Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...
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O ato <strong>de</strong> ler exige, <strong>de</strong>ntre outras capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, percepção, conhecimento <strong>de</strong><br />
mundo (para que se possa compreen<strong>de</strong>r as nuances narrativas que fatalmente<br />
estarão embuti<strong>da</strong>s no texto) e paciência, principalmente.<br />
O cinema, porém, po<strong>de</strong> não exigir tamanho preparo, já que abarca dois tipos<br />
<strong>de</strong> espectadores. O tipo mais incomum é aquele interessado na arte<br />
cinematográfica. A este público são reserva<strong>da</strong>s poucas salas, por se tratar <strong>de</strong> um<br />
grupo pouco numeroso, sendo o retorno financeiro que provém <strong>de</strong>le muito pequeno.<br />
O segundo tipo, bem mais numeroso, é o que enxerga o cinema <strong>pel</strong>o prisma<br />
do divertimento. Para ele o fator mais importante do filme não é o diretor ou o<br />
enredo, e sim o elenco. Quanto mais famosas são as estrelas envolvi<strong>da</strong>s na<br />
produção, mais sucesso ela faz. Estes filmes comerciais são compostos na sua<br />
quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por obras <strong>de</strong> fácil entendimento, feitas unicamente para agra<strong>da</strong>r,<br />
sem questionar, o maior número possível <strong>de</strong> pessoas, com o único objetivo <strong>de</strong><br />
geração <strong>de</strong> lucros com o entretenimento propiciado.<br />
Enquanto o admirador cinematográfico busca a arte <strong>pel</strong>a arte, o espectador<br />
casual enxerga o cinema como apenas mais uma forma <strong>de</strong> distração. “Para a<br />
massa, a obra <strong>de</strong> arte seria objeto <strong>de</strong> diversão, e para o conhecedor, objeto <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>voção” (BENJAMIN, 1985, p.15).<br />
O gran<strong>de</strong> problema que surge <strong>de</strong>ssa dicotomia entre os espectadores é que<br />
os filmes produzidos para o grupo seleto não têm a<strong>pel</strong>o às massas. O gran<strong>de</strong><br />
público, por sua vez, por estar plenamente a<strong>da</strong>ptado e acomo<strong>da</strong>do ao pouco que lhe<br />
é oferecido, não amplia seus horizontes, portanto, não apura seu gosto.<br />
A diferença <strong>de</strong> nível entre os produtos não constitui, a priori, uma diferença <strong>de</strong><br />
valor, mas sim uma diferença <strong>de</strong> relação fruitiva, na qual ca<strong>da</strong> leitor/espectador<br />
alterna<strong>da</strong>mente se coloca. Assim:<br />
Para o espectador inserido na cultura <strong>de</strong> massa, ler um livro ten<strong>de</strong> a ser<br />
uma tarefa muito árdua, por isso ele vai ao cinema, buscando prazer<br />
momentâneo, livre <strong>da</strong>s reflexões e digressões que o texto <strong>liter</strong>ário e o<br />
cinema arte oferecem, e que ele provavelmente não alcançaria. A<br />
comunicação <strong>de</strong> massa dirige-se, portanto, a uma totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
consumidores dificilmente redutíveis a um mo<strong>de</strong>lo unitário, estabelecendose,<br />
<strong>de</strong> forma empírica, harmoniosamente com circunstâncias históricas e<br />
sociológicas, bem como com diferenciações do público receptor (ECO<br />
1976, p.74).<br />
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