17.07.2015 Views

Relatório Anual - 2002 - Banco de Portugal

Relatório Anual - 2002 - Banco de Portugal

Relatório Anual - 2002 - Banco de Portugal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Introduçãorios reais, a consequência será um significativoaumento do <strong>de</strong>semprego estrutural na economiaportuguesa.O retomar <strong>de</strong> uma tendência mais pronunciada<strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração do crédito para habitaçãonos primeiros meses <strong>de</strong> 2003 <strong>de</strong>ve ser encaradocomo favorável. No processo <strong>de</strong> ajustamentoem curso, é <strong>de</strong>sejável que o rácio da dívidabruta dos particulares estabilize, o que pareceestar <strong>de</strong> facto a ocorrer. Doutra forma, po<strong>de</strong>r-se-iamagravar os riscos associados a aumentosdo <strong>de</strong>semprego e eventuais subidas futurasdas taxas <strong>de</strong> juro. Quando a recuperaçãodo crescimento europeu se materializar, as taxascomeçarão a subir e, nessa altura, o grau <strong>de</strong>esforço das famílias para servir a dívida po<strong>de</strong>aumentar significativamente. Os níveis historicamentemuito baixos, e ainda em redução, dastaxas <strong>de</strong> juro do crédito à habitação têm permitidoque o aumento do capital em dívida não setraduza em subidas significativas do esforçopara servir a dívida. Porém, não é sustentávelprojectar para o futuro crescimentos <strong>de</strong> endividamentopara aquisição <strong>de</strong> habitação como nopassado. É, por isso, <strong>de</strong> toda a conveniênciaque as famílias e os bancos avaliem com rigoros riscos associados a expansões adicionais <strong>de</strong>crédito, mesmo que à habitação.O facto do processo <strong>de</strong> ajustamento da economiaportuguesa estar a <strong>de</strong>correr num quadrointernacional pouco favorável amplia os custosem termos <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Éfundamental que haja consciência, no entanto,que o ajustamento é inevitável e implicaria, emqualquer caso, uma paragem, por algum tempo,do processo <strong>de</strong> convergência real para osníveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mais elevados dageneralida<strong>de</strong> dos outros países da área do euro.A recuperação do crescimento económico teráque vir do dinamismo da procura externa e darecuperação <strong>de</strong> confiança por parte dos agenteseconómicos privados, após o ajustamento emcurso das suas situações financeiras. A retoma<strong>de</strong> diferenciais positivos <strong>de</strong> crescimento face aoconjunto da área do euro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá tambémda capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem efectuadas reformasessenciais em vários domínios, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a prestação<strong>de</strong> serviços públicos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> a enquadramentoslegais que favoreçam a capacida<strong>de</strong>competitiva da economia portuguesa. O <strong>de</strong>safioserá consegui-lo em simultâneo com umprocesso <strong>de</strong> consolidação orçamental. É essencialque quaisquer reformas económicas quepossam ter impacto orçamental no sentido doagravamento do défice sejam à partida explicitamentecompensadas com outras medidasdiscricionárias <strong>de</strong> poupança, <strong>de</strong> carácter estrutural.Como assinalado repetidamente pelo<strong>Banco</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, a situação actual das finançaspúblicas portuguesas é bastante <strong>de</strong>sfavorávele seria ilusório consi<strong>de</strong>rar que existe margem<strong>de</strong> manobra para introduzir estímulos orçamentaissobre a forma <strong>de</strong> aumento líquido <strong>de</strong><strong>de</strong>spesa ou <strong>de</strong> redução líquida <strong>de</strong> impostos,com vista a estimular o crescimento económico.Por um lado, se não forem tomadas medidas<strong>de</strong> consolidação adicionais, dados os fracoscrescimentos da procura interna privada e daprocura externa, o défice público agravar-se-ápara valores inaceitáveis. Por outro lado, umeventual estímulo nas actuais circunstânciasprovocaria um mero adiamento do ajustamento,nomeadamente ao nível do <strong>de</strong>sequilíbrioexterno, com a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> aumentar aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, quando ocorresse, serainda mais forte e mais brusco. De facto, nopassado, a política orçamental expansionistacontribuiu para estimular adicionalmente omercado <strong>de</strong> trabalho e o sector não transaccionávelda economia, que estavam <strong>de</strong>masiadoaquecidos e não necessitavam <strong>de</strong>sses estímulos,criando por essa via, ao mesmo tempo, condiçõesmais adversas ao funcionamento dasempresas sujeitas a maior concorrência do exterior,que se traduziram na ampliação do déficeexterno. Desta forma, a consolidação orçamentalportuguesa, para além <strong>de</strong> ser necessáriapara se voltarem a cumprir as disposições doPacto <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> e Crescimento, a que <strong>Portugal</strong>está obrigado, é fundamental, sobretudo,para se assegurar que o processo endógeno <strong>de</strong>ajustamento em curso do sector privado prosseguecom os custos mínimos possíveis para ocrescimento e o emprego.<strong>Banco</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> / Relatório <strong>Anual</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> 13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!