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Patriotas e traidores - Fundação Perseu Abramo

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376 PATRIOTAS E TRAIDORES“Que próxima vez!? Não vai haver próxima vez nem em mil anos.”Os dois amigos então se separaram sem boa-noite e se arrastarampara casa com o passo de homens mortalmente feridos. Em casa, asduas mulheres se levantaram com um ansioso “E então?”... e viram aresposta em seus olhos e se perderam em tristeza, sem esperar as palavras.Nas duas casas começou uma discussão acalorada, uma coisaanormal; já houvera discussões antes, mas nenhuma acalorada, eramsempre educadas. As discussões daquela noite foram quase um plágiouma da outra. A Sra. Richards disse:“Você podia ter esperado, Edward... Devia ter parado para pensar,mas não, tem de sair feito um louco até o jornal e contar para o mundotodo”.“A carta dizia ‘publique’.”“Isso não quer dizer nada; ela também dizia que, se você preferisse,podia fazer uma investigação discreta. Era verdade ou não era?”“Era, era, mas quando eu pensei na comoção que ia ser, como iaser importante Hadleyburg ter sido a única merecedora da confiançado estrangeiro...”“É claro, eu bem sei disso tudo; mas, se você tivesse parado parapensar, veria que era impossível encontrar o homem, porque ele estáenterrado e não deixou ninguém, nem filho, nem parente, nem namorada;e que o dinheiro iria para quem precisava tanto, e que ninguémseria prejudicado, e... e...”Ela rompeu a chorar. O marido tentou pensar em alguma coisaconfortadora para lhe dizer, e saiu-se com esta:“Mas afinal, Mary, deve estar tudo certo, tem de estar; a gente sabeque está. E não podemos esquecer que essa foi a ordem que recebemos...”“Ordem! Tudo é ordem quando uma pessoa tem que inventar umadesculpa para tanta estupidez. Mesmo assim, foi também ordenadoque o dinheiro viesse a nós dessa maneira especial, mas você tem dediscutir os desígnios da Providência, quem lhe deu esse direito? Foiuma maldade, uma presunção blasfema, que não condiz com um humildeprofessor de...”

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