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utilizada na comunicação como<br />
forma <strong>de</strong> gerar empatia entre as<br />
marcas e os seus diversos públicos,<br />
por meio da criação <strong>de</strong><br />
um personagem que traduz <strong>de</strong><br />
forma lúdica e/ou inspiradora<br />
os conceitos <strong>de</strong> comunicação da<br />
marca”, explica.<br />
Décadas se passaram entre os<br />
dois Friozinhos da Pernambucanas,<br />
e o elo com os consumidores<br />
permanece. Essa conexão é<br />
um dos pontos ressaltados por<br />
Maria Matuck, professora da<br />
ESPM e especialista em criativida<strong>de</strong><br />
na área <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />
propaganda. Para ela, por mais<br />
que a tecnologia evolua, o vínculo<br />
com as pessoas está preservado.<br />
“Nunca vai superar o fato<br />
<strong>de</strong> ter alguma coisa concreta<br />
que a pessoa po<strong>de</strong> comprar, colecionar<br />
e se relacionar. Por mais<br />
que a tecnologia se modifique, o<br />
ser humano tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
afeto e <strong>de</strong> vínculo. E nós, adultos,<br />
<strong>de</strong>positamos atributos emocionais<br />
em um personagem que<br />
está fora da gente.”<br />
NeceSSIda<strong>de</strong> e crIaTIVIda<strong>de</strong><br />
A AlmapBBDO cria e adapta<br />
ao mercado brasileiro mascotes<br />
como os M&Ms Vermelho e<br />
Amarelo, e do Chester Cheetah,<br />
da Cheetos, criações globais<br />
das marcas. Mas a agência também<br />
tem seus filhotes, como<br />
os limõezinhos <strong>de</strong> Pepsi Twist,<br />
criados em 2002. Com personalida<strong>de</strong>s<br />
diferentes e bem sarcásticos,<br />
eles fizeram sucesso e<br />
voltaram para relançamento da<br />
bebida em 2017.<br />
Pernil, diretor-executivo <strong>de</strong><br />
criação da agência, não estava<br />
na casa quando ele nasceu,<br />
mas participou do retorno. “A<br />
personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les mudou um<br />
pouco no sentido <strong>de</strong> que algumas<br />
piadas já não podiam ser<br />
feitas mais para não gerar ruído<br />
ou preconceito. Mas a personalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um sacanear o<br />
outro quisemos manter. Foi um<br />
jeito <strong>de</strong> usar os mesmos personagens,<br />
mas, com o perdão do<br />
trocadinho, com um twist novo<br />
para ter algo que não seja mais<br />
do mesmo. O gran<strong>de</strong> erro <strong>de</strong> se<br />
ter um personagem é você usá-<br />
-lo sempre da mesma maneira,<br />
com a mesma piada. Por mais<br />
que a gente tenha uma cultura<br />
<strong>de</strong> bordão, <strong>de</strong> repetição, hoje<br />
as coisas estão muito mais dinâmicas”,<br />
diz.<br />
A lista <strong>de</strong> ícones que atravessaram<br />
gerações ou que nasceram<br />
nos últimos 20 anos é<br />
enorme. Muitos consumidores<br />
se acostumaram e reconhecem<br />
personagens como o Lek Trek,<br />
da Sadia, criado em 1971 por<br />
O urso-polar da Coca-Cola tem se atualizado constantemente, protagonizando, por exemplo, campanhas com realida<strong>de</strong> virtual<br />
“Tem <strong>de</strong> passar<br />
anos falando,<br />
Tendo a mesma<br />
mascoTe para<br />
que ela pegue<br />
e Tenha uma<br />
personalida<strong>de</strong>”<br />
Francesc Petit, da DPZ. O mesmo<br />
ocorre com Tony (Kellogg’s),<br />
Urso (Coca-Cola), Giraffinhas<br />
(Giraffas), Solzinho (Ri Happy)<br />
e Bocão (Royal), bem como outros<br />
que os nomes já entregam<br />
suas origens Dollynho, Ronald<br />
McDonald e Toddynho.<br />
No entanto, por mais que<br />
uma mascote possa ajudar diferentes<br />
marcas nos mais diversos<br />
segmentos, não significa que<br />
ela possa nem <strong>de</strong>va ser usada<br />
por todas as empresas. Maria<br />
aponta peculiarida<strong>de</strong>s a serem<br />
consi<strong>de</strong>radas. “É um tema que<br />
tem complexida<strong>de</strong>. Por exemplo,<br />
quando é algo relacionado<br />
