Mezzaroba e Pires. O agendamento midiático-esportivo: considerações a partir dos Jogos Pan-americanos Rio/2007.Considerações IniciaisTemos observado, nos últimos anos, uma participação cada vez maior eintensa da temática esportiva nos veículos midiáticos em geral, principalmentena televisão, na mídia impressa e recentemente na internet. Seja pelo acessofacilitado a determinadas práticas esportivas pela população em geral ou mesmopela veiculação de informações polissêmicas sobre o tema esportivo e suastransmissões, o campo esportivo vem ocupando importante espaço social nasociedade brasileira (e mundial), e com isso, os interesses – e as disputas de seusagentes – têm se alargado, tanto no espaço acadêmico com suas múltiplas áreasde interesse (a Educação Física, o jornalismo, a comunicação, a sociologia, aantropologia, a psicologia, a publicidade dentre tantos outros campos do conhecimento),como também no âmbito da sociedade, no cotidiano das pessoase nas representações sociais pertinentes ao esporte.Podemos dizer que é inegável que o esporte exerce fascínio nas pessoas,se pensarmos nas várias modalidades esportivas – do atletismo ao futebol, daginástica rítmica às lutas – pois há que se considerar o encantamento estéticoproduzido pela performance esportiva, com seus discursos, imagens e sons,opiniões de especialistas, e também da publicidade envolvida neste novo produtomercadológico que é o esporte espetacularizado.Ao longo dos anos, principalmente com a relação entre mídia e esporte cadavez se aproximando mais, imbricando-se e muitas vezes se confundindo, temosconstatado que o esporte vem recebendo uma atenção maior dos meios midiáticos,principalmente da televisão, aumentando seus espaços de transmissão esportiva(no caso brasileiro, vemos isso acontecer com o futebol – mas o vôlei, o basquete,a Fórmula 1 e certos esportes ditos “radicais” também são bons exemplos sobretal constatação), veiculando a isso interesses mercadológicos, sejam associadosà publicidade/propaganda ou mesmo da própria mídia em organizar e ao mesmotempo cobrir determinados eventos esportivos, bem como as ligações destesmesmos veículos midiáticos a organizações esportivas (como a FIFA – FederaçãoInternacional de Futebol e a CBF – Confederação Brasileira de Futebol).Articulando de maneira exemplar o gosto do público pelas atrações esportivascom os objetivos implícitos da inserção esportiva nas grades de programaçãoou mesmo nas pautas da imprensa, vemos que a mídia tem ajudadoa construir identidades, sejam elas locais, regionais e até mesmo nacionais pormeio do esporte, tendo na figura dos ídolos esportivos o “elemento principal”para estabelecer seus objetivos.Outra forma de visualizarmos essa relação entre mídia e esporte cada vezmais intensa, pode ser por meio dos grandes eventos esportivos e aquilo que seconfigura como o “agendamento” destes eventos, bem como sua repercussãono interior da sociedade. Para isso, os acontecimentos recentes são a melhorforma de exemplificação: o Brasil está vivendo, desde 2007 – e se prolongandoaté 2016 –, a chamada “década dos mega-eventos esportivos no Brasil”.Vimos, com certos “olhos de torcedor” os Jogos Pan-americanos Rio/2007(JPA/Rio-2007) há 3 anos. Sentimos certa exacerbação do nacionalismo verde-LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010125
Mezzaroba e Pires. O agendamento midiático-esportivo: considerações a partir dos Jogos Pan-americanos Rio/2007.amarelo voltando por meio do esporte. Chegamos a pensar que seríamos umapotência olímpica, na Olimpíada da China/2008, em função dos resultados obtidosnaquele evento no ano anterior. Falou-se em “legado” dos Jogos, apesar deque este legado ficou reduzido a algumas questões que não extrapolaram construçõesde equipamentos e espaços esportivos na cidade do Rio de Janeiro.Ao longo do tempo, como agora em 2010, em momento de realizaçãode Copa do Mundo de Futebol na África do Sul, as informações vão sendoapresentadas pela mídia. São informações que abordam questões técnicas domundo esportivo, de preparação das equipes e dos atletas, que focam suasvidas e seus treinamentos – às vezes adentrando-se em questões privativas quenão dizem respeito à esfera pública; informações sobre os aspectos da infra-estrutura(será que os estádios ficarão prontos? E as estradas, estarão terminadasaté o momento do evento começar? E os aeroportos e hotéis, estarão aptos areceber tanto turista?); de segurança do evento (será que a polícia está treinadao suficiente?); as “fofocas” das mais variadas (uniformes, estórias...); e como éde praxe ultimamente, a contagem regressiva que é feita quando a abertura doevento vai se aproximando (faltam “x’ dias para o início da Copa do Mundo!).São apenas alguns exemplos para mostrar como certas estratégias de agendamentoesportivo 1 vão sendo colocadas pela mídia para tratar de um grandeacontecimento: o esporte no auge de sua realização.No caso específico deste texto, apresentamos considerações sobre o agendamentomidiático-esportivo realizado em relação aos JPA/Rio-2007, que deuo “pontapé inicial” e, de certa forma, autorizou o Brasil a galgar a condição depais-sede de uma Copa do Mundo (em 2014) e, dois anos depois, a primeiraedição de Jogos Olímpicos em continente sul-americano.São considerações que passam pela forma como a mídia constrói e veiculasua informação, a partir do entendimento do conceito de agenda-setting(melhor abordado em seguida), o qual traduzimos como agendamento, e, nasequência, tratamos do agendamento esportivo em torno dos JPA/Rio-2007, evidenciandoalgumas estratégias utilizadas pela mídia no tocante a este evento,como por exemplo, a utilização de elementos da identidade local, regional enacional, bem como da figura dos ídolos esportivos.Importante destacar que os escritos deste texto são de dois professores/pesquisadores da área da Educação Física/Ciências do Esporte, que vêem, emsuas pesquisas e atuações profissionais, a possibilidade de articulação destecampo do conhecimento com o campo jornalístico, pensando em estratégiasde mídia-educação no interior da Educação Física, pela riqueza de elementosque a imprensa traz em relação à cultura esportiva, à cultura midiática, naconstrução de identidades e na utilização da figura dos ídolos como forma desustentar discursos e imagens.A hipótese da agenda-setting e o agendamento esportivoDe forma geral, e bastante resumida, podemos situar três paradigmas atéentão no campo das teorias da comunicação.LOGOS <strong>33</strong>Comunicação e Esporte. Vol.17, Nº02, 2º semestre 2010126
- Page 3 and 4:
CATALOGAÇÃO NA FONTEUERJ/Rede Sir
- Page 5 and 6:
LOGOS - EDIÇÃO Nº 33 - VOL 17, N
- Page 7 and 8:
165176191Temas LivresTango, Samba e
- Page 9 and 10:
De qualquer modo, a iniciativa da L
- Page 11 and 12:
Estudos Sociais do Esporte:vicissit
- Page 13 and 14:
Gastaldo. Estudos Sociais do Esport
- Page 15 and 16:
Gastaldo. Estudos Sociais do Esport
- Page 17 and 18:
Gastaldo. Estudos Sociais do Esport
- Page 19 and 20:
Gastaldo. Estudos Sociais do Esport
- Page 21 and 22:
Futebol (argentino) pela TV: entre
- Page 23 and 24:
Alabarces e Duek. Fútbol (argentin
- Page 25 and 26:
Alabarces e Duek. Fútbol (argentin
- Page 27 and 28:
Alabarces e Duek. Fútbol (argentin
- Page 29 and 30:
Alabarces e Duek. Fútbol (argentin
- Page 31 and 32:
Alabarces e Duek. Fútbol (argentin
- Page 33 and 34:
Alabarces e Duek. Fútbol (argentin
- Page 35 and 36:
Lovisolo. Mulheres e esporte: proce
- Page 37 and 38:
Lovisolo. Mulheres e esporte: proce
- Page 39 and 40:
Lovisolo. Mulheres e esporte: proce
- Page 41 and 42:
Lovisolo. Mulheres e esporte: proce
- Page 43 and 44:
Lovisolo. Mulheres e esporte: proce
- Page 45 and 46:
Marques. A função autor e a crôn
- Page 47 and 48:
Marques. A função autor e a crôn
- Page 49 and 50:
Marques. A função autor e a crôn
- Page 51 and 52:
Marques. A função autor e a crôn
- Page 53 and 54:
Marques. A função autor e a crôn
- Page 55 and 56:
Marques. A função autor e a crôn
- Page 57 and 58:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 59 and 60:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 61 and 62:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 63 and 64:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 65 and 66:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 67 and 68:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 69 and 70:
