Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...
Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...
Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1 BIOGRAFIA E MILITÂNCIA POLÍTICA DO ESCRITOR GRACILIANO RAMOS<br />
O escritor Graciliano Ramos nasceu em 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1892, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Quebrângulo, no Estado <strong>de</strong> Alagoas. O regime familiar era severo, as crianças<br />
viviam presas em casa, sem po<strong>de</strong>r sair, como que numa prisão (RAMOS, 1979, p.<br />
36-45).<br />
O pai <strong>de</strong> Graciliano Ramos era um homem miúdo, que se casou com a filha<br />
<strong>de</strong> um criador <strong>de</strong> gado, e obe<strong>de</strong>cendo os conselhos <strong>de</strong> sua mãe, comprou uma<br />
fazen<strong>da</strong> em Buíque, Pernambuco, e se mudou para lá com to<strong>da</strong> a família. A seca<br />
matou o gado, e seu Sebastião Ramos <strong>de</strong> Oliveira abriu uma loja na vila <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
por volta <strong>de</strong> 1895.<br />
A mãe, Maria Amélia Ferro e Ramos, concebeu <strong>de</strong>zesseis filhos, sendo<br />
Graciliano seu primogênito. Era uma senhora enfeza<strong>da</strong>, agressiva e ranzinza. Em<br />
raros momentos <strong>de</strong> ternura e afeição por Graciliano, a mãe o <strong>de</strong>clarava “um animal”,<br />
por causa dos questionamentos sobre cometas ou o fogo do inferno.<br />
Graciliano Ramos sofria <strong>da</strong> vista, e tinha consciência <strong>de</strong> que este fato<br />
contribuía para um certo <strong>de</strong>sprezo e impaciência que as pessoas sentiam por ele,<br />
principalmente sua mãe, que o a<strong>pel</strong>idou, em uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> bastante cruel<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
“bezerro-encourado” e “cabra cega”.<br />
A solidão <strong>da</strong> cegueira provisória fez com que o menino Graciliano percebesse<br />
o gran<strong>de</strong> valor <strong>da</strong>s palavras, ouvindo as cantigas <strong>da</strong> mãe a as histórias que lhe eram<br />
conta<strong>da</strong>s.<br />
A alfabetização inicia<strong>da</strong> em casa foi se arrastando ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a infância<br />
<strong>de</strong> Graciliano. A cartilha foi aprendi<strong>da</strong> no próprio lar, e o primeiro livro foi lido na<br />
escola em apenas uma semana. Porém, a partir do segundo livro, a leitura foi se<br />
tornando ca<strong>da</strong> vez mais difícil (LEITÃO, 2003, p. 121).<br />
Aos nove anos, Graciliano era um quase analfabeto, e se consi<strong>de</strong>rava menos<br />
feliz que as crianças vizinhas a sua casa. Estas usavam roupas limpas, riam alto e<br />
freqüentavam escolas <strong>de</strong>centes, ao contrário <strong>da</strong> sua, que possuía bancos estreitos e<br />
sem encosto. Estes bancos, quando eram lavados, ficavam molhados por dias, e os<br />
alunos eram obrigados a sentar na ma<strong>de</strong>ira molha<strong>da</strong>. A professora, segundo o autor,<br />
uma “mulata sarará enjoa<strong>da</strong> e enxeri<strong>da</strong>”, ensinava as lições <strong>de</strong> tal forma que os