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edição de 24 de junho de 2019

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utilizada na comunicação como<br />

forma <strong>de</strong> gerar empatia entre as<br />

marcas e os seus diversos públicos,<br />

por meio da criação <strong>de</strong><br />

um personagem que traduz <strong>de</strong><br />

forma lúdica e/ou inspiradora<br />

os conceitos <strong>de</strong> comunicação da<br />

marca”, explica.<br />

Décadas se passaram entre os<br />

dois Friozinhos da Pernambucanas,<br />

e o elo com os consumidores<br />

permanece. Essa conexão é<br />

um dos pontos ressaltados por<br />

Maria Matuck, professora da<br />

ESPM e especialista em criativida<strong>de</strong><br />

na área <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />

propaganda. Para ela, por mais<br />

que a tecnologia evolua, o vínculo<br />

com as pessoas está preservado.<br />

“Nunca vai superar o fato<br />

<strong>de</strong> ter alguma coisa concreta<br />

que a pessoa po<strong>de</strong> comprar, colecionar<br />

e se relacionar. Por mais<br />

que a tecnologia se modifique, o<br />

ser humano tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

afeto e <strong>de</strong> vínculo. E nós, adultos,<br />

<strong>de</strong>positamos atributos emocionais<br />

em um personagem que<br />

está fora da gente.”<br />

NeceSSIda<strong>de</strong> e crIaTIVIda<strong>de</strong><br />

A AlmapBBDO cria e adapta<br />

ao mercado brasileiro mascotes<br />

como os M&Ms Vermelho e<br />

Amarelo, e do Chester Cheetah,<br />

da Cheetos, criações globais<br />

das marcas. Mas a agência também<br />

tem seus filhotes, como<br />

os limõezinhos <strong>de</strong> Pepsi Twist,<br />

criados em 2002. Com personalida<strong>de</strong>s<br />

diferentes e bem sarcásticos,<br />

eles fizeram sucesso e<br />

voltaram para relançamento da<br />

bebida em 2017.<br />

Pernil, diretor-executivo <strong>de</strong><br />

criação da agência, não estava<br />

na casa quando ele nasceu,<br />

mas participou do retorno. “A<br />

personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les mudou um<br />

pouco no sentido <strong>de</strong> que algumas<br />

piadas já não podiam ser<br />

feitas mais para não gerar ruído<br />

ou preconceito. Mas a personalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um sacanear o<br />

outro quisemos manter. Foi um<br />

jeito <strong>de</strong> usar os mesmos personagens,<br />

mas, com o perdão do<br />

trocadinho, com um twist novo<br />

para ter algo que não seja mais<br />

do mesmo. O gran<strong>de</strong> erro <strong>de</strong> se<br />

ter um personagem é você usá-<br />

-lo sempre da mesma maneira,<br />

com a mesma piada. Por mais<br />

que a gente tenha uma cultura<br />

<strong>de</strong> bordão, <strong>de</strong> repetição, hoje<br />

as coisas estão muito mais dinâmicas”,<br />

diz.<br />

A lista <strong>de</strong> ícones que atravessaram<br />

gerações ou que nasceram<br />

nos últimos 20 anos é<br />

enorme. Muitos consumidores<br />

se acostumaram e reconhecem<br />

personagens como o Lek Trek,<br />

da Sadia, criado em 1971 por<br />

O urso-polar da Coca-Cola tem se atualizado constantemente, protagonizando, por exemplo, campanhas com realida<strong>de</strong> virtual<br />

