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Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

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O filme foi lançado em 1963, sob o prisma <strong>da</strong> estética <strong>da</strong> fome, um dos<br />

preceitos realísticos do Cinema Novo. O personagem Fabiano e a família se<br />

apresentam no filme, assim como no romance, como seres discretos e submissos<br />

em relação ao trabalho, à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra, às instituições, à repressão policial, à<br />

submissão e à violência. Assim como no hipotexto já focado anteriormente, os<br />

personagens no hipertexto também apresentam fortes marcas socialistas.<br />

As filmagens tiveram início em 1962. O cineasta Nélson Pereira e sua equipe<br />

viajaram para Palmeira dos Índios, ci<strong>da</strong><strong>de</strong> natal <strong>de</strong> Graciliano Ramos, para trabalhar<br />

na a<strong>da</strong>ptação. A maior parte do elenco que compôs o filme era oriundo <strong>da</strong> própria<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. O ator Jofre Soares, um ex-militar apaixonado <strong>pel</strong>a arte <strong>de</strong> interpretar, vivia<br />

na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, e trabalhou na produção do filme. Sua tarefa principal era arrumar<br />

pessoas que se dispusessem a compor o elenco, e acabou, ele próprio compondo-o,<br />

interpretando o fazen<strong>de</strong>iro e lançando-se a uma respeitável carreira nacional.<br />

O personagem <strong>de</strong> sinha Vitória foi vivido por Maria Ribeiro, que era técnica <strong>de</strong><br />

um laboratório cinematográfico, e apenas os personagens <strong>de</strong> Fabiano e do sol<strong>da</strong>do<br />

amarelo foram vividos por atores profissionais: Átila Iório e Orlando Macedo,<br />

respectivamente.<br />

A transposição <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>s secas gerou o primeiro longa-metragem a mostrar<br />

ao restante do país, sem retoques ou quaisquer mistificações, a miséria e a fome<br />

dos sertanejos nor<strong>de</strong>stinos, causa<strong>da</strong>s <strong>pel</strong>a ganância latifundiária e <strong>pel</strong>o problema<br />

<strong>da</strong>s constantes secas que assolavam e ain<strong>da</strong> assolam a região.<br />

A recepção pública do filme teve duas vertentes totalmente divergentes entre<br />

si. Para os críticos, o filme foi um marco, uma obra-prima. Para o público, a massa<br />

em geral, o filme foi consi<strong>de</strong>rado ruim, incompreensível, já que se afastava muito <strong>da</strong>s<br />

chancha<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Atlânti<strong>da</strong>, ou dos filmes que a Vera Cruz produzia, à base <strong>de</strong><br />

enlatados americanos.<br />

O não-entendimento do filme po<strong>de</strong> ter sido resultado <strong>da</strong> inserção do <strong>de</strong>bate<br />

político na obra, que abrangia, <strong>de</strong>ntre outros aspectos, o problema social no Brasil.<br />

Era a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira face do brasileiro pobre e nor<strong>de</strong>stino que estava sendo mostra<strong>da</strong>, e<br />

diferentemente do habitual, <strong>de</strong> forma muito realista.<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cupagem iniciado no Cinema Novo, aliado ao uso <strong>de</strong> planos<br />

mais abertos, mais longos, e cortes secos, utilizados numa tentativa <strong>de</strong> transpor a<br />

fragmentação espacial <strong>da</strong> obra, além <strong>de</strong> uma preocupação com o continuum do fato<br />

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