16.04.2013 Views

Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Po<strong>de</strong>-se perceber também a utilização bastante lógica <strong>da</strong>s elipses, um<br />

recurso bastante viável na contenção <strong>de</strong> vocábulos, como, por exemplo, no trecho:<br />

“Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a com pedras, matou a se<strong>de</strong> <strong>da</strong> família”<br />

(RAMOS, 2000, p. 15) e <strong>da</strong>s onomatopéias, utiliza<strong>da</strong>s no que se referia ao falar dos<br />

personagens e ao barulho, por exemplo, <strong>da</strong>s sandálias do sertanejo (“chape-chape”)<br />

(RAMOS, 2000, p.19).<br />

A sinestesia, casando cores e sentidos, e a justaposição <strong>de</strong> orações<br />

coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s, como representação <strong>de</strong> morosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstram, <strong>de</strong>ntre outros<br />

aspectos, a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do autor, que ao empregar estes tipos <strong>de</strong> recursos<br />

estilísticos, permite ao leitor interpretações muito mais livres e criativas <strong>da</strong> sua obra<br />

<strong>liter</strong>ária, levando a leitura <strong>da</strong> mesma para o campo do figurado, do original. O estilo<br />

próprio <strong>de</strong> escrever é "uma linguagem autárquica que mergulha na mitologia pessoal<br />

e secreta do autor" (BARTHES, 1970, p.34).<br />

O autor Graciliano, apesar <strong>de</strong> não ter cursado nenhuma facul<strong>da</strong><strong>de</strong>, era um<br />

autodi<strong>da</strong>ta, tinha um conhecimento profundo <strong>de</strong> gramática, e o aplicava em suas<br />

obras, porém sutilmente, surpreen<strong>de</strong>ndo leitores mais atentos que conseguem<br />

perceber o jogo <strong>de</strong> palavras intencionalmente montado.<br />

Os tempos verbais sofrem variações <strong>de</strong> conjugação conforme o efeito que o<br />

autor quer atingir. Ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a narrativa, po<strong>de</strong>-se observar a colocação <strong>de</strong><br />

verbos no pretérito perfeito do indicativo e no imperfeito, conjugados tanto no modo<br />

indicativo quanto no subjuntivo, além <strong>de</strong> verbos no presente. Uma leitura atenta <strong>da</strong><br />

obra faz com que um estranhamento aconteça, levando a um questionamento sobre<br />

a utilização <strong>de</strong>ssas formas verbais, numa tentativa <strong>de</strong> eluci<strong>da</strong>r os motivos que<br />

levaram o autor a trabalhar <strong>de</strong>sta maneira. Que razão lógica ele haveria <strong>de</strong> ter<br />

seguido?<br />

De acordo com Bechara (2003, p.221), os tempos do verbo são: presente, em<br />

referência a fatos que se passam ou se esten<strong>de</strong>m ao momento em que falamos.<br />

Pretérito, que faz referência a fatos anteriores ao momento em que falamos,<br />

subdividindo-se em imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito; e futuro, em referência a<br />

fatos ain<strong>da</strong> não realizados, subdivididos em futuro do presente e do pretérito. Os<br />

modos do verbo po<strong>de</strong>m ser indicativo, em referência a fatos verossímeis, ou tidos<br />

como tal, e subjuntivo, em referência a fatos incertos, classificação conforme a<br />

posição do falante em face <strong>da</strong> relação entre a ação verbal e seu agente.<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!