“Tem <strong>de</strong> passar<br />

anos falando,<br />

Tendo a mesma<br />

mascoTe para<br />

que ela pegue<br />

e Tenha uma<br />

personalida<strong>de</strong>”<br />

Francesc Petit, da DPZ. O mesmo<br />

ocorre com Tony (Kellogg’s),<br />

Urso (Coca-Cola), Giraffinhas<br />

(Giraffas), Solzinho (Ri Happy)<br />

e Bocão (Royal), bem como outros<br />

que os nomes já entregam<br />

suas origens Dollynho, Ronald<br />

McDonald e Toddynho.<br />

No entanto, por mais que<br />

uma mascote possa ajudar diferentes<br />

marcas nos mais diversos<br />

segmentos, não significa que<br />

ela possa nem <strong>de</strong>va ser usada<br />

por todas as empresas. Maria<br />

aponta peculiarida<strong>de</strong>s a serem<br />

consi<strong>de</strong>radas. “É um tema que<br />

tem complexida<strong>de</strong>. Por exemplo,<br />

quando é algo relacionado<br />

ao público infantil e isso po<strong>de</strong><br />

ser um disfarce. Outra é com<br />

relação aos estereótipos, com a<br />

questão do politicamente correto.<br />

Quando a gente cria a mascote<br />

para uma campanha vale a<br />

pena pensar em tudo o que está<br />

ao redor”, diz. Do outro lado,<br />

também há atributos positivos,<br />

como o maior controle a respeito<br />

<strong>de</strong> atos e consequências.<br />

“Tem uma vantagem com relação<br />

às celebrida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carne e<br />

osso, porque não correm o risco<br />

<strong>de</strong> dar uma escorregada e fazer<br />

algo danoso para a imagem das<br />

marcas”, acrescenta.<br />

Segundo o CEO da Interbrand,<br />

o ponto <strong>de</strong> partida é<br />

sempre a estratégia da marca e<br />

o correto entendimento <strong>de</strong> com<br />

quem falar. Precisa <strong>de</strong> investimento,<br />

não só na sua criação,<br />

mas na manutenção e ter uma<br />

equipe <strong>de</strong> profissionais especializada<br />

para garantir seu sucesso<br />

e longevida<strong>de</strong>. Por isso, nem<br />

toda marca <strong>de</strong>ve a<strong>de</strong>rir ao seu<br />

uso. “Mascotes são a personificação<br />

do espírito da marca e não<br />

necessariamente a marca em si.<br />

É preciso levar em conta se esse<br />

é realmente o estilo daquela<br />

marca, se existe recurso financeiro<br />

para a construção <strong>de</strong>ste<br />

personagem e enten<strong>de</strong>r papel<br />

na comunicação”, diz.<br />

LoNGeVIda<strong>de</strong> e reSULTado<br />

A consistência e o foco também<br />

são fatores importantes<br />

nessa equação. Pernil afirma que<br />

ainda há exemplos <strong>de</strong> sucesso<br />

<strong>de</strong> mascotes, mas a quantida<strong>de</strong><br />

diminuiu. “Para funcionar, não<br />

adianta você ‘dar um tiro’. Tem<br />

<strong>de</strong> passar anos falando, tendo<br />

a mesma mascote para que ela<br />

pegue e tenha uma personalida<strong>de</strong>.<br />

E hoje em dia as pessoas<br />

e as empresas têm urgência. Já<br />

é muito difícil encontrar consistência<br />

<strong>de</strong> comunicação forte<br />

ao longo <strong>de</strong> dois, três anos. Ao<br />

longo <strong>de</strong> um ano uma empresa<br />

muda drasticamente.<br />

Com isso, as chances<br />

<strong>de</strong> ter uma mascote<br />

que vai perdurar<br />

já muda muito”,<br />

diz o criativo.<br />

Nesse sentido,<br />

Maria explica<br />

que as equipes<br />

das agências<br />

estão cada vez mais<br />

híbridas, com pessoas <strong>de</strong><br />

várias disciplinas, como da<br />

psicologia, formando times<br />

que trabalham nessas construções.<br />

Para ela, há espaço<br />

para a criação <strong>de</strong> novas mascotes<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que façam sentido<br />

Tony: bordão<br />

“greaaat!” foi<br />

traduzido como<br />

“<strong>de</strong>maaais”<br />

Fotos: Divulgação<br />

e consigam conviver bem com<br />

outras ferramentas <strong>de</strong> comunicação.<br />

“Quanto mais tiver consistência<br />

e manutenção na mídia,<br />

mais perdura sua imagem.<br />

Tem uns que <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir,<br />

porque a campanha mudou,<br />

a marca não existe mais, mudou<br />

a estratégia etc. Mas eu não diria<br />

que está em <strong>de</strong>suso, simplesmente<br />

a mascote compete com<br />

outras estratégias, que a partir<br />

da entrada da internet, se multiplicaram.<br />

A mascote é uma das<br />

possibilida<strong>de</strong>s.”<br />

A partir <strong>de</strong>sta semana, o site<br />

do PROPMARK estreia uma série<br />

<strong>de</strong> entrevistas com algumas<br />

das principais mascotes do país.<br />

As primeiras conversas são com<br />

Lek Trek, Urso, Giraffinhas,<br />

Tony e Toddynho. “As pessoas<br />

gostam <strong>de</strong> tirar selfies”, diz o<br />

frango da Sadia. Acompanhe.<br />

jornal propmark - <strong>24</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 75

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