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Patriotas e traidores - Fundação Perseu Abramo

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FICÇÃO E JORNALISMO383representando mentiras? Então, por que não contar mentiras? Veja aMary, veja o que ela fez. Enquanto ele saía correndo para cumprir oseu dever, o que ela estava fazendo? Ficou lamentando não ter destruídoos papéis e guardado o dinheiro! E então, roubo não é pior que mentira?Aquela questão então parou de incomodar; a mentira se foi e ficoua tranqüilidade. A questão seguinte tomou o seu lugar: será queele havia mesmo prestado o serviço? Bem, havia a evidência oferecidapelo próprio Goodson na carta de Stephenson, não poderia havermelhor evidência, era uma prova definitiva de que ele havia mesmofeito aquele favor. Claro. Então aquela questão estava definida... Não,não totalmente. Lembrou-se assustado de que esse desconhecido, o Sr.Stephenson, não estava completamente seguro de ter sido mesmoRichards a pessoa que havia realmente prestado tal serviço... e, alémde tudo, ele havia invocado a honra de Richards! Ele tinha de resolversozinho para onde devia ir o dinheiro... e o Sr. Stephenson tinha certezade que, não fora ele o homem, ele iria honradamente procurar eencontrar o homem certo. Era odioso colocar um homem em semelhantesituação... Stephenson bem que podia ter esquecido de mencionaraquela dúvida! Por que a inventou?Pensou mais um pouco. Por que o nome de Richards ficou namemória de Stephenson como sendo o do homem certo, por que nãoficou outro nome qualquer? Era um bom sinal. É. Era um ótimo sinal.De fato, a cada instante a coisa ficava cada vez melhor, até que, poucoa pouco, acabou se transformando numa prova indiscutível. EntãoRichards tratou de esquecer o assunto, pois tinha a impressão instintivade que, uma vez definida uma prova, o melhor era deixá-la quieta.Ele agora estava razoavelmente bem, mas havia ainda um outrodetalhe que insistia em ser notado: é evidente que ele havia feito ofavor, disso não havia dúvida; mas qual teria sido o favor? Ele tinha dese lembrar, não ia conseguir dormir enquanto não se lembrasse; paraser completa, sua paz de espírito dependia disso. Então ele pensou,pensou. Pensou numa dúzia de coisas – favores possíveis, serviços prováveis–, mas nenhuma delas parecia adequada, nenhuma delas pare-

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