Maia e Oliveira. Futebol, Identidade e Memória: o Lance! do Consumo do Botafogo de 1962.decisão, o momento e a História do Fla vão prevalecer. (Benjamim Back, Opinião doEspecialista, 5)O momento e a circunstância estão ao lado do Flamengo. A maior torcida doMaracanã também. Por tudo isso, o favoritismo é rubro-negro. Mas existem coisas quesó acontecem com o Botafogo. Talvez seja nisto que o Alvinegro deva se prender paraevitar mais um vice muito amargo. (Daniel Bortoletto, Opinião do Especialista, 5)Não há a menor dúvida de que o Flamengo é o favorito para, mais uma vez, conquistaro Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Sendo assim, só resta ao Botafogo cumpriro seu dever e jogar dignamente mesmo sabendo que perderá a partida, certo? Errado.O que não falta na literatura do futebol são derrotas dos favoritos, principalmentequando enfrentam um time integrado por atletas que disputam o jogo de suas vidas.(Sérgio Cabral, A final carioca - de técnica e empenho, p. 36)As notícias pré-jogo estão em oito das 15 páginas (incluindo a capa) dedicadasà partida: na quatro, gráficos com momentos históricos, Nos pênaltis,não! prévia da decisão, assinada por André Kfouri. Na cinco, Rafael Cavalierifala a Visão do Fla; Carlos Monteiro escreve a Visão do Fogão, gráfico trazdados sobre o confronto: empate no confronto direto em decisões (dois títulospara cada lado), a busca do Flamengo pelo quinto tricampeonato estadual,a possibilidade de vencer o Botafogo na decisão pelo terceiro ano seguido esuperar o Fluminense no número de títulos, a sétima conquista em 11 finais,a aposentadoria do capitão rubro-negro e o técnico superar a fama de “vice”.Nas páginas 10 e 11, Armas para o título: desenhos e análise tática dos timese das possibilidades de jogadas. Na 12, o histórico em cobranças de pênalti,caso o jogo terminasse empatado: Loteria rubro-negra: Flamengo costuma se darbem em decisões por pênalti. Com o Botafogo é o oposto. Na 14, a metade inferiortinha uma publicidade da transmissão do jogo em uma emissora de TV. A outraparte chamada de Nação! tinha as notícias do Flamengo: jogadores avaliamos desfalques dos adversários e o aviso de que as entrevistas estavam na rádioLANCE!, na página do jornal na internet, a visita ao centro de treinamento deMehmet Aurélio, brasileiro naturalizado turco que começou nas categorias debase, a gafe no bandeirão da torcida em homenagem ao capitão Fábio Luciano(escreveu xerife com sh e teve que improvisar uma solução), duas notinhas sobreo cotidiano do clube, a planilha do treinamento (um acompanhamento feitopelo jornal), e a visita da família do técnico Cuca ao último treino. Na páginaao lado, 15, chamada de Glorioso! , a publicidade na metade inferior era cercade 25% menor, o que permitiu publicar mais informações. A confirmação deque o Maicosuel estava vetado, a pequena possibilidade do atacante Reinaldojogar, o outro atacante Victor Simões avaliando os desfalques e a nota de quea entrevista estava disponível na rádio LANCE!, o presidente tranquilo com aarbitragem por uma razão curiosa (como o cartola, o árbitro escalado para ojogo é cirurgião-dentista e levaria a ética da profissão para o campo), o quaseacerto de um reforço para o ataque no Campeonato Brasileiro, notinhas sobrea presença dos torcedores no último treino, a negociação para a implantação deprojeto social no estádio do clube e a planilha do treinamento. Na página 36,contracapa do jornal, o articulista Sérgio Cabral destaca o assunto no texto Afinal carioca - de técnica e empenho. Ao lado, outro destaque ao Flamengo, emLOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010157
Maia e Oliveira. Futebol, Identidade e Memória: o Lance! do Consumo do Botafogo de 1962.um boxe, um comentário do lateral Léo Moura sobre o jogo, que na visão dele,seria decidido em detalhes.Outras três páginas, as opiniões, brincadeiras e expectativas sobre o jogodos torcedores famosos e anônimos expressarem: na 9, os companheiros detrabalho e rivais naquele dia, os humoristas Marcelo Madureira (Flamengo) eHélio De La Peña (Botafogo). Na 13, Paixão pelo futebol e pela música - textosescritos pelos cantores Gabriel, o pensador (Flamengo) e Isabela Taviani(Botafogo). Detalhe: o espaço da coluna dele é um centímetro maior que odela. E na 16, mensagens de leitores sobre quem seria campeão. E o foco destaavaliação está em quatro páginas: o uso da memória pelo Jornalismo com finalidadede consumo.O diferencial da cobertura do Lance! em relação aos outros jornais estavaestampado na capa. Ao invés das fotos dos destaques das equipes atuais deFlamengo e Botafogo, o Lance! foi ao baú: a manchete Como nos velhos tempose o resumo: Dia de título. Maracanã lotado. De um lado, o Fla de Zico. De outro,o Bota de Garrincha. L! projeta como seria o duelo dos sonhos entre o Rubro-Negrode 81 e o Alvinegro de 62. Por que o interesse nestas equipes especificamente? Aresposta estava na capa e em páginas estratégicas da cobertura: a promoção queo jornal lançaria na terça-feira, dia 5: ao juntar selos, o leitor poderia comprara Camisa Histórica Oficial dos quatro grandes times do Rio de Janeiro, alémdo América. Os finalistas eram representados na promoção pelas equipes de1962 e 1981. Duas páginas da cobertura – seis e sete – são dedicadas à análisede quem venceria o hipotético confronto chamado pelo jornal de Duelo dosSonhos. O articulista Roberto Assaf descreveu a vitória do Flamengo por 3 x 0e o articulista Haroldo Habib falou sobre a vitória do Botafogo por 4 x 0.O confronto imaginado pelo Lance! evidencia que uma das formas deancorar e dar estrutura às identidades múltiplas é através do uso da memória.Hall (apud Woodward, 2000) analisa que a legitimação de determinada identidadepode acontecer através da referência a um suposto e autêntico passado –possivelmente um passado glorioso, mas, de qualquer forma, que parece “real”– que poderia validar a identidade reivindicada. Em artigo sobre memória,identidade e imprensa, Enne (2004) recorre a estudos anteriores para citar quea memória individual é como cada um manifesta a influência da sociedade:como age, reage, interage, pertence e partilha. A memória coletiva interliga asdiversas memórias individuais, parte do grupo “dono” daquela memória que,ao mesmo tempo, é um embate constante de versões convergentes e conflitantes.A autora recorre ao conceito de lugares de memória de Nora (1985, apudENNE, 2004) para ratificar o pertencimento e partilhamento comum e quea valorização mitifica o passado e fortalece a construção da identidade, visãocom a qual Pecenin (2007) concorda.(...) a mídia, detentora de arquivos sobre o passado, funciona como um “lugar dememória”, isto é, um indicador empírico da memória coletiva que a emprega comoelemento essencial para a construção e reafirmação da identidade nacional. Em outraspalavras, a memória social e coletiva pode ser usada na mídia para interpretar, eaté mesmo produzir, acontecimentos do presente de modo a definir e reforçar certasLOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010158
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