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edição de 24 de junho de 2019

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opinião<br />

Alê Oliveira<br />

Cannes,<br />

criativida<strong>de</strong><br />

e ativismo<br />

Marcio Borges<br />

Cannes é um festival sobre criativida<strong>de</strong>.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do que isso<br />

signifique ou como a criativida<strong>de</strong> é direcionada,<br />

o fato é que as marcas estão<br />

cada vez mais manifestando - <strong>de</strong> forma<br />

clara - suas i<strong>de</strong>ologias, seus propósitos e<br />

principalmente suas formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

e <strong>de</strong> atuar no mundo em que vivemos. E,<br />

por isso, elas <strong>de</strong>mandam criativida<strong>de</strong> para<br />

pensar e expressar os seus propósitos.<br />

Neste ano, três dos oito gran<strong>de</strong>s temas<br />

do festival, envolvem, <strong>de</strong> certa maneira<br />

e em complexida<strong>de</strong>s diferentes, causas e<br />

propósitos para ajudar a transformar culturalmente<br />

o mundo em que vivemos. E<br />

são sobre eles que quero refletir.<br />

O primeiro é sobre igualda<strong>de</strong>,<br />

diversida<strong>de</strong> e inclusão.<br />

De que forma as empresas estão<br />

<strong>de</strong> fato <strong>de</strong>ixando o mundo<br />

mais justo e equilibrado.<br />

O segundo é sobre como a criativida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser uma força para o bem, ou seja,<br />

<strong>de</strong> que forma a criativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> inspirar<br />

e ser uma força capaz <strong>de</strong> promover uma<br />

transformação <strong>de</strong> hábitos e culturas no<br />

mundo. Uma maneira das marcas e das<br />

empresas preencherem o vazio <strong>de</strong>ixado<br />

por políticos, governos e instituições. O<br />

terceiro e, na minha opinião, o mais importante<br />

<strong>de</strong>les, pois é um tema que não<br />

<strong>de</strong>ixa todos os outros serem apenas discursos,<br />

aborda a raiz <strong>de</strong> todas as transformações<br />

e trata sobre confiança, ética e<br />

transparência.<br />

Em cima <strong>de</strong>sses três pontos, o festival<br />

em si já é cheio <strong>de</strong> simbologias. O kit <strong>de</strong><br />

boas-vindas é formado por uma garrafa<br />

<strong>de</strong> vidro para ser reabastecida em pontos<br />

<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água que são i<strong>de</strong>ntificados<br />

e mapeados por um aplicativo.<br />

Através <strong>de</strong>le, é possível ainda ajudar outras<br />

pessoas a localizarem esses pontos,<br />

retirando as garrafas plásticas <strong>de</strong> circulação.<br />

A própria caixa, <strong>de</strong> papelão reciclado,<br />

já vem com a mensagem: “Eu acredito<br />

em você. Inspire a mudança”.<br />

A sacola do festival, que normalmente<br />

todos os participantes carregam diariamente,<br />

foi produzida pela Bags of Ethics.<br />

Essa sacola, além <strong>de</strong> ajudar a retirar mais<br />

plástico do mundo pois são reutilizáveis,<br />

são produzidas <strong>de</strong> forma totalmente sustentável,<br />

com materiais que não agri<strong>de</strong>m<br />

o meio ambiente e eticamente responsável<br />

em toda a sua ca<strong>de</strong>ia produtiva.<br />

Percebam que ainda nem escrevi sobre<br />

as apresentações ou sobre os prêmios.<br />

Afinal, o festival é uma arena <strong>de</strong> compartilhamento<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e conhecimento e<br />

também é uma competição.<br />

Nas apresentações, dois gran<strong>de</strong>s grupos<br />

transformacionais ficam evi<strong>de</strong>ntes:<br />

a tecnologia, que modifica o consumo e<br />

a maneira <strong>de</strong> consumir em<br />

todas as formas e cada vez<br />

mais rápido e, do outro lado,<br />

o consumidor que quer marcas<br />

que se alinhem com suas<br />

crenças, i<strong>de</strong>ais e pontos <strong>de</strong><br />

vista sobre o mundo. Na verda<strong>de</strong>, o consumidor<br />

talvez não queira nem as marcas,<br />

ele quer apenas seus i<strong>de</strong>ais executados.<br />

Se a marca o ajudar nisso, ele a adota.<br />

“o festival em<br />

si já é cheio <strong>de</strong><br />

simbologias”<br />

Sobre os prêmios, o fato relevante é<br />

que, embora ainda não sejam todos, não<br />

sejam unânimes e não seja novo, cada vez<br />

mais as premiações envolvem alguma<br />

causa que foi adotada, li<strong>de</strong>rada, ou no mínimo<br />

comunicada por marcas e produtos.<br />

Agrupando todos esses elementos, fica<br />

evi<strong>de</strong>nte que as marcas terão que adotar<br />

um propósito claro e serem protagonistas<br />

no seu mercado. Essa postura <strong>de</strong>ixa as<br />

marcas expostas a todos que sejam contrários<br />

aquilo que elas estejam <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo,<br />

as colocando em alvo para <strong>de</strong>terminados<br />

grupos.<br />

O ponto é: daqui pra frente, cada vez<br />

mais, as marcas para serem consi<strong>de</strong>radas,<br />

terão que <strong>de</strong>ixar o confortável espaço da<br />

neutralida<strong>de</strong> e assumirem publicamente<br />

aquilo que elas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m e fazem, se tornando<br />

ativistas <strong>de</strong> alguma i<strong>de</strong>ologia.<br />

Marcio Borges é VP executivo e diretor-geral<br />

da WMcCann Rio<br />

marcio.borges@wmccann.com<br />

jornal propmark - <strong>24</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 53

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