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Relatório Anual - 2002 - Banco de Portugal

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Capítulo II Economia Portuguesa II.2. Política OrçamentalCaixa II.2.2. PERSPECTIVAS ORÇAMENTAIS PARA 2003No início <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, o Governo entregou na Assembleia da República a Proposta <strong>de</strong> Lei doOrçamento do Estado para 2003 (OE2003), fixando simultaneamente o objectivo para o défice das administraçõespúblicas, na óptica das Contas Nacionais, em 2.4 por cento do PIB. Este valor representouuma revisão em alta do défice das administrações públicas relativamente ao objectivo assumido na actualizaçãodo Programa <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2001 (1.0 por cento do PIB). Tal revisão foi justificada,em larga medida, pelo efeito <strong>de</strong> base resultante da reavaliação em alta do valor dos défices <strong>de</strong> 2001e <strong>2002</strong>, ocorrida em meados <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, e pela revisão substancial das perspectivas macroeconómicas. Naactualização do Programa <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> <strong>2002</strong> e na notificação do procedimento dosdéfices excessivos <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2003, o Governo manteve o objectivo para o défice das administraçõespúblicas em 2.4 por cento do PIB, apesar do cenário macroeconómico em que se baseou o Programa <strong>de</strong>Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> <strong>2002</strong> se situar no limite inferior do intervalo para o crescimento utilizadona elaboração do OE2003 (1.25 por cento para a taxa <strong>de</strong> crescimento do PIB real).As previsões apresentadas no OE2003 estão presentemente <strong>de</strong>sactualizadas. Em primeiro lugar, ocrescimento económico registou uma <strong>de</strong>saceleração significativa no final <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, o que implica uma revisãoem baixa do crescimento para 2003. Em paralelo, observou-se no final <strong>de</strong> <strong>2002</strong> um aumento significativoda taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Tais alterações no cenário macroeconómico terão essencialmente repercussõesno crescimento das receitas correntes, por via do menor crescimento da base fiscal, e no crescimentodas <strong>de</strong>spesas correntes, por via do aumento das <strong>de</strong>spesas com subsídios <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Em segundolugar, o valor da receita fiscal em <strong>2002</strong>, embora não muito diferente do apresentado no Relatóriodo OE2003, foi muito afectado pelos recebimentos resultantes do programa <strong>de</strong> regularização <strong>de</strong> dívidasfiscais, alterando a base relevante para a previsão das receitas fiscais em 2003.Do lado da receita, o OE 2003 apresenta algumas medidas <strong>de</strong> agravamento fiscal e reflecte efeitos<strong>de</strong>sfasados <strong>de</strong> medidas tomadas em <strong>2002</strong>. O crescimento das receitas <strong>de</strong> impostos sobre o rendimento epatrimónio <strong>de</strong>verá ser afectado pelo aumento dos valores a pagar no âmbito dos pagamentos especiaispor conta no IRC. Por outro lado, a receita do IRS beneficiará da actualização das tabelas <strong>de</strong> retenção nafonte muito acima da inflação esperada ocorrida em <strong>2002</strong>. Esta situação implicou a diminuição das retençõesna fonte ao longo do ano <strong>de</strong> <strong>2002</strong> e levará a uma diminuição dos reembolsos em 2003. Por fim,em 2003, sentir-se-á o efeito pleno da redução da taxa do IRC <strong>de</strong> 32 para 30 por cento, incluída noOE<strong>2002</strong>. A receita dos impostos sobre a produção e importação beneficiará do aumento da taxa normaldo IVA <strong>de</strong> 17 para 19 por cento, ocorrida em Junho <strong>de</strong> <strong>2002</strong> (dado que a nova taxa será aplicada às transacçõesdurante todo o ano <strong>de</strong> 2003) e do imposto sobre o tabaco em 2003. Contudo, estes efeitos não permitemjustificar as elevadas taxas <strong>de</strong> crescimento implícitas no OE2003, quando calculadas relativamenteaos valores registados em <strong>2002</strong>, corrigidos <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> medidas extraordinárias (ver Quadro 1).A execução orçamental do Estado nos primeiros meses <strong>de</strong> 2003 corrobora a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se atingiremos valores das receitas fiscais consi<strong>de</strong>rados no OE2003.O crescimento da <strong>de</strong>spesa corrente apresentado no OE 2003 resulta, parcialmente, do crescimentomo<strong>de</strong>rado das <strong>de</strong>spesas com pessoal e do controlo das <strong>de</strong>spesas com consumos intermédios. Para asseguraro cumprimento <strong>de</strong>stes objectivos, o OE2003 apresenta como orientações a redução e o redimensionamentodas estruturas e recursos existentes, o controlo muito apertado na admissão <strong>de</strong> novos trabalhadorese a actualização reduzida da tabela salarial, que se fixou posteriormente em cerca <strong>de</strong> 0.4 por cento emtermos médios (embora mantendo inalterados os sistemas <strong>de</strong> promoções e progressões <strong>de</strong> carreiras). NoOE2003, os pagamentos sociais excluindo prestações sociais em espécie continuam a crescer a taxas elevadas,o que resulta, no essencial, do aumento da <strong>de</strong>spesa com o pagamento <strong>de</strong> pensões e dos subsídios <strong>de</strong><strong>de</strong>semprego. Finalmente, pela sua relevância, é ainda <strong>de</strong> referir a imposição <strong>de</strong> um acréscimo nulo ao endividamentolíquido da administração local em 2003. As medidas <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa apresentadas104 <strong>Banco</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> / Relatório <strong>Anual</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong>

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