Aguiar e Prochnik.Quanto vale uma p
- Page 71 and 72:
Costa. Futebol folhetinizado. A imp
- Page 73 and 74:
Costa. Futebol folhetinizado. A imp
- Page 75 and 76:
Costa. Futebol folhetinizado. A imp
- Page 77 and 78:
Costa. Futebol folhetinizado. A imp
- Page 79 and 80: Costa. Futebol folhetinizado. A imp
- Page 81 and 82: Costa. Futebol folhetinizado. A imp
- Page 83 and 84: A visão bipolar do pódio:olímpic
- Page 85 and 86: Novais. A visão bipolar do pódio:
- Page 87 and 88: Novais. A visão bipolar do pódio:
- Page 89 and 90: Novais. A visão bipolar do pódio:
- Page 91 and 92: Novais. A visão bipolar do pódio:
- Page 93 and 94: Novais. A visão bipolar do pódio:
- Page 95 and 96: O surfe brasileiro e as mídiassono
- Page 97 and 98: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 99 and 100: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 101 and 102: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 103 and 104: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 105 and 106: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 107 and 108: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 109 and 110: Fortes. O surfe brasileiro e as mí
- Page 111 and 112: Blogs futebolísticos no Brasil e n
- Page 113 and 114: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 115 and 116: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 117 and 118: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 119 and 120: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 121 and 122: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 123 and 124: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 125 and 126: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 127 and 128: Prudkin. Blogs futbolísticos en el
- Page 129: O agendamento midiáticoesportivo:c
- Page 133 and 134: Mezzaroba e Pires. O agendamento mi
- Page 135 and 136: Mezzaroba e Pires. O agendamento mi
- Page 137 and 138: Mezzaroba e Pires. O agendamento mi
- Page 139 and 140: Mezzaroba e Pires. O agendamento mi
- Page 141 and 142: Mezzaroba e Pires. O agendamento mi
- Page 143 and 144: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 145 and 146: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 147 and 148: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 149 and 150: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 151 and 152: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 153 and 154: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 155 and 156: Silveira e Esteves. Entre a memóri
- Page 157 and 158: Maia e Oliveira. Futebol, Identidad
- Page 159 and 160: Maia e Oliveira. Futebol, Identidad
- Page 161 and 162: Maia e Oliveira. Futebol, Identidad
- Page 163: Maia e Oliveira. Futebol, Identidad
- Page 166 and 167: Maia e Oliveira. Futebol, Identidad
- Page 168 and 169: Maia e Oliveira. Futebol, Identidad
- Page 170 and 171: Tango, Samba e IdentidadesNacionais
- Page 172 and 173: Helal e Lovisolo.Tango, Samba e Ide
- Page 174 and 175: Helal e Lovisolo.Tango, Samba e Ide
- Page 176 and 177: Helal e Lovisolo.Tango, Samba e Ide
- Page 178 and 179: Helal e Lovisolo.Tango, Samba e Ide
- Page 180 and 181:
Helal e Lovisolo.Tango, Samba e Ide
- Page 182 and 183:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 184 and 185:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 186 and 187:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 188 and 189:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 190 and 191:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 192 and 193:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 194 and 195:
Caiafa. Segunda Linha: comunicaçã
- Page 196 and 197:
Apontamentos sobre a relaçãoentre
- Page 198 and 199:
Maia e Pereira. Apontamentos sobre
- Page 200 and 201:
Maia e Pereira. Apontamentos sobre
- Page 202 and 203:
Maia e Pereira. Apontamentos sobre
- Page 204 and 205:
Maia e Pereira. Apontamentos sobre
- Page 206 and 207:
Maia e Pereira. Apontamentos sobre