A Imitação de Cristo - Tomás de Kempis - paroquiasaobraz.com.br
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1. A alma: A<strong>br</strong>i, Senhor, meu coração à vossa lei, e ensinai-me o<<strong>br</strong> />
caminho <strong>de</strong> vossos preceitos. Fazei-me <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r a vossa<<strong>br</strong> />
vonta<strong>de</strong>, e <strong>com</strong> gran<strong>de</strong> reverência e diligente consi<strong>de</strong>ração<<strong>br</strong> />
rememorar os vossos benefícios, gerais ou particulares, para<<strong>br</strong> />
assim ren<strong>de</strong>r-vos por eles as <strong>de</strong>vidas graças. Bem sei e<<strong>br</strong> />
confesso que nem pelo menor benefício vos posso ren<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
condignos louvores e agra<strong>de</strong>cimentos. Eu me reconheço<<strong>br</strong> />
inferior a todos os bens que me <strong>de</strong>stes, e quando consi<strong>de</strong>ro<<strong>br</strong> />
vossa majesta<strong>de</strong>, abate-se meu espírito <strong>com</strong> o peso <strong>de</strong> vossa<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong>za.<<strong>br</strong> />
2. Tudo o que temos, na alma e no corpo, todos os bens que<<strong>br</strong> />
possuímos, internos e externos, naturais e so<strong>br</strong>enaturais,<<strong>br</strong> />
todos são benefícios vossos, e outras tantas provas <strong>de</strong> vossa<<strong>br</strong> />
bonda<strong>de</strong>, liberalida<strong>de</strong> e muníficência, que <strong>de</strong> vós todos os bens<<strong>br</strong> />
recebemos. E ainda que este receba mais e outros menos, tudo<<strong>br</strong> />
é vosso, e sem vós ninguém po<strong>de</strong> alcançar a menor coisa. E<<strong>br</strong> />
aquele que recebeu mais não po<strong>de</strong> gloriar-se <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />
merecimento, nem elevar-se acima dos outros, nem <strong>de</strong>sprezar<<strong>br</strong> />
o menor; porque só é maior e melhor aquele que menos atribui<<strong>br</strong> />
a si, e é mais humil<strong>de</strong> e fervoroso em vos agra<strong>de</strong>cer. E quem se<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>ra mais vil e se julga o mais indigno <strong>de</strong> todos é o mais<<strong>br</strong> />
apto para receber maiores dons.<<strong>br</strong> />
3. O que, porém, recebeu menos não <strong>de</strong>ve afligir-se, nem queixarse,<<strong>br</strong> />
nem ter inveja do mais rico; olhará, ao contrário, para vós,<<strong>br</strong> />
e louvará vossa bonda<strong>de</strong>, que tão copiosa e liberalmente<<strong>br</strong> />
prodigalizais vossas dádivas, sem acepção <strong>de</strong> pessoas. De vós<<strong>br</strong> />
nos vêm todas as coisas; por todas, pois, <strong>de</strong>veis ser louvado.<<strong>br</strong> />
Vós sabeis o que é conveniente dar a cada um, e não nos<<strong>br</strong> />
pertence indagar por que este tem menos, aquele mais; só vós<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>is avaliar os merecimentos <strong>de</strong> cada um.<<strong>br</strong> />
4. Por isso, Senhor meu Deus, consi<strong>de</strong>ro <strong>com</strong>o gran<strong>de</strong> benefício o<<strong>br</strong> />
não ter eu muitas coisas que trazem a glória exterior e os<<strong>br</strong> />
humanos louvores. Portanto, ninguém, à vista <strong>de</strong> sua po<strong>br</strong>eza<<strong>br</strong> />
e da vileza <strong>de</strong> sua pessoa, <strong>de</strong>ve conceber, por isso, <strong>de</strong>sgosto,<<strong>br</strong> />
tristeza ou <strong>de</strong>salento, senão gran<strong>de</strong> alegria e consolo, porque<<strong>br</strong> />
vós, Deus meu, escolheste por vossos particulares e íntimos<<strong>br</strong> />
amigos os po<strong>br</strong>es, os humil<strong>de</strong>s e os <strong>de</strong>sprezados <strong>de</strong>ste mundo.<<strong>br</strong> />
Testemunho disto são vossos apóstolos, a quem constituístes<<strong>br</strong> />
príncipes so<strong>br</strong>e a terra. Todavia, viveram neste mundo tão sem<<strong>br</strong> />
queixa, tão humil<strong>de</strong>s e <strong>com</strong> tanta singeleza da alma, tão sem<<strong>br</strong> />
malícia ou dolo, que se alegravam <strong>de</strong> sofrer contumélias por<<strong>br</strong> />
vosso nome, e <strong>com</strong> gran<strong>de</strong> afeto a<strong>br</strong>açavam o que o mundo<<strong>br</strong> />
aborrece.