Silveira e Esteves. Entre a memória e a promessa. A dialética idem x ipse na cobertura dos Jogos Pan-americanos.Entre a memória e a promessaA primeira reportagem foi publicada na revista número cinco, referente aodia 14 de julho de 2007, um após a abertura dos Jogos no Rio de Janeiro e tratasobre a estréia da atleta Daiane dos Santos nos Jogos, de seu amadurecimento,concluindo que ela deixou de ser menina para tornar-se uma mulher. O antetítulo“gaúchos em ação” já chama a atenção para a reportagem que vem em seguida,demonstrando que as informações são a respeito de alguém daquele Estado. Nãofoi observada em nenhuma outra reportagem uma chamada que destacasse outraorigem política de algum atleta que não fosse à do Rio Grande do Sul. O título“nas alturas, com 1m45cm” seguido do subtítulo “Daiane do Santos estréia hoje naginástica artística” situam o leitor sobre o assunto que abordará a atleta nacionalmenteconhecida e autora de grandes saltos realizados no solo.A reportagem descreve traços da personalidade da atleta. Quando abordao dia do treinamento, pode-se observar que a atleta não simula, realiza a suasérie como se fosse a hora da competição e é perfeita, tanto que seu desempenhoé reconhecido pelos outros ginastas que a tomam como referência. Daianesabe que é considerada um modelo para as atletas mais novas. Seguindo, otexto afirma que “Daiane agüenta o tranco sozinha” (linha 34) e que mesmocom dor é capaz de treinar com um sorriso no rosto. Nos parágrafos finais, oleitor é informado de que a equipe feminina de ginástica artística do Brasil divideum apartamento em Curitiba, local onde treinam. Mas Daiane é a únicaque mora sozinha, tem carro, e por isso é independente. Além disso, ela ainda“cursa Educação Física e montou um escritório para atender a grande demanda depedidos por eventos, entrevistas e palestras” (linha 71).A reportagem seguinte foi veiculada na revista número 12, em 21.07, eaborda o judoca Tiago Camilo, ganhador do ouro no Pan 2007. O antetítulo“gaúcho de ouro” causa estranhamento inicial, pois no início da matéria é reveladaque a origem política do atleta é São Paulo. No primeiro parágrafo éreiterada a mesma leitura da outra reportagem, de que diante das adversidadesos gaúchos não se afrouxam, mas sim, ficam estimulados e seguem em frente:Há duas maneiras de se enfrentar um problema. Uma é encará-lo de frente. A outra éesconder-se atrás dele. Tiago Camilo é do primeiro time. O judoca paulista, acolhidopela Sogipa e pelo Rio Grande do Sul há um ano, soube transformar um revés emmotivação. Ontem, ele abriu a porteira de ouros para o Brasil no judô, atropelandoos adversários da categoria até 90 kg em poucos segundos. Ganhou todas as lutas porippon (linha1).A leitura de que Tiago tenha optado pelo Clube Sogipa para treinar, indiretamente,atribui ao Rio Grande do Sul, o melhor lugar para praticar judôno Brasil, pois lá estão os atletas mais premiados no Pan.No segundo parágrafo a repórter explica que a Confederação Brasileirade Judô decidiu mudar a categoria de competição de Tiago. Com isso, o atletateve que lutar contra adversários mais pesados. Mesmo assim o Tiago venceue se declarou um guerreiro que encarou a mudança de peso como uma convocaçãopara representar seu país (linha 29). Além disso, Tiago afirmou queLOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010145
Silveira e Esteves. Entre a memória e a promessa. A dialética idem x ipse na cobertura dos Jogos Pan-americanos.tudo daria certo, pois estava no lugar certo e com as pessoas certas, o que areportagem interpretou como sendo Porto Alegre e o técnico Kiko (linha 53).Tiago foi considerado gaúcho pelo jornal porque ele treina num clube de PortoAlegre; porque é um guerreiro, que assim como outros gaúchos enfrentas asadversidades; e porque se sagrou vitorioso, como os outros atletas gaúchos quevenceram no Pan.A terceira reportagem saiu na revista número 13, em 22.07, e aborda ojudoca João Derly. O antetítulo diz: “domingo no tatame” e é seguido do título“quimono à moda gaúcha”, o que faz uma referência a existência de um jeitoparticular, que seria o gaúcho, de utilizar o quimono, que é a vestimenta dojudoca. Os parágrafos iniciais tratam a respeito da simpatia de João, dizendoque ele é querido até pelo o seu rival, o cubano Yordanis Arencibia. No quintoparágrafo, pode-se verificar a mesma característica das demais reportagens:[...] mas a única mudança significativa de sua vida depois de vencer o Mundial em2005, no Cairo, foi realizar um sonho que sempre pareceu distante: ter o judô comoprofissão. Passou a ser patrocinado por uma empresa de telefonia móvel e parou deimaginar como seria a tão suada casa que seu pai constrói há tantos anos (linha 43).A reportagem explica que no Pan de 2003 o atleta era promessa de medalha,mas que não se concretizou porque ele estava fraco demais. Ao mudarde categoria, de 60 kg para 66 Kg, e tentar a classificação para as olimpíadasde Atenas de 2004, não obteve a vaga e repensou a carreira (linha 60). O penúltimoe o último parágrafo explicam que:Mas João é rodeado por pessoas tão boas quanto ele. Acreditou no técnico AntonioCarlos Pereira, o Kiko, que o acompanha desde sempre e a quem chama de sensei(mestre). Seu João, o pai, e dona Vera, a mãe, abriram mão de seus sonhos para sonharcom ele. Aí João retornou com a mesma gana de sua estréia nos tatames, há 19 anos,quando achava que judô era sinônimo de ippons, o golpe perfeito – a luta terminavaem segundos e ele não entendia nada ‘ué, já acabou?’, pensava. Após a decepção, Joãotreinou de forma abnegada, não deu chances aos adversários do Brasil, ganhou a vagano Mundial do Egito de 2005 e foi campeão [...] (linha 78).Além da característica aguerrida, ainda é possível conferir que a reportagemdá ao atleta traços de um herói: “Neste domingo, será sua primeira chance deconquistar uma medalha bem perto de quem ele gosta. Mas vencendo ou perdendo,não tenha receio de se aproximar dele. João Derly gosta de pessoas” (linha 83).A quarta reportagem foi publicada na revista número 18, em 27.07. Areportagem não trata a respeito de atletas, mas da singularidade de uma torcedoraque foi escolhida para demonstrar que o comportamento guerreiro não éespecifico apenas de atletas.Laura Machado, cabeleireira de Novo Hamburgo, é uma grande torcedorado futebol feminino que decidiu inscrever-se para trabalhar como voluntáriado Pan para assistir a seleção das mulheres jogando. Após a confirmaçãode que fora selecionada ela decidiu ir de carro, sozinha, até o Rio de Janeiro, jáque não tinha dinheiro para a passagem.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010146
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