(CARMONA e POLI, 2006). Existem algumas versões para a chegada do futebolpor aqui, mas a que ganhou mais força é que o esporte, como o conhecemoshoje, veio dos pés de Charles Miller, paulista, que passou anos estudandona Inglaterra. Em seu retorno ao Brasil, em 1894, suas malas tinham, além deroupas, duas bolas de futebol (CARMONA e POLI, 2006).Ronaldo Helal (1997, 49) afirma, em Passes e Impasses, que o futeboljá ocupava, nos anos 20, a posição de “fonte principal de lazer no país”. Noentanto, o período é turbulento, marcado pela discussão entre os defensoresda continuação do amadorismo e os que se colocam favoráveis à profissionalizaçãodos jogadores. Outros países já haviam adotado o profissionalismoLOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201057
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma partida de futebol? A relação entre televisão e futebol no cenário midiático contemporâneo.e o Brasil sofria com a evasão de seus melhores esportistas rumo a outrosmercados (HELAL, 1997).Em 19<strong>33</strong>, o profissionalismo é adotado e a primeira crise do futebol nacionalparece resolvida. E, imediatamente após a decisão, de acordo com Helal(1997, 50), “o futebol firmou-se como símbolo maior da integração nacional euma das maiores fontes de identidade cultural no país”. O autor cita os anos 60como o apogeu do futebol em solo nacional. A Seleção Brasileira conquista seuterceiro título, transformando-se na primeira tricampeã mundial. O Santos, lideradopor Pelé, conquista a Taça Libertadores e o título mundial. Além disso,há recorde oficial de público no estádio em uma partida entre clubes: 177.020pagantes no Maracanã para a final do Campeonato Carioca entre Flamengo eFluminense em 1963 (HELAL, 1997).No entanto, em seu artigo A crise do futebol brasileiro e a pós-modernidade:perspectivas para o século 21, Helal argumenta que não é possível tercerteza se apenas a adoção do profissionalismo teria sido o aspecto responsávelpelo crescimento do futebol em solo nacional. O contexto histórico vivenciadopelo país nos anos 30 com o fim da República Velha e o início do EstadoNovo, com Getúlio Vargas no comando é citado por Helal como outro importantefator impulsionador do esporte.Esse período caracterizou-se por forte centralização política, grande preocupação com odesenvolvimento nacional, com a idéia de integração, e com a fortificação da presençado estado no papel de promotor tanto do desenvolvimento econômico, quanto daintegração nacional (HELAL, 2001, 5-6).Helal também aponta a importância das leis trabalhistas criadas nogoverno Vargas e o lançamento do livro do sociólogo Gilberto Freyre, CasaGrande e Senzala, responsável pela descrição da formação da sociedade brasileira.Os dois acontecimentos - as leis e o livro - sinalizam e influenciam ainclusão de uma camada mais pobre da população, em grande parte formadapor negros e mestiços, na formação do que se chama de identidade nacional.“Vê-se que, de algum modo, as novas teorias sociológicas sobre o país se coadunavamcom a temática do nacionalismo do período Vargas. E seus conceitosbásicos eram mistura e integração” (HELAL, 2001, 6).É nesse contexto que o futebol ganha força. ‘Mistura’ e ‘integração’ sãoconceitos que estão presentes, portanto, dentro dos campos e também difundidospor toda a sociedade brasileira. O mestiço Garrincha e o negro Pelé, novosídolos da pátria, representam bem esse novo cenário (HELAL, 2001).No entanto, em meados dos anos 70, o futebol brasileiro entra emcrise, que é definida pela queda de público nos estádios, pelo êxodo dosjogadores e pelas derrotas da Seleção Brasileira após o período de domíniomundial (HELAL, 1997, 60). Em “Passes e Impasses”, utilizando-se dereportagens publicadas em jornais da época, Helal identifica duas causasprincipais para esse declínio: o amadorismo dos dirigentes e a estrutura organizacionalinoperante das federações (HELAL, 1997). O futebol precisavase modernizar e a solução prevista era transformar clubes em empresas,LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 201058
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