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Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

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O cenário <strong>de</strong>sencantado, envolto em vermelho e amarelo, que retoma <strong>de</strong>ntre<br />

outros aspectos labare<strong>da</strong>s <strong>de</strong> fogo, bem como a imagem do inferno, trazem na sua<br />

essência a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o Nor<strong>de</strong>ste real que o autor tanto buscava. A utilização<br />

<strong>da</strong>s cores é expressiva, consciente, estilística (MIRANDA, 2004, p.46).<br />

Segundo Genette (1976, p. 55) “a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>scrição é transmitir uma<br />

impressão sensorial. Daí a importância <strong>de</strong> saber selecionar os <strong>de</strong>talhes, analisá-los<br />

e reagrupá-los, a fim <strong>de</strong> conseguir uma imagem expressiva”. Os <strong>de</strong>talhes do meio<br />

físico que são mostrados na obra fazem com que o leitor tenha a noção exata <strong>de</strong><br />

que o mesmo é mais um agressor <strong>da</strong> família. A seca, <strong>de</strong>terminante no ciclo que<br />

envolve o sertanejo, é o seu algoz.<br />

A natureza castiga a família, que além <strong>de</strong> sofrer com a seca, mais adiante é<br />

acua<strong>da</strong> <strong>pel</strong>a chuva. A inun<strong>da</strong>ção que matava o gado e cobria os currais era vista <strong>de</strong><br />

duas formas antagônicas por Fabiano e sua mulher. Enquanto ele, feliz com a<br />

chuva, tentava contar histórias incompreensíveis para os meninos, sinha Vitória<br />

(representação <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> família) temia que a água invadisse a casa,<br />

obrigando-os a morar em um morro, como bichos, numa comparação entre animais<br />

e seres humanos, igualados na tentativa <strong>de</strong> sobreviver às agruras do clima.<br />

3.1.4 Questão dos personagens<br />

Os personagens criados por Graciliano para compor a obra Vi<strong>da</strong>s secas são<br />

a representação exata <strong>da</strong> economia do autor, em relação a tudo que não se<br />

mostrasse estritamente necessário para que a mensagem embuti<strong>da</strong> no livro pu<strong>de</strong>sse<br />

ser entendi<strong>da</strong>. Segundo Cândido, o personagem vive o enredo e as idéias, e os<br />

torna vivos:<br />

Ele representa a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são afetiva e intelectual do leitor,<br />

<strong>pel</strong>os mecanismos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, projeção, transferência. E é ain<strong>da</strong> o<br />

que há <strong>de</strong> mais vivo no romance. A leitura <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> aceitação <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> personagem por parte do leitor. (2005, p. 65).<br />

Ca<strong>da</strong> personagem <strong>da</strong> obra ganhou para si um capítulo, que indiretamente não<br />

servia para homenageá-los em separado, mas para mostrar que apesar <strong>de</strong> viverem<br />

juntos, <strong>de</strong> serem uma família, os mesmos viviam encarcerados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu mundo<br />

particular. Eram solitários.<br />

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