PLANO ESTRATÉGICO DO TURISMO NÁUTICO NA BAÍA DE TODOS-OS-SANTOSSECRETARIA DE TURISMO DA BAHIAOs mapas a seguir indicam, primeiramente, alocalização da Baía de To<strong>do</strong>s-os-Santos em relação àsdemais regiões turísticas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, conformezoneamento da Setur, e o segun<strong>do</strong> mapa, os municípiosque integram a região da <strong>BTS</strong> e que fazem parte <strong>do</strong>escopodeste <strong>Plano</strong> Estratégico.abasteciam-se de víveres e mantimentos ou,simplesmente, aguardavam por condições de vento etempoadequa<strong>do</strong>s paraa partida.Com a abertura <strong>do</strong>s portos em 1808, a provínciaacompanhou a multiplicação <strong>do</strong>s contatos com oexterior, em especial com a Inglaterra e os Esta<strong>do</strong>sZo<strong>na</strong>s Turísticas da BahiaMunicípios que compõema<strong>BTS</strong>Fonte: SeturFonte: SeturCONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICAO primeiro século no Brasil Colônia registrou oinício das atividades produtivas no Recôncavo com oaparecimento de fazendas e engenhos volta<strong>do</strong>s para acultura da ca<strong>na</strong>-de-açúcar. A falta de vias de acesso porterra <strong>do</strong>tou as águas da <strong>BTS</strong> e os rios <strong>na</strong>vegáveis em suaorla de uma importância vital, tanto para romper oisolamento <strong>do</strong>s núcleos populacio<strong>na</strong>is que iam surgin<strong>do</strong>,para garantir o fluxo das merca<strong>do</strong>rias. Por volta de 1589eram mais de 1.400 embarcações em uso <strong>na</strong> Bahia eserviam a todas as fazendas por mar, sen<strong>do</strong> que muitosengenhos tinham à sua disposição vasto número deembarcações.Salva<strong>do</strong>r tornou-se importante entroncamentoportuário da América <strong>do</strong> Sul. Segun<strong>do</strong> Mattoso (1992),nos séculos XVII e XVIII, o Porto de Salva<strong>do</strong>r registravaum fluxo regular de embarcações provindas de alto mar,que permaneciam em águas baia<strong>na</strong>s em média por trêsmeses. Durante esse perío<strong>do</strong> realizavam reparos,Uni<strong>do</strong>s. O crescimento da atividade portuária exigiumaiores contingentes de trabalha<strong>do</strong>res. Homens queconheciam a baía eram envia<strong>do</strong>s ao limite da barra falsa,em pontos como Morro de São Paulo, para esperar econduzir os <strong>na</strong>vios em segurança até a atracação. Outrosse ocupavam das tarefas da estiva e carga dasembarcações, fornecimento de mantimentos,manutenção, etc. A Cidade Baixa tomou a feição deespaço prioritárioda <strong>na</strong>vegaçãoe<strong>do</strong> Comércio.A pescaartesa<strong>na</strong>l fixou-se como um importantemeio de subsistência para a população litorânea da Bahia.A partir de 1603, a náutica pesqueira <strong>na</strong> Bahia assumiunovos contornos. Pedro Urecha trouxe de Portugalhomens e embarcações que se prestavam à pesca dabaleia, que era perseguida em barcos a vela queprecisavam oferecer suficiente agilidade e capacidade demanobra. Além disso, a tarefa exigia elevada destreza eperícia de seus marinheiros. Nasceu daí uma prósperaindústria em torno da extração <strong>do</strong> óleo com a criação das“armações”.6
Quadro 1 Crescimento Populacio<strong>na</strong>l nos Municípios da Baía de To<strong>do</strong>s-os-SantosPLANO ESTRATÉGICO DO TURISMO NÁUTICO NA BAÍA DE TODOS-OS-SANTOSSECRETARIA DE TURISMO DA BAHIAA pujança dessa economia produziuverdadeiras fortu<strong>na</strong>s. Em 1850, a atividade empregavaalgo em torno de 2.000 pessoas e fazia uso de 100 a 200embarcações. Na história náutica baia<strong>na</strong> o papel <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> foi relevante. Inicialmente, através de atos efavorecimentos da metrópole e <strong>do</strong>s gover<strong>na</strong>ntescoloniais que privilegiavam a construção e <strong>na</strong>vegaçãolocal e priorizavam a organização de uma MarinhaMercanteeArmadade Guerra <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.Estimulou-se com autorizações oficiais eisenções fiscais e tributárias a criação de instalaçõesmilitares e civis dedicadas às artes <strong>na</strong>vais. Já no ano de1555, o alvará de 20 de junho determinou aocomandante da Capitania da Bahia a construção de<strong>na</strong>vios que se prestassem à defesa da costa. Estaprimeira medida tinhacomoobjetivocriaroembriãodeuma Marinha Colonial, tantodeguerracomo mercante,construídaem terras brasileiras.A Coroa favoreceu a construção deembarcações de mais de 130 tonéis¹e decretou isençãode imposto para barcos a remo com mais de 15 bancos.Além disso, a Metrópole determinou que todacomunicação entre as capitanias fosse feitaexclusivamente por via marítima. Com a carta régia de1650 a colônia ficou obrigada a construir a cada ano umgaleão entre 700 e 800 tonéis. No século seguinte,outros incentivos buscaram impulsio<strong>na</strong>r a <strong>na</strong>vegação econstrução <strong>na</strong>val no Brasil. Em 1847 existiam <strong>na</strong> Bahia14 estaleiros, que, em sua maioria, se dedicavam àprodução de embarcações para o tráfego marítimo <strong>na</strong><strong>BTS</strong>. O número de operários liga<strong>do</strong>s a essesestabelecimento chegaria, anos mais tarde, a 518pessoas.O desenvolvimento das atividades náuticasem Salva<strong>do</strong>r e no Recôncavo Baiano fez crescer aparcela da população que dependia <strong>do</strong> mar para viver.Em 1847, a Bahia possuía 1.176 embarcações emoperaçãoe 2.547 tripulantes registra<strong>do</strong>s (Câmara, 1911).Dos saveiristas, pesca<strong>do</strong>res, barqueiros, marinheiros,rema<strong>do</strong>res, carpinteiros, calafates e outros mais,derivam crenças, tradição e cultura que deram aobaianoacaracterísticadepovo liga<strong>do</strong>àvida no mar.Antigo Cais das AmarrasNo início <strong>do</strong> século XIX, aconteceu <strong>na</strong> Bahia aprimeira experiência de <strong>na</strong>vegação avapor no Brasil. D.João VI havia decreta<strong>do</strong> a incorporação de umacompanhia de <strong>na</strong>vegação a vapor em portos e rios daCapitania. Deste evento, resultou uma linha regularque ligou duas cidades até o perío<strong>do</strong> das guerras daindependência e, posteriormente, com o apoio <strong>do</strong>sGovernos Regio<strong>na</strong>is, no desenvolvimento da<strong>na</strong>vegação a vapor e suas linhas regulares pela costa <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>.A Companhia Bonfim apareceu em 1847,estabelecen<strong>do</strong> uma linha entre Salva<strong>do</strong>r e a cidade deValença. Outra empresa de <strong>na</strong>vegação, a Santa Cruz,surgiu em 1852, para explorar a <strong>na</strong>vegação costeira.Detinha o privilégio <strong>do</strong> serviço para a faixacompreendida entre Maceió e Caravelas, pelo prazo de20 anos. Em 1853, a fusãodasduascompanhiasresultou<strong>na</strong>criaçãoda Companhia Bahia<strong>na</strong>de Navegação.A partirde 1891, a “Bahia<strong>na</strong>” passouapertencerao Lloyd Brasileiro e tentou a<strong>do</strong>tar um modelo degestão semelhante ao das suas congêneres estrangeiras<strong>na</strong> <strong>na</strong>vegação de longo curso. Sob a gestão <strong>do</strong> Lloyd,iniciou-se o processo de decadência <strong>do</strong> serviço. Nocomeço <strong>do</strong> século XX, a empresa passou ao poder <strong>do</strong>engenheiro Alencar Lima, que a manteve sob controleaté 1909, quan<strong>do</strong> o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> decretou seuencampamento.1.A capacidade <strong>do</strong>s <strong>na</strong>vios era medida pelo número de tonéis que poderia levar a bor<strong>do</strong>, cada tonel correspondia ao volume de um barril e 1,20m de comprimento e 80cm delargura. Bueno, 1998.7