Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

O Cinema Novo reunia jovens cineastas, principalmente do Rio de Janeiro,
São Paulo e Bahia, interessados em produzir filmes de baixo custo, feitos de forma
independente, onde a intenção primordial era a de retratar a realidade brasileira o
mais claramente possível, além de fazer uma oposição declarada à imitação que se
fazia até então de padrões cinematográficos norte-americanos. Outra intenção do
movimento era a de ressaltar a importância do autor e rejeitar, dessa maneira, o
predomínio do produtor e da indústria cinematográfica.
O lema deste grupo era “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”, e a
partir daí uma gama de filmes nacionais engajados passou a ser produzida,
deixando para trás muitos anos de alienação:
Os filmes não pretendiam tratar em específico do camponês nordestino ou
da violência dos cangaceiros. Procuravam dar uma visão abrangente dos
problemas básicos da sociedade brasileira e, pode-se acrescentar, do
Terceiro Mundo em geral. Esse esforço intencional para alcançar uma
compreensão global do social subdesenvolvido era algo totalmente novo no
cinema brasileiro. Intencionalmente, também, estes filmes deviam levar a
um público popular informações que o conscientizassem de sua situação
social. Problemas diversos (distribuição, questão da temática e da
linguagem, etc.) dificultaram sobremaneira o acesso o acesso dos filmes ao
público (BERNADET, 1991, p.95).
Os grandes destaques desta busca pela verdade sociológica no cinema
brasileiro foram, dentre outros, Glauber Rocha, Ruy Guerra e Nélson Pereira dos
Santos.
O ano de 1964 representou o grande marco do Cinema Novo. Nele foram
lançadas três grandes obras, relacionadas diretamente ao resgate cultural e social
no país: Vidas secas (Nélson Pereira dos Santos, 1964), obra adaptada do romance
homônimo de Graciliano Ramos; Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha,
1964) e Os fuzis (Ruy Guerra, 1964).
3.2.2 Transposição cinematográfica, fidelidade e cultura de massa
A idéia da transposição acompanha o cinema desde primórdios. Porém, a
forma como este movimento foi percebido foi se transformando de simples cópia até
o que representa hoje: oportunidade de interligação e intertextualidade.
No momento em que uma obra deixa de ser somente um hipotexto, e passa a
condição de hipertexto, uma gama de modificações acontece, a fim de se preservar
a essência da obra-base na releitura. A adaptação seria, portanto, o processo onde
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