ao público infantil e isso po<strong>de</strong><br />
ser um disfarce. Outra é com<br />
relação aos estereótipos, com a<br />
questão do politicamente correto.<br />
Quando a gente cria a mascote<br />
para uma campanha vale a<br />
pena pensar em tudo o que está<br />
ao redor”, diz. Do outro lado,<br />
também há atributos positivos,<br />
como o maior controle a respeito<br />
<strong>de</strong> atos e consequências.<br />
“Tem uma vantagem com relação<br />
às celebrida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carne e<br />
osso, porque não correm o risco<br />
<strong>de</strong> dar uma escorregada e fazer<br />
algo danoso para a imagem das<br />
marcas”, acrescenta.<br />
Segundo o CEO da Interbrand,<br />
o ponto <strong>de</strong> partida é<br />
sempre a estratégia da marca e<br />
o correto entendimento <strong>de</strong> com<br />
quem falar. Precisa <strong>de</strong> investimento,<br />
não só na sua criação,<br />
mas na manutenção e ter uma<br />
equipe <strong>de</strong> profissionais especializada<br />
para garantir seu sucesso<br />
e longevida<strong>de</strong>. Por isso, nem<br />
toda marca <strong>de</strong>ve a<strong>de</strong>rir ao seu<br />
uso. “Mascotes são a personificação<br />
do espírito da marca e não<br />
necessariamente a marca em si.<br />
É preciso levar em conta se esse<br />
é realmente o estilo daquela<br />
marca, se existe recurso financeiro<br />
para a construção <strong>de</strong>ste<br />
personagem e enten<strong>de</strong>r papel<br />
na comunicação”, diz.<br />
LoNGeVIda<strong>de</strong> e reSULTado<br />
A consistência e o foco também<br />
são fatores importantes<br />
nessa equação. Pernil afirma que<br />
ainda há exemplos <strong>de</strong> sucesso<br />
<strong>de</strong> mascotes, mas a quantida<strong>de</strong><br />
diminuiu. “Para funcionar, não<br />
adianta você ‘dar um tiro’. Tem<br />
<strong>de</strong> passar anos falando, tendo<br />
a mesma mascote para que ela<br />
pegue e tenha uma personalida<strong>de</strong>.<br />
E hoje em dia as pessoas<br />
e as empresas têm urgência. Já<br />
é muito difícil encontrar consistência<br />
<strong>de</strong> comunicação forte<br />
ao longo <strong>de</strong> dois, três anos. Ao<br />
longo <strong>de</strong> um ano uma empresa<br />
muda drasticamente.<br />
Com isso, as chances<br />
<strong>de</strong> ter uma mascote<br />
que vai perdurar<br />
já muda muito”,<br />
diz o criativo.<br />
Nesse sentido,<br />
Maria explica<br />
que as equipes<br />
das agências<br />
estão cada vez mais<br />
híbridas, com pessoas <strong>de</strong><br />
várias disciplinas, como da<br />
psicologia, formando times<br />
que trabalham nessas construções.<br />
Para ela, há espaço<br />
para a criação <strong>de</strong> novas mascotes<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que façam sentido<br />
Tony: bordão<br />
“greaaat!” foi<br />
traduzido como<br />
“<strong>de</strong>maaais”<br />
Fotos: Divulgação<br />
e consigam conviver bem com<br />
outras ferramentas <strong>de</strong> comunicação.<br />
“Quanto mais tiver consistência<br />
e manutenção na mídia,<br />
mais perdura sua imagem.<br />
Tem uns que <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir,<br />
porque a campanha mudou,<br />
a marca não existe mais, mudou<br />
a estratégia etc. Mas eu não diria<br />
que está em <strong>de</strong>suso, simplesmente<br />
a mascote compete com<br />
outras estratégias, que a partir<br />
da entrada da internet, se multiplicaram.<br />
A mascote é uma das<br />
possibilida<strong>de</strong>s.”<br />
A partir <strong>de</strong>sta semana, o site<br />
do PROPMARK estreia uma série<br />
<strong>de</strong> entrevistas com algumas<br />
das principais mascotes do país.<br />
As primeiras conversas são com<br />
Lek Trek, Urso, Giraffinhas,<br />
Tony e Toddynho. “As pessoas<br />
gostam <strong>de</strong> tirar selfies”, diz o<br />
frango da Sadia. Acompanhe.<br />
jornal propmark - <strong>24</